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Śivasūtravimarśinī: Seção III (aforismos 12 a 22 - pura)
Tradução pura
Introdução
A Śivasūtravimarśinī continua: Kṣemarāja continua a comentar os aforismos.
Este é o segundo grupo de 11 aforismos dos 45 aforismos que formam a terceira Seção (que versa sobre Āṇavopāya). Como você sabe, a obra inteira é composta dos 77 aforismos dos Śivasūtra-s mais os respectivos comentários.
É claro que também inserirei os aforismos de Śiva sobre os quais Kṣemarāja estiver comentando. Apesar de que não comentarei sobre os sūtra-s originais ou sobre o comentário de Kṣemarāja, escreverei algumas notas para esclarecer certos pontos sempre que for necessário. Se você quiser uma explicação detalhada dos significados ocultos dessa escritura, vá a "Escrituras (estudo)/Śivasūtravimarśinī" na seção Trika.
Leia a Śivasūtravimarśinī e experimente Supremo Deleite, querido Śiva.
Este é um documento de "tradução pura", ou seja, você não encontrará nenhum Sânscrito original, mas haverá, às vezes, uma quantidade mínima de Sânscrito transliterado nas próprias traduções do texto. É claro, não haverá nenhuma tradução palavra por palavra. De qualquer forma, haverá Sânscrito transliterado nas notas explicativas. Se você for uma pessoa cega utilizando um leitor de tela e não quiser ler as notas, ou simplesmente quiser pular as notas, clique no respectivo link "Pular as notas" para continuar lendo o texto.
Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.
Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.
Aforismo 12
E, desse (Yogī)—
Por meio da inteligência espiritual superior, (Yogī chega a) se dar conta da cintilante e sutil vibração interna da perfeita consciência do Eu||12||
Dhī (é) a inteligência proficiente (ou) hábil na consciência da verdadeira natureza essencial. Por meio dessa (inteligência espiritual superior), há siddhi (ou) um "dar-se conta" --isto é, uma manifestação, um efeito de tornar-se evidente-- de Sattva, (ou seja,) da sutil vibração --parispanda-- interna cuja essência (é) Sphurattā --a cintilante e perfeita consciência do Eu--|
Também, em um drama dançante, siddhi ou perfeição na representação de Sattva ou o sentimento interno é obtida unicamente por meio da destreza da inteligência1 ||12||
1 Primeiro de tudo: Aqui, o termo "Sattva" não tem nenhuma relação sequer com o célebre Guṇa ou qualidade de Prakṛti (Ver Trika 5). Agora, o sábio postulou uma analogia com relação a nāṭya ou drama dançante: Enquanto, em Yoga, há siddhi ou um ato de dar-se conta de Sattva (a cintilante e sutil vibração interna da perfeita consciência do Eu) por meio de dhī (a inteligência espiritual superior), em um drama dançante, há siddhi ou perfeição na representação de Sattva (sentimento interno) por meio da destreza da inteligência (buddhi), ou seja, por meio de talento. O termo "buddhi" é, nesse caso, sinônimo de "dhī", mas no significado comum dessa palavra, isto é, inteligência. Agora, está claro.
Aforismo 13
Dessa forma, ao alcançar o Sattva que consiste em Sphurattā --a cintilante e perfeita consciência do Eu--, (no caso) desse Yogī—
O estado no qual se é Independente e Livre (é) alcançado||13||
Siddha (quer dizer) "cumprido, atingido, alcançado", (enquanto) svatantrabhāva (significa) Liberdade que subjuga o universo inteiro (e) cuja natureza é Conhecimento (e) Atividade naturais|
Isso (foi) dito pelo muito venerável Nāthapāda:
"Deveria-se recorrer ao seu próprio Poder de Liberdade Absoluta. Ela --esse Poder-- (é) a venerável Kālī, a Mais Alta Kalā --Śakti ou Poder--1 "|
No venerável Svacchandatantra, também (foi declarado):
"Todos os tattva-s ou princípios --as 36 categorias da manifestação universal--, os seres vivos, as letras e os mantra-s que são conhecidos; (todos) eles estão sempre sujeitos a ele --ao Yogī--, verdadeiramente, por meio dessa contemplação de Śiva"|
(Ver VII, 245 no Svacchandatantra)
||13||
1 O termo Kalā é outro termo que qualquer tradutor sempre preferiria deixar sem traduzir. Por quê? Porque a quantidade de possíveis e "longos" significados é muito variada (Dê uma olhada em Guturais no glossário Trika para ter uma ideia). Além disso, existe uma série de significados adicionais derivados de raízes. Mas, por enquanto, a tradução "Śakti ou Poder" é mais que suficiente. O termo Parā significa "a Mais Alta" nesse caso, mas há outra possível tradução derivada de uma raíz também. Oh Deus, seja misericordioso conosco, meros mortais! Bem, continue lendo.
