Baixe e instale a(s) fonte(s) indispensável(is) para ver o sânscrito em toda a sua glória Leia Transliterando (2) (português) para entender completamente o sistema de transliteração. |
Aprendendo Sânscrito - Mantra-s Sagrados 2
O Sânscrito e os Mantra-s
Introdução
Olá, Gabriel Pradīpaka mais uma vez. O que é o Sânscrito? O Sânscrito é uma língua originalmente falada pelos nobres e sacerdotes da Índia. Não era permitido que falassem Sânscrito as pessoas comuns que pertenciam às duas castas mais baixas. O Sânscrito foi sempre uma língua de mistério, espiritualidade e coisas similares. A palavra Sânscrito é escrita como "Saṁskṛta" na língua original. O termo "Prākṛta" é utilizado para designar qualquer idioma regional ou vernáculo derivado do Sânscrito de alguma maneira. Por exemplo, Hindī (uma das línguas oficiais faladas na Índia).
Cada uma das letras do alfabeto Sânscrito foi projetada com grande cuidado. Por sua vez, também se deu atenção especial aos padrões sonoros. Na verdade, o próprio termo "Saṁskṛta" significa "polido", o que mostra claramente o que falei antes, ou seja, que foi criado com cuidado. Por essa razão, também se deve ser cuidadoso ao escrever e pronunciar suas letras, de modo que se possam obter os resultados desejados. As vogais, em especial, contêm poderes formidáveis que se manifestam se forem escritas e pronunciadas corretamente. Os caracteres e seus sons inerentes são verdadeiros veículos para chegar a estados específicos de consciência, certamente.
O alfabeto Sânscrito contêm, geralmente, 48 letras (15 vogais e 33 consoantes). Às vezes, adiciona-se a vogal "ḹ". Dessa forma, haveria 49 letras (16 vogais e 33 consoantes). No alfabeto oficial desse website, não incluí a vogal "ḹ", porque é praticamente um caracter "inventado" para manter a ordem "curta-longa" (a, ā, i, ī, u, ū, ṛ, ṝ, ḷ...). Como você pode ver, "ḷ" ficaria sem sua correspondente longa, e, dessa forma, foi necessário adicionar "ḹ" à lista, por uma questão de coerência. Às vezes, adiciona-se inclusive o conjunto "kṣa" ("ka" mais "sa") ao alfabeto como uma mera consoante. "Ḹ" pode ser ou não incluído. Portanto, agora a quantidade é 49 letras (15 e 34 consoantes - sem incluir ḹ), ou, ainda, 50 letras (16 vogais e 34 consoantes - incluindo ḹ). Entre as 15 ou 16 vogais, como preferir, existem 8 vogais que são muito auspiciosas. Por "auspiciosas", quero dizer "edificantes", ou seja, que conduzem ao alcance da meta espiritual.
O principal ponto que você deve ter em mente quando se trata de Sânscrito é "escrevê-lo e pronunciá-lo de maneira adequada", como eu disse antes. Isso é verdadeiro respeito à língua sagrada, que produz resultados apropriados. A palavra "respeito" também tem outras conotações e implicações, é claro: "Aprender tanto quanto seja possível em um dado momento e usar esse conhecimento como uma espécie de degrau na escada do aprendizado". Deve-se fazer o melhor possível para superar as dificuldades inerentes que emergem quando se aprende a escrever e pronunciar essa língua. Como o Sânscrito é o "armazém" que contêm os estados divinos de consciência que todos os yogī-s e yoginī-s se esforçam para alcançar, dará às pessoas que o tratarem com respeito e cuidado tudo o que desejarem obter. O Sânscrito é uma língua sagrada, é o Supremo Ser manifestando-se na forma de símbolos e sons. Quem o aborda com essa atitude correta colhe abundantes frutos espirituais. Por sua vez, quem o aborda meramente como se fosse outro idioma a ser aprendido certamente não tirará o máximo proveito dele.