Aforismo 14
O seu estado de ser Independente e Livre1 —
Tal como (é) ali, assim (é) em outro lugar, (isto é, "assim como esse Yogī independente pode exibir Liberdade em seu próprio corpo, também é capaz de fazer isso em qualquer lugar"; esse é o sentido)||14||
Assim como o seu próprio (poder de) manifestação aparece ali —nesse corpo do Yogī—, da mesma forma, esse (poder de manifestação) do (Yogī) que está sempre atento (também) ocorre em outro lugar, (ou seja,) em todos os lugares|
Como (foi) dito no venerável Svacchandatantra:
"(O Senhor dos Yogī-s) vaga sempre livre, (seja no começo, no meio ou no fim)2 "||
(Ver VII, 260 no Svacchandatantra)
Nas Spandakārikā-s, também (foi estabelecido):
"Esse princípio (do Spanda) deveria ser inspecionado com cuidado (e) respeito, [pelo qual esse grupo de órgãos e instrumentos --intelecto, ego, mente, poderes de percepção e poderes de ação--, (ainda que) inconsciente, (procede) como (se fosse) consciente por si mesmo, (e,) junto com o grupo interno (de Karaṇeśvarī-s ou deusas dos sentidos)], ingressa [nos estados de "Pravṛtti" --isto é, ir em direção às coisas externas--, "Sthiti" --manter essas mesmas coisas externas por um tempo-- (e) "Saṁhṛti" --dissolver essas coisas no próprio Ser--], já que essa Sua natural Liberdade (existe) em todos os lugares3 "||
(Ver Spandakārikā-s I, 7)
||14||
1 Literalmente: Esse seu --pertencente a ele-- estado de ser Independente e Livre. Como isso fica estranho, optei por traduzir a frase de maneira mais legível.
2 Para entender por que traduzi dessa maneira, cito, agora, o comentário de Kṣemarāja no seu Svacchandoddyota: "Nityamādimadhyāntakoṭiṣvayaṁ śrīsvacchandabhairava eva sphuran sthitaḥ - iti yāvat||" - "Esse Sagrado e Livre Bhairava --o Ser Supremo-- continua a aparecer ou manifestar-se constantemente, ou seja, no início, no meio e at no fim. Essa é a explicação".
Em outras palavras, o Ser Supremo (Bhairava) continua a se manifestar no senhor dos Yogī-s, seja no começo, no meio ou no fim de tudo (passado, presente e futuro). Em suma, semelhante Yogī vaga constantemente em um estado de Liberdade.
3 Como a estrofe I, 7 está estreitamente ligada à anterior (I, 6), tive que incluir a anterior entre colchetes. Dê uma olhada nessas estrofes (I, 6-7) nas Spandakārikā-s para entender plenamente o que estou dizendo.
Aforismo 15
Mesmo assim --isto é, mesmo depois de ter obtido os previamente mencionados poderes sobrenaturais--, esse (Yogī) não deveria tornar-se indiferente, mas sim—
(Esse Yogī deve conceder toda sua) atenção à Semente, (em outras palavras, "à Mais Alta Śakti ou a perfeita consciência do Eu que é a fonte de toda a manifestação")||15||
"Deve ser concedida ou prestada", isso deve ser adicionado (ao aforismo para completar o sentido) --em outras palavras, "deve-se conceder ou prestar atenção à Semente"--|
A Semente (é) a Mais Alta Śakti ou Poder que é a causa do universo (e) cuja natureza (consiste em) Sphurattā --a cintilante e perfeita consciência do Eu--|
Isso é declarado no mais venerável Mṛtyujit --Netratantra--:
"Ela --a Mais Alta Śakti-- (é), de diversas maneiras, a Fonte de todos os deuses e também das śakti-s ou poderes. (Essa) Fonte tem o fogo e a lua como Sua natureza1 . Tudo se origina Dela --dessa Fonte--, etc."||
(Ver VII, 40 no Netratantra)
(Deve-se conceder ou prestar) atenção a essa Semente cuja essência (é) a Mais Alta Śakti ou Poder, (ou seja,) deve-se realizar concentração (nessa Semente) de novo e de novo||15||
1 Fogo e lua significam coisas diferentes segundo os contextos: por exemplo, conhecimento e atividade, etc.
Aforismo 16
Sendo (isso) assim, esse Yogī—
Estabelecido no poder da Suprema Śakti (ou a perfeita consciência do Eu, que é como um "assento" para ele, o Yogī iluminado) facilmente mergulha no Lago (da divina e imortal Consciência)||16||
Āsana ou assento é (aquilo) sobre o qual ele --o Yogī-- se senta, (isto é,) aquilo sobre o qual ele permanece constantemente com (um sentimento de) unidade ou identidade. (Aqui, Āsana ou assento significa) o poder da Suprema Śakti. Aquele que permanece ali (e) que sempre se apodera mentalmente dessa mesma (Realidade) --do poder da Suprema Śakti--, de maneira introspectiva, depois de abandonar todos os esforços (que envolvam) atividade (tais como) superior --que tange a Śāktopāya-- (e) inferior --que tange a Āṇavopāya-- meditação, concentração, etc., facilmente —sem fazer nenhum esforço— mergulha no Lago —torna-se idêntico a esse (Lago) fundindo as impressões residuais da contração (na forma de) corpo, etc.—. (Em outras palavras, ele mergulha) no supremo oceano da imortalidade, que possui (a característica) de ser transparente, subir, etc., (e) que é a causa da expansão do contínuo fluxo universal|
Isso (foi) dito no mais venerável Mṛtyujit --Netratantra--:
"A meditação (não) deveria ser direcionada nem para cima, nem para baixo, nem para o meio, nem para a frente (ou) para trás, nem sequer para algo (localizado) nos dois lados1 .
Não se deveria contemplar (nem) algo que resida dentro do corpo, nem (algo) fora. (Não) se deveria fixar o olhar nem no céu, (e) nem se deveria direcionar a vista a (algo) localizado abaixo2 .
Nenhum fechamento dos (próprios) olhos (e absolutamente) nenhum ato de fixar o (próprio) olhar --o que envolve manter os olhos bem abertos sem pestanejar--; não se deveria contemplar algo (nem) como suporte, (nem) uma negação de suporte, (nem) um suporte de novo e de novo3 .
(Não se deveriam contemplar) nem os Indriya-s --Poderes de percepção e ação, tattva-s 17 a 26--, nem on Mahābhūta-s --Elementos brutos, tattva-s 32 a 36--, (nem) o que (é composto de) Som como tal, Toque como tal, Sabor como tal, etc. --os cinco Tanmātra-s ou Elementos sutis, tattva-s 27 a 31--. Após abandonar tudo (isso), estabelecido em Samādhi, (o Yogī) deveria identificar-se unicamente com Isso --com a Mais Alta Realidade--4 .
Diz-se que isso é o Estado Supremo do Mais Alto, (isto é,) do Ser Supremo. Essa Condição (é) desprovida de manifestações (externas) --isto é, nada aparece ou se manifesta nesse Estado--. Tendo-o alcançado --isto é, tendo alcançado esse Estado--, (o Yogī) para (de transmigrar)5 "||
(Ver VIII, 41-45 no Netratantra)
||16||
1 O sábio Kṣemarāja comenta sobre todas essas estrofes do Netratantra detalhadamente no seu Netroddyota (seu comentário erudito sobre o Netratantra), mas o assunto é tão extenso e complexo que não posso apresentá-lo "completamente em sânscrito" através de meras notas explicativas aqui (por exemplo, para explicar uma estrofe dessa série de cinco estrofes, ele cita várias estrofes do Vijñānabhairavatantra, cada uma das quais necessitaria de uma explicação "especial" por minha parte, além da tradução). Para uma explicação mais detalhada sobre esse tipo de tema complexo/longo, consulte sempre a seção "Escrituras (estudo)/Śivasūtravimarśinī" na seção Trika. De qualquer forma, nessa primeira estrofe (41), o sábio especifica clara e brevemente o seguinte: "Ūrdhve dvādaśānte'dhaḥ kandādau madhye hṛdādāvagrataḥ pṛṣṭhataḥ pārśvayostatpuruṣasadyojātādirūpam|" - "Para cima —em direção ao (ūrdhva)dvādaśānta (ou ponto no final de 12 dedos a partir do espaço entre as sobrancelhas até Brahmarandhra, em cima da cabeça)—; para baixo —em direção ao Kanda --a fonte em forma de ovo de todos os canais no corpo sutil--, etc.—; para o meio —em direção ao coração, etc.—, para a frente, para trás, para (algo situado) nos dois lados —em direção àquilo cuja forma é Tatpuruṣa, Sadyojāta, etc. --de forma resumida, Tatpuruṣa, Sadyojāta, Vāmadeva and Aghora--—".
Leia o glossário Trika para aprender mais sobre dvādaśānta e Kanda. Lá, estão os cinco aspectos ou cabeças de Śiva: (1) Tatpuruṣa (em direção ao leste --para a frente-- e simbolizando Śakti, o segundo tattva ou categoria), (2) Sadyojāta (em direção ao oeste --para trás-- e simbolizando Sadāśiva, o terceiro tattva ou categoria), (3) Vāmadeva (em direção ao norte --para a esquerda-- e simbolizando Īśvara, o quarto tattva ou categoria), (4) Aghora (em direção ao sul --para a direita-- e simbolizando Sadvidyā, o quinto tattva ou categoria) —esses primeiros quarto aspectos ou cabeças foram mencionadas acima por Kṣemarāja com relação à meditação direcionada para frente, para trás e para algo localizado nos dois lados (esquerda e direita)—, e, finamente, (5) Īśāna (orientado para cima e simbolizando Śiva, o primeiro tattva ou categoria). Esse assunto é muito mais complexo e massivo, certamente... apenas raspei a superfície. Portanto, simplesmente confie em mim, por favor.