Tudo e todos são o Ser Supremo, mas nem todos os Seus aspectos e manifestações revelam Sua verdadeira natureza. O Sânscrito, por ser uma língua sagrada, é um dos aspectos que revelam Sua recôndita essência. Dessa forma, à medida que pratica pronúncia e escrita sânscrita, incríveis mistérios serão revelados a você, até que atinja o estado que é tão difícil de alcançar, ou seja, iluminação espiritual. A iluminação espiritual é simplesmente o dar-se conta da própria real natureza. Quando alguém se dá conta de quem realmente é, diz-se que atingiu iluminação espiritual. Esse dar-se conta emerge inicialmente como um repentino lampejo de consciência, e normalmente dura um curto tempo. Depois, os lampejos vão aparecendo com mais frequência, até que se tornem uma experiência permanente, e essa condição é conhecida como iluminação permanente.
Portanto, para alcançar esse estado iluminado por meio do estudo de Sânscrito, a sua pronúncia e escrita devem melhorar gradativamente até que se tornem polidas e perfeitas. O processo é lento e gradual, sem dúvida: 1) Aprender a escrever e pronunciar as letras. 2) Aprender a pronunciar palavras de maneira fluente, primeiro lendo texto transliterado e depois em Sânscrito original. Leva algum tempo para aprender tudo isso, mas por que a pressa? Não comece a pensar "Bem, se pronuncio ou escrevo essa letra dessa maneira ou de outra, não faz nenhuma diferença". Não, cada letra deve ser escrita e pronunciada adequadamente para produzir o efeito desejado.
Algumas pessoas afirmam que não é importante pronunciar Sânscrito perfeitamente quando recitam ou cantam textos sagrados. De qualquer forma, se alguém que não conhece a maneira correta de pronunciar Sânscrito cantar nessa língua, não poderá ser culpado por isso, pois não conhece nada sobre Sânscrito. Entretanto, se alguém conhecer a importância da correta pronúncia mas não se esforçar para pronnunciar de maneira adequada por pura preguiça, estará cometendo um grave erro e certamente poderá ser culpado por isso. Todo conhecimento envolve responsabilidade por parte de quem o obtém.
Com relação às pessoas que não sabem como pronunciar adequadamente, seria melhor que cantassem em qualquer outra língua que não seja Sânscrito, como português, pelo menos até que aprendam a pronunciar bem. Uma vantagem adicional de seguir esse curso de ação é que saberiam o significado do que estão cantando. Já ouvi que muitas pessoas desse tipo alegam que, quando cantam, experimentam estados divinos. Pode ser que isso seja verdade, certamente. Não estão mentindo... mas a causa desses estados não é estarem cantando Sânscrito, e sim o amor pela sua deidade escolhida, guru etc. Mesmo se cantassem em português, teriam experimentado a mesma coisa, tenha certeza disso.
Por outro lado, quando alguém pronuncia o Sânscrito perfeitamente ao cantar, o efeito é imediato e inexorável, independente de se existe amor por alguma deidade, guru, etc. O efeito depende do tipo de canto que está sendo executado. Existem cantos que estimulam o conhecimento de si mesmo, enquanto outros têm a ver com a devoção, e coisas assim. Por exemplo, a letra "u" está relacionada com o aumento de conhecimento. Portanto, se um texto tiver muitas letras "u", tem provavelmente a intenção de desenvolver o conhecimento de quem o recitar ou cantar. Entendeu? O Sânscrito, quando pronunciado corretamente, produz um efeito concreto sobre as pessoas. Nesse caso, não há nenhuma necessidade de fé, amor ou coisas assim.
Se não houver interesse em aprender a pronúncia correta a partir de um professor competente, qual o objetivo de cantar em Sânscrito? Seria melhor que cantasse em português. Por exemplo, um fragmento do hino nacional da Argentina, meu país:
"Oíd mortales el grito sagrado: ¡Libertad, Libertad, Libertad! Oíd el ruido de rotas cadenas, ved el trono..."