2 Essa é a estrofe VIII, 42 no Netratantra. O grande Kṣemarāja cita a 28a estrofe do Vijñānabhairavatantra para explicar a contemplação de algo que reside dentro do corpo. Essa estrofe specifica meditação em Kuṇḍalinī surgindo a partir do Mūlādhāra (o cakra localizado na raiz da coluna vertebral) e subindo até Brahmarandhra, em cima da cabeça. Em seguida, ele cita a estrofe 122 do mesmo livro para explicar a contemplação de algo situado fora. Essa estrofe versa sobre a obtenção da vacuidade a partir da concentração em um determinado objeto. Finalmente, para explicar a concentração no céu e em algo localizado abaixo, cita as estrofes 76 e 115 do Vijñānabhairavatantra, respectivamente. A primeira versa sobre meramente fixar o próprio olhar em uma porção do céu, enquanto a segunda explica como fixar os olhos em um espaço dentro de um poço muito profundo de modo que se possa alcançar dissolução da mente.
3 Essa é a estrofe VIII, 43 no Netratantra. Kṣemarāja cita a estrofe 88 do Vijñānabhairavatantra para descrever o fechamento dos olhos. Essa estrofe versa sobre a contemplação da terrível forma de Bhairava (o Senhor Śiva), onde primeiramente fecham-se os olhos e contempla-se a terrível escuridão diante de si, etc. Posteriormente, o sábio usa a estrofe 60 da mesma escritura para dar um exemplo do ato de fixar o olhar. Essa estrofe recomenda lançar o olhar em direção a uma região na qual não haja árvores, em direção a uma montanha, uma parede, etc., para fazer com que as flutuações mentais parem de funcionar.
Em seguida, para explicar o profundo significado da palavra "avalamba", ele diz: "avalambyata iti avalambo dhyeya ākāras" - "Avalamba ou suporte é uma forma (que se usa) como objeto de meditação (para que a atenção) se prenda contra ela". O sábio cita a estrofe 62 do Vijñānabhairavatantra para exemplificar isso. Essa estrofe descreve a concentração mental no intervalo entre dois bhāva-s ou objetos que surgem na própria mente. Quando o primeiro bhāva aparece, o meditador se prende a ele e nunca permite que o segundo se manifeste. Nesse sentido, o primeiro é denominado "positivo", enquanto o segundo é designado como "negativo". Enquanto o meditador continuar a fixar firmemente a sua atenção sobre o primeiro bhāva, desliza em direção ao intervalo entre os dois bhāva-s (um que surgiu e outro que nunca surgiu... sim, parece loucura, mas estou dizendo a verdade).
E o sábio explica "nirālamba" citando a 61a estrofe, que descreve a concentração no intervalo entre dois bhāva-s ou objetos. Ambos os bhāva-s são positivos, isto é, é permitido que surjam, mas, ao mesmo tempo, eles são "negados/rejeitados", no sentido de que a atenção está no intervalo entre os dois. É por isso que isso é denominado nirālamba ou negação do suporte (ālamba).
Por último, Kṣemarāja explica "sālamba" desta maneira: "sahālambena vartate sālambaṁ sākāraṁ jñānam" - "sālamba (é) um conhecimento ou percepção baseado em formas que (consequentemente) ocorre utilizando algo como suporte". Depois disso, ele cita a 98a estrofe do Vijñānabhairavatantra, que descreve a concentração em um bhāva que aparece como desejo ou conhecimento na mente. Esse bhāva é positivo, já que é permitido que ele surja. Depois, se uma pessoa fixar o seu olhar nisso considerando-o como o seu próprio Ser que se manifesta desse modo, ela tem uma visão desse mesmo Ser. De qualquer forma, o suporte ou ālamba desaparece constantemente e deve-se trazê-lo de volta de novo e de novo para continuar a concentração. É por isso que traduzi da maneira como fiz acima, isto é, "... um suporte de novo e de novo". Essa é a diferença entre "avalamba" e "sālamba", enquanto, no primeiro, a concentração está firme em um bhāva ou objeto que surgiu na mente (não permitindo de forma alguma que o segundo bhāva surja), no último, o bhāva se perde constantemente e deve-se recuperá-lo para prosseguir. Obviamente, o método sālamba é o que a maioria das pessoas usa quando se senta para meditar. Chega disso por enquanto.
4 Preciso traduzir o comentário de Kṣemarāja sobre o significado de Samādhi nesse contexto:
"... samādhistha ityakiñciccintakatvena svasvarūpavimarśanapravaṇastanmaya ityānandapadasaṁlīnasamarasajñānamayaḥ||44||" - "'... Estabelecido em Samādhi', (ou seja,) consagrado à consciência de sua própria natureza essencial (e, consequentemente,) identificado com Isso sem pensar em nada. (Em outras palavras,) repleto de Conhecimento homogêno que está estreitamente conectado com o estado de Ānanda ou (divina) Bem-aventurança||44||".