Imagine um falador de inglês cantando esse hino mesmo sem conhecer nada sobre a língua espanhola. Bem, seria um desastre! As pessoas daqui morreriam de rir. Não seria nem espanhol, nem inglês, nem nada, só um barulho. Seria melhor que ele conseguisse uma tradução desse hino em inglês, pelo menos até que aprendesse a pronunciar espanhol adequadamente de um menino latino como eu, hehe:
"Oh mortal ones, hear the sacred cry: Freedom, Freedom, Freedom! Hear the sound of chains being broken, see the throne..."
OK, essa provavelmente não é a melhor tradução do hino. Brincadeiras à parte, pelo menos ele entenderia o significado do que está cantando. Da mesma forma, quando alguém que não sabe pronunciar Sânscrito adequadamente recita ou canta nessa língua... é um verdadeiro desastre! O que mais eu poderia dizer?
O requisito mínimo para recitar ou cantar em Sânscrito é conhecer a pronúncia e sua importância inerente. Se uma pessoa não estiver disposta a aprender a pronunciar de maneira adequada, o seu canto será só um grasnado, ainda que acredite estar cantando como um grande Brāhmaṇa (um sacerdote), hehe.
Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.
Śikṣā: A ciência da pronúncia
O Sânscrito é geralmente escrito utilizando caracteres Devanāgarī. Em geral, enquanto alguém não conhecer os caracteres originais e consequentemente não souber escrever em Sânscrito, é conveniente utilizar transliteração. Existem vários tipos de transliteração (Para mais informação, ver os documentos de Transliterando). Os sistemas de transliteração mais populares são: IAST, ITRANS e Harvard Kyoto. O primeiro (isto é, IAST) utiliza marcas diacríticas, isto é, uma série de caracteres "extra" (por exemplo, ponto, hífen, etc.), e os dois outros fazem uso de maiúsculas e outros "truques". Por quê? Simples: no alfabeto latino utilizado pelo português, espanhol, inglês, francês, etc., há cerca de 27 a 29 caracteres. Obviamente, depende da língua que usa esse alfabeto. Por exemplo: o inglês não usa "ç", que é utilizado frequentemente em português. Além dessas diferenças, o problema é que o Sânscrito contém 48 (o que se usa nesse website) ou 49 (se for incluído o "ḹ") ou 50 (se forem incluídos a vogal "ḹ" e o conjunto "kṣa"). Dessa forma, a Devanāgarī contém cerca de 20 caracteres a mais que o alfabeto latino, e essa diferença é um problema a ser superado.
A solução está em inventar, de alguma forma, esses caracteres adicionais. Por exemplo, em Sânscrito, existem três letras "n". O primeiro "n" é nasal como em "pingo", o segundo é cerebral como em "carne" (com o "r" como no sotaque paulista) e o último é dental como em "nome". Essas três letras "n" possíveis são representadas como um único caracter "n" no alfabeto latino, mas, em Sânscrito, cada uma delas tem o seu respectivo caracter. Sim, mesmo o caracter "ñ" em Devanāgarī pode ser considerado como um "n" antes de uma palatal (por exemplo, Patañjali), mas isso não é relevante na minha explicação atual. Portanto, cada sistema de transliteração implementou uma solução diferente para o problema de representar as três consoantes sânscritas "n":
ALFABETO DE TRANSLITERAÇÃO | "N" GUTURAL | "N" CEREBRAL | "N" DENTAL |
IAST | n | ||
ITRANS | ~N | N | n |
Harvard Kyoto | G | N | n |
Em Primeiros Passos (4) e Primeiros Passos (5), expliquei como cada letra sânscrita está associada a um determinado e preciso tattva ou categoria da manifestação. Portanto, se uma pessoa pronunciar Sânscrito corretamente, gerará um padrão sonoro apropriado. Por sua vez, esse padrão sonoro permitirá a ela conectar-se com esses tattva-s de maneira adequada. Obviamente, essa pessoa geralmente vai desejar estar conectada com tattva-s superiores (tattva-s 1, 2, 3, 4 e 5). Por exemplo, para que uma antena receba um tipo de onda de rádio em particular, ela deve estar oscilando na mesma frequência que a onda, ou não haverá nenhuma conexão. Da mesma forma, se uma pessoa deseja conectar-se a um nível superior de Realidade, deve estar vibrando na mesma frequência que o nível de Realidade que deseja alcançar. É simples. De qualquer maneira, se você apenas "grasnar", não ouvirá nada no seu rádio.