Tive que esclarecer isso muito bem para que o leitor não considere Samādhi aqui da mesma forma como definiu Patañjali em seus Yogasūtra-s (Ver definição de Samādhi --Concentração Perfeita-- em Yogasūtra-s III, 3).
5 Kṣemarāja comenta brevemente sobre VIII, 45 em seu Netroddyota:
"Sāṁsārikīṁ sthitimujjhati||45||" - "Abandona-se o estado transmigratório||45||".
Aforismo 17
(Sendo) isso assim, através da preeminência e excelência alcançadas pelo poder da Śakti que consiste em Śuddhavidyā --Conhecimento Puro1 --, que surge a partir da conquista de Moha ou Ilusão --Māyā--, que é obtida por meio de uma sucessão de métodos āṇava --que tangem a Āṇavopāya-- (tais como) dissolução (da energia vital) nos canais sutis, etc. --Ver III, 5--, o Yogī se apodera do estado de Śiva, que (não) é (nada mais que) o Lago da suprema imortalidade—
(Esse mesmo Yogī libertado pode) produzir (qualquer tipo de forma de acordo com) a medida ou aspecto da Consciência criativa, (que é seu "āsana" ou "assento" --ver aforismo 16--)||17||
(O termo svamātrā significa) a medida relativa à sua própria Consciência (criativa), (em suma,) à porção cuja natureza é uma coagulação da essência da Consciência2 . Segundo a medida dessa (Consciência criativa), (o Yogī libertado) efetua a produção que consiste na manifestação de conhecedores --seres-- (e) cognoscíveis --objetos-- conforme ele desejar --lit. desejado--. (Em outras palavras,) ele mostra (todas essas coisas) manifestando(-as)|
Isso é estabelecido no venerável Svacchandatantra:
"Oh querida!, somente Isso3 existe como o que é bruto, devido ao (Seu) desejo de aparecer como o que é bruto. Somente Isso aparece como as variedades ou divisões de bruto (e) sutil"||
(Ver IV, 295 no Svacchandatantra)
Na Īśvarapratyabhijñā, (declarou-se) também:
"Por causa dessa mesma (Vimarśaśakti --lit. o poder da consciência manifestadora--), Ele faz com que Ele mesmo se torne o jñeya ou cognoscível --o objeto--. O cognoscível não tem uma existência separada. [Se (Ele) dependesse --lit. estando orientado em direção a-- desse (cognoscível), a Sua Liberdade Absoluta seria quebrada]4 "|
(Ver I, 5, 15 na Īśvarapratyabhijñā)
Também no Āgama --escritura revelada--, foi dito (o seguinte) com essa mesma intenção:
"Oh querida!, aquele que conhece, por meio do que provém da boca do (seu) preceptor espiritual, que água e gelo (são a mesma coisa, está plenamente libertado). Para ele, não há nada mais a ser feito. O estado de ter um último nascimento lhe pertence --isto é, ele não terá nenhum nascimento posterior, pois, tendo atingido a meta da existência, ele não necessita mais de Saṁsāra ou Transmigração--"||
Esse mesmo (ensinamento) foi explicado nas Spandakārikā-s por meio deste (aforismo):
"Ou aquele que tem esse conhecimento ou compreensão (e) está constantemente unido (com o Ser Supremo) vê o mundo inteiro como um jogo (divino). Ele está libertado em vida, (sobre isso) não há nenhuma dúvida"||
(Ver Spandakārikā-s II, 5)
||17||
1 Esse não é, de maneira alguma, o quinto tattva ou categoria da manifestação universal (também conhecido como Sadvidyā). Conhecimento Puro nesse contexto não é nada mais que uma expansão do conhecimento limitado. Leia II, 10 da atual escritura para compreender isso plenamente.
2 A criação em Trika não é como a obra de um artesão, ou seja, como algo criado por alguém que utilizou ferramentas externas e finalmente produziu algo que é distinto dele mesmo. NÃO. É apenas a Consciência ou Caitanya que se torna tudo e todos constantemente, isto é, Ela coagula, toma a forma dessas coisas e seres sem recorrer a nada mais que a Sua própria essência. É por isso que o termo "manifestação" é mais apropriado ou correto que "criação" em um contexto de Trika.
3 Em seu Svacchandoddyota, Kṣemarāja descreve "Isso" como "Mahāprakāśātmā śrīsvatantranāthaḥ" - "O venerável e livre Senhor cuja natureza é a Grande Luz". Resumindo, Ele não é outro que Caitanya ou Consciência em Liberdade absoluta.
4 Tive que traduzir estrofe inteira para mostrar o significado completo. A parte restante, que foi omitida e marcada com três pontos, é: "tadaunmykhyātkhaṇḍyetāsya svatantratā||15||". Sua tradução aparece entre colchetes no mesmo texto acima. Adicionalmente, agreguei o termo "Vimarśaśakti" à minha tradução. Por quê? Porque antes que o eminente sábio Abhinavagupta (guru de Kṣemarāja) comentasse sobre essa estrofe (na verdade, ele comentou sobre as estrofes 15 e 16 ao mesmo tempo) em seu Īśvarapratyabhijñāvimarśinī (o grande comentário erudito sobre a Īśvarapratyabhijñā de Utpaladeva), ele levantou uma objeção na qual aparece o termo Vimarśaśakti. Em seguida, as estrofes 15 e 16 dissipam essa dúvida levantada por ele, obviamente. Esses autores (Abhinavagupta, Kṣemarāja, etc.) geralmente usam o método de levantar objeções para tornar os seus comentários mais interessantes e didáticos (didático para eruditos de sânscrito, obviamente, haha!). Muito bem, agora tudo está claro. Apenas confie em mim sempre, leitor, porque, em geral, estou lendo muitas escrituras "insanamente longas" simultaneamente enquanto traduzo a atual. Às vezes não posso explicar tudo em detalhes, como você sabe, ou ou essa tradução viraria uma enciclopédia inteira.
Aforismo 18
Dessa forma, não há nenhuma escravidão (na forma) de nascimento, etc., para aquele que adquiriu um corpo criado a partir de sua própria Śakti ou Poder, o qual --corpo-- consiste em bhūta-s --Mahābhūta-s ou Elements brutos (tattva-s 32 a 36)-- (e) bhāva-s --Tanmātra-s ou Elementos sutis (tattva-s 27 a 31), emoções, etc.--. (O autor dos Śivasūtra-s, Śiva,) disse assim—
Enquanto Sahajavidyā ou Śuddhavidyā, (o Conhecimento Natural ou Puro) não desaparecer, (a possibilidade de outro) nascimento desaparece (para esse sublime Yogī)||18||
Enquanto não houver desaparecimento do previamente citado Conhecimento Natural, (ou seja,) enquanto (o mesmo) continuar a ser manifestado como uma constante realidade emergente, cumpre-se, certamente, o desaparecimento (ou) cessação de (outro) nascimento que consiste da multidão de corpo, sentidos, etc., cheio de dor (e) causado pelas (próprias) ações com a cooperação da Ignorãncia (ou Māyā e sua progênie)1 |
Isso é estabelecido no venerável Kaṇṭhī:
"Tendo deixado (o mundo) com (seus) fenômenos que aparecem como o que é aceitável (ou) rejeitável, e também (como) uma folha de grama e coisas similares, uma folha, uma pedra, junto com os seres móveis e imóveis, que começam com Śiva --tattva ou categoria 1-- (e) terminam com a terra --tattva ou categoria 36--, acompanhados pelas entidades positivas e negativas; (e), após meditar em tudo como sendo idêntico com Śiva, (o meditador) não obtém um nascimento outra vez"||
(E), no venerável Svacchandatantra:
"A excelente emancipação proveniente de uma tradição de preceptores espirituais (é) altamente pura. Tendo conhecido essa (emancipação) --tendo-a experimentado--, (o Yogī) liberta-se (em vida)2 , (e,) após a morte, não nasce novamente3 "|
(Ver IV, 240-241 no Svacchandatantra)
Também (foi dito) no venerável Mṛtyujit --Netratantra--:
"Tendo visto, por meio do divino caminho do Yoga, o que está livre dos três tattva-s ou princípios, o que é certamente eterno, imutável (e) permanente, não se nasce de novo4 "||
(Ver VIII, 26-27 no Netratantra)
||18||
1 Enquanto o Conhecimento Natural ou Puro continua a ser manifestado como uma constante realidade emergente, haverá cessação de outro nascimento para um tão grande Yogī. O nascimento consiste de uma multidão (grande quantidade) de coisas (por exemplo, corpo, sentidos, etc.), está cheio de dor e ocorre pela lei do Karma (isto é, é produzido pelas próprias ações). Também recebe a cooperação ou assistência da Ignorância na forma de Māyīyamala (impureza máyica que gera diferença e separação) e Kārmamala (impureza que gera confusão com relação à natureza do verdadeiro Fazedor). Veja Trika 4 para mais informação sobre esses dois mala-s ou impurezas. Finalmente, como os corpos manifestados pelo Yogī libertado surgem a partir da sua própria Icchāśakti e não através da lei do Karma, o renascimento não é possível de maneira alguma para esse sublime Yogī, pois todas as ações realizadas por esses corpos não são kármicas e, por conseguinte, não produzirão outro nascimento para ele.
2 O sábio Kṣemarāja comentou, em seu Svacchandoddyota: "vimucyata iti jīvanneva vimuktaḥ syāt" - "'vimucyate' (significa) que (o Yogī) liberta-se em vida". É por isso que adicionei "em vida" na minha tradução, embora "vimucyate" signifique simplesmente "liberta-se".