Anteriormente, mencionei a presença de 8 vogais divinas no alfabeto sânscrito. Agora, vamos estudá-las em detalhes [também, consulte Primeiros Passos (4) e Primeiros Passos (5) para obter uma informação mais detalhada]:
Clique nas miniaturas
a |
ā |
i |
u |
e |
ai |
o |
au |
- Cada vogal foi transliterada utilizando IAST nesse caso (a, ā, etc.).
A
Essa vogal é a primeira letra do alfabeto sânscrito e, portanto, é a mais importante. Simboliza Śiva (tattva ou categoria 1 no Trika), o Ser Supremo, que está cheio de Cicchakti (Cit-śakti) ou o Poder da Consciência. É a Testemunha de todas as atividades, e o aspecto estático da Divindade. Dessa forma, quando se repete "a" com plena consciência da sua natureza, alcança-se exatamente isso, isto é, Śiva.
Ā
Essa vogal é a contraparte de "a". É o mesmo "a" (Śiva), mas aparecendo agora como duplo. Esse alongamento indica uma "expansão" de "a". Em outras palavras, "ā" simboliza Śakti (tattva ou categoria 2 no Trika), o Supremo Poder de Śiva, que está cheio de Ānandaśakti ou o Poder da Bem-Aventurança. É a consciência do Eu, e o aspecto dinâmico da Divindade. Dessa forma, quando se repete "ā" com plena consciência da sua natureza, alcança-se exatamente isso, isto é, Śakti.
I
Essa vogal é a primeira expressão de "ā" ou Śakti. A vogal "i" simboliza Sadāśiva (tattva ou categoria 3 no Trika), o qual está cheio de Icchāśakti ou Poder de Vontade. É a moradia da completa satisfação em Si Mesmo. Dessa forma, quando se repete "i" com plena consciência da sua natureza, alcança-se exatamente isso, isto é, Sadāśiva.
U
Essa vogal é também uma expressão de "ā" ou Śakti. A vogal "u" simboliza Īśvara (tattva ou categoria 4 no Trika), que está cheio de Jñānaśakti ou Poder de Conhecimento. É a moradia da Onisciência. Dessa forma, quando se repete "u" com plena consciência da sua natureza, alcança-se exatamente isso, isto é, Īśvara.
E, Ai, O, Au
Essas vogais são uma mistura: "e" = "a" ou "ā" + "i"; "ai" = "a" ou "ā" + "e"; "o" = "a" ou "ā" + "u"; "au" = "a" ou "ā" + "o". Simbolizam Sadvidyā (tattva ou categoria 5 no Trika), que está cheio de Kriyāśakti ou Poder de Ação. São a moradia da Onipotência. Dessa forma, quando se repete "e", "ai", "o" e "au" com plena consciência da sua natureza, alcança-se exatamente isso, isto é, Sadvidyā.
Pañcākṣarīmantra
Existem dois tipos de Mantra-s:
- Jaḍa: Mantra-s inertes, que devem ser vivificados ou animados por meio de sua repetição. Dessa forma, não estão vivificados "por padrão"; deve-se fazer isso repetindo-os por muito tempo. Consequentemente, o seu efeito não é imediato.
- Caitanya: Mantra-s vivificados. Esses Mantra-s já foram animados ou vivificados por outras pessoas que os repetiram muito tempo. Consequentemente, o seu efeito é imediato.
Os primeiros geralmente são dados de forma privada, isto é, são Mantra-s pessoais que "somente" você pode usar. Por sua vez, os últimos são populares, ou seja, são conhecidos publicamente. Entretanto, diz-se que somente darão frutos se forem recebidos a partir de um verdadeiro guru, e não meramente a partir de livros, de outras pessoas, etc. Bem, o problema aqui é como saber se alguém é um guru genuíno ou não. Somente um discípulo verdadeiro pode conhecer um guru verdadeiro. Mas, como a maioria das pessoas não são discípulos verdadeiros, ainda que possam achar que são, o problema é realmente complexo. Eu mesmo recebi o Pañcākṣarīmantra de alguém que era "aparentemente" um genuíno guru, mas como ter certeza disso, se na época eu não era um discípulo verdadeiro? Na verdade, não sou um discípulo verdadeiro nem mesmo agora.
De qualquer forma, para mim, existem dois guru-s: um é meramente um portal, enquanto o outro é o Guru real. O primeiro é um ser humano e denomina-se guru físico, que é uma mera sombra do segundo. O Guru verdadeiro não é um ser humano e, portanto, não tem corpo. Esse é o verdadeiro Guru, e mora em você como Você Próprio. Se alguém puder compreender as Suas mensagens e instruções internas, não precisa nem um pouco de um guru físico. O problema é que a maioria das pessoas não consegue entender o que o Guru interior está dizendo. Então, o guru físico é necessário. Entretanto, esse tipo de guru é "humano" e tem um "ego". Esse ego deveria estar orientado ao divino... mas nunca se pode ter certeza. Segundo a minha própria experiência, o melhor que se pode fazer é seguir as instruções de um guru físico até que você consiga entender claramente as mensagens do Guru interno. Somente o Guru interno é totalmente "confiável" quando entendido adequadamente, já que não possui nenhum corpo e Sua natureza é divina. Os seres humanos... são seres humanos, como você sabe. Obviamente, se você quiser manter o seu guru físico mesmo quando já puder compreender o Guru interno, você pode... mas não é mais relevante.
Existe um segredo para que um Mantra dê frutos rapidamente: Você deve tentar sentir que "Você, o Mantra e a Deidade do Mantra são a mesma coisa". Se você repetir um Mantra sentindo que é distinto do Mantra e sua Deidade, o Mantra não produzirá frutos adequados. Também, se você só tiver uma consciência "dupla", isto é, "Você e o Mantra são a mesma coisa" ou "Você e a Deidade são a mesma coisa", o Mantra não dará frutos adequados. Deveria haver uma consciência "tripla", ou seja, "Você, o Mantra e sua Deidade são a mesma coisa", para se ter sucesso em sua repetição. Esse é o segredo. Dessa forma, ao repetir o Pañcākṣarīmantra, "Você, o Mantra e Śiva (sua Deidade) devem ser sentidos como sendo a mesma coisa". Você pode ser mais sobre Mantra-s em Meditação 3.