3 Kṣemarāja explica essa última porção da estrofe em seu comentário sobre o Svacchandatantra: "gatveti dehānte tadaikātmyameti||" - "'gatvā' (significa) 'ao final do corpo' --quando chega a morte--; (nese momento,) alcança-se unidade com Isso --com a Mais Alta Realidade, e, consequentemente, não nasce outra vez--". Segundo o Trika e a maioria dos sistemas filosóficos da Índia, um indivíduo nasce como ser humano unicamente para obter Emancipação. Cada sistema, obviamente, postula a Emancipação de maneira distinta. Em Trika, a Libertação final é o mesmo que alcançar unidade com a Mais Alta Realidade. É por isso que outro nascimento não é necessário no caso de uma alma libertada.
4 O sábio Kṣemarāja comenta, em seu Netroddyota, vários pontos sobre certos termos e expressões conflitantes nessa estrofe do Netratantra: (1) "dṛṣṭvā sākṣātkṛtya" - "Após haver visto, (ou seja,) após ter percebido"; (2) "divyena yogamārgeṇa vikalpahānonmiṣadavikalpavimarśāvaṣṭambhopāyena" - "pelo divino caminho do Yoga, (ou seja,) por meio do método baseado em avikalpavimarśa ou 'consciência desprovida de pensamentos' que brota com a cessação dos pensamentos"; (3) "Tattvatrayaṁ naraśaktiśivākhyam|" - "Os três tattva-s ou princípios são conhecidos como nara (homem), Śakti e Śiva"; inclusive os dois últimos são manifestações Disso (Paramaśiva), que é livre dessa tripla divisão, em suma, Isso não é nem sequer um Senhor e Seu Poder, muito menos um (um assunto misterioso que não posso explicar em profundidade aqui); (4) "acalamapariṇāmi" - "acala, (ou seja,) imutável"; e, finalmente, (5) "dhruvaṁ nityam" - "dhruva, (ou seja,) permanente".
Aforismo 19
Mas, quando a natureza essencial de Śuddhavidyā ou Conhecimento Puro que não pertence a esse (Yogī) afunda, então—
Māheśvarī e outras deusas (que têm sua esfera de influência) no grupo "ka", etc., (e que são) as mães dos seres limitados, (tornam-se as deidades regentes de tal Yogī)||19||
"(Essas deusas) tornam-se (seu --de tal Yogī--) deidades regentes", isso deve ser adicionado (ao aforismo para completar o sentido)|
"Diz-se que essa Śakti ou Poder do Criador do mundo (é) inerente (a Ele). Oh deusa!, Ela se transforma na Vontade desse (Criador quando) Ele está com desejo de manifestar (o universo). Escute como Ela se torna muitos ainda que seja uma:
Ao anunciar com determinação que 'Esse cognoscível ou objeto (é) assim, (e) não de outro modo!', Ela é denominada Poder de Conhecimento nesse mundo.
No entanto, quando Ela se manifesta (como) 'Que essa coisa se torne de tal natureza!', então, ao fazer essa (coisa) assim aqui, diz-s que Ela é (o Poder de) Ação.
Dessa forma, embora essa mesma (Śakti) tenha duas formas (principais), Ela atravessa intermináveis mudanças, segundo as características dos objetos (desejados). (Consequentemente, essa) Senhora (é) como uma gema do pensamento --que concede ao seu possuidor todos os desejos--.
Então, (quando a Senhora) assume primeiramente a condição de mãe, Ela se divide em duas maneiras e em nove maneiras, e, (quando tal Senhora se divide em) cinquenta maneiras, (Ela se torna) a portadora de uma guirlanda (feita com as cinquenta letras do alfabeto sânscrito).
Com a divisão que consiste em bīja (e) yoni, Ela aparece de duas formas. As vogais são consideradas como bīja ou semente. Com ka, etc., diz-se que Ela é yoni ou ventre --no sentido de útero-- --isto é, as consoantes são consideradas como yoni--. (Portanto,) de acordo com a divisão dos varga-s ou grupos de letras, (Ela aparece) em nove maneiras1 .
Nesse (contexto), bīja --vogal-- (e) yoni --consoante-- são denominados Śiva (e) Śakti. Com a divisão em oito grupos de letras, (há) um grupo de oito (deidades tais como) Māheśvarī, etc., certamente.