O Mantra "Om̐ namaḥ śivāya" é conhecido comumente como "Pañcākṣarīmantra" ou "Mantra (mantra) de cinco sílabas (pañca-akṣarī)", pois é composto de cinco sílabas (menos Om̐, é claro): na-maḥ-śi-vā-ya. Seu significado literal é: "Om̐, saudação (namaḥ) a Śiva (śivāya)". Śiva, nesse caso, significa "Deus". O sagrado Mantra "Om̐" pode ser escrito de diversas maneiras: Om (ओम्), Oṁ (ओं) ou Om̐ (ॐ)
Apesar de a terceira forma de escrevê-lo seja de longe a melhor, geralmente prefiro transliterá-lo como "Om̐", porque é mais fácil que Om̐. Obviamente, "Om" seria ainda mais fácil que "Om̐", mas o som "m" é inferior. Está relacionado com o tattva 12 no Trika, enquanto "ṁ" (Anusvāra) está associado com o tattva 4 (para mais informação, ver Tattva-s e Sânscrito). Aqui está uma miniatura do Pañcākṣarīmantra. Clique nela para ver uma imagem maior e baixar o som:
Para aprender a pronunciar cada sílaba, vá a Pronúncia 1. Lembre-se que o Visarga ("ḥ" em "namaḥ") pode ser pronunciado de duas formas diferentes de acordo com a sua posição em uma oração. Quando está "no final" de uma oração, o Visarga deve ser pronunciado adicionando-se a mesma vogal que o precede, mas em uma forma bem curta. Por exemplo, se "namaḥ" estivesse no final do Mantra (Om̐ śivāya namaḥ), deveria ser pronunciado "námaha" (pronuncie "h" como em inglês, ou seja, como um "rr" do português na pronúncia carioca, só que mais suave), onde o último "a" é muito mais curto que o segundo. Entretanto, quando o Visarga está "no meio" de uma oração, deve ser pronunciado sem adicionar nada. Por exemplo, "namaḥ" em "Om̐ namaḥ śivāya" deve ser pronunciado "námah" (pronuncie "h" como em inglês, ou seja, como um "rr" do português na pronúncia carioca, só que mais suave). Dessa forma, quando o Mantra é escrito na sua forma original como "Om̐ namaḥ śivāya", o Visarga soa como "h" do inglês (námah) e não como "ha" (námaha). Não importando a maneira que tiver que utilizar para pronunciar Visarga, ele "sempre" é pronunciado, isto é, nunca deve ser omitido. Portanto, pronunciar somente "náma" não é correto. A maioria das pessoas pronuncia "náma" e omite o som do Visarga. É por isso que me dei ao trabalho de explicar esse tópico em detalhes. Não há letras "mudas" em Sânscrito e o Visarga não é um "h" mudo como o do português. Entenda isso e pare de pronunciar "náma" se estiver fazendo isso, por favor.
Uma última coisa: Esse Mantra pode ser usado enquanto você realiza suas tarefas diárias, bem como em meditação. Repita-o com a mesma velocidade da fala normal de uma pessoa, nem muito rápido, nem muito lento. É um dos Mantra-s mais poderosos, e o efeito que produz pode ser aumentado se você coordenar o Mantra com o seu processo respiratório: uma vez ao inspirar, e outra ao expirar. Obviamente, isso só pode ser feito em meditação, pois é muito difícil de realizar enquanto se está trabalhando, falando, e outras atividades. Algumas pessoas poderiam achar que o Mantra é muito longo para ser repetido uma vez ao inspirar e outra ao expirar. Bem, se você é uma delas, simplesmente não o coordene com a sua respiração. Às vezes, quando esse problema ocorre, as pessoas podem utilizar alternativamente Mantra-s mais curtos só para a meditação. Mas esse tópico será tratado em outra ocasião.
Notas finais
O propósito principal desse documento foi dar a você o grande Mantra "Om̐ namaḥ śivāya". De qualquer forma, isso não significa que seja o "seu" Mantra. Para descobrir se é para você, teste-o por um certo período de tempo e verifique seus efeitos em você. É um Caitanyamantra, isto é, foi vivificado por pessoas que o repetiram antes de você. É um Mantra muito antigo, e, portanto, tem sido pronunciado por milênios. É cheio de Śakti ou Poder Divino, tenha certeza disso. Bem, nada mais por enquanto. Repita o Pañcākṣarīmantra e seja imensamente feliz.
Informação adicional
Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.
Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.
Voltar a 13 Bījamantra-s ou Mantra-s Sementes | Continuar lendo Aim̐ |