(E,) segundo a divisão letra por letra, Ela brilha como cinquenta raios --Ela aparece como as cinquenta letras do alfabeto sânscrito--. Ao ser a indicadora dos Rudra-s, cujo número chega a isso --a cinquenta--, Ela está estabelecida (nesse mesmo número)2 "||
(Ver Mālinīvijayatantra III, 5-13)
De acordo com o(s) preceito(s) definidos e apurados pelo venerável Mālinīvijayatantra, a Mais Alta Fala relativa ao Senhor Supremo --isto é, a sua Śakti ou Poder-- se expande recorrendo àquilo que está formado por Vontade, Conhecimento (e) Ação. (Posteriormente, Ela continua a expandir-se) tomando a forma de vogais, consoantes, grupos de letras, letras pertencentes a esses grupos, etc., depois de assumir a natureza de Mātṛkā, cuja forma começa com "a" e termina em "kṣa" --o alfabeto sânscrito inteiro--, (todas as quais --todas essas cinquenta letras--) são indicadoras de Śiva, Śakti, Māheśvarī, etc.3 . Em todos os experimentadores4 , quando ocorrem diversos estados de conhecimento com pensamentos (e) sem pensamentos, Ela realiza, por meio da consciência interior, a aplicação --ou seja, a penetração, visto que as palavras penetram internamente-- de palavras brutas (e) sutis. Por meio da regência ou poder, etc., das deidades dos grupos de letras, das letras pertencentes a tais grupos, etc., Ela exibe a manifestação de maravilha, alegria, medo, apego, aversão e por aí vai. (E,) ocultando a própria natureza essencial, que é uma não contraída --não condicionada-- (e) independente massa de Consciência, Ela produz identificação com um contraído --condicionado-- (e) dependente corpo, etc.|
Isso foi dito no venerável Timirodghāṭa também:
"As Mahāghorā-s --lit. "muito terríveis"--, (isto é, as śakti-s ou poderes) que estão no meio da Consciência em Karandhra --isto é, Brahmarandhra--, que enforcam por meio do nó corrediço de Brahmā (e) são as Senhoras dos pīṭha-s ou assentos --os órgãos dos sentidos--, iludem repetidamente5 "||
(O que se citou acima) também foi declarado anteriormente --em I, 4--|
"A base do conhecimento (limitado e contraído é) a Mãe não compreendida. (I, 4) (da atual escritura)". É claro que isso foi expresso de maneira geral. (Aqui, no aforismo atual --III, 19--, Mātṛkā é discutida mais especificamente), com a intenção (de mostrar que), "(se) mesmo alguém que alcançou o Princípio (Supremo) é descuidado e não está atento também é iludido por Māheśī --ou Māheśvarī--, etc., que são as (deidades) regentes das pessoas limitadas por meio da aplicação --penetração-- de palavras". Essa é a diferença (entre ambas as análises --a análise expressa em I, 4 e a atual--)||19||
1 O alfabeto sânscrito em sua forma tradicional contém 8 varga-s ou grupos de letras:
- A-varga (Vogais), cuja deidade regente é Yogīśvarī (also called Mahālakṣmī)
- Ka-varga (Gutturals), cuja deidade regente é Brāhmī
- Ca-varga (Palatais), cuja deidade regente é Māheśvarī
- Ṭa-varga (Cerebrais), cuja deidade regente é Kaumārī
- Ta-varga (Dentais), cuja deidade regente é Vaiṣṇavī
- Pa-varga (Labiais), cuja deidade regente é Vārahī
- Ya-varga (Semivogais), cuja deidade regente é Aindrī (também chamada Indrāṇī)
- Śa-varga (Sibilantes, Sonora Aspirada + Kūṭabīja --o conjunto kṣa formado por "ka + sa", mas muito frequentemente considerada como uma letra por si mesma--), cuja deidade regente é Cāmuṇḍā
Agora, o alfabeto apresentado em sua forma tradicional "não" inclui Kūṭabīja (a letra kṣa), mas, quando o inclui, normalmente atribui-se a Kūṭabīja o oitavo varga ou grupo (Śa-varga). Bem, a pergunta do milhão é: Se existem 8 varga-s ou grupos, por que o Senhor disse isto acima?: "(Portanto,) de acordo com a divisão dos the varga-s ou grupos de letras, (Ela aparece) em nove maneiras". Simples: às vezes, considera-se como se Kūṭabīja formasse o seu próprio varga, isto é, um Kṣa-varga. Nesse caso especial, o total de varga-s seria 9, e não 8. Agora, essa porção do texto está clara, não é?
2 Para compreender plenamente esse assunto, tanto o professor quanto o aluno deveriam estar bem familiarizados com o conhecimento apresentado no Mālinīvijayatantra. De qualquer forma, aqui vamos: O Indicadora significa que Ela indica ou descreve esses cinquenta Rudra-s ou deidades atribuídas a cada yna das cinquenta letras do alfabeto sânscrito. O Senhor criou-a assim, ou seja, de cinquenta aspectos, e é por isso que Ela está estabelecida no número cinquenta. Além dos Rudra-s, existem cinquenta consortes para cada um deles, isto é, cinquenta Rudrāṇī-s. Oh, esse tema é tão longo e complexo. Sempre consulte "Escrituras (estudo)/Śivasūtravimarśinī" na seção Trika para mais informação detalhada.
3 Para mais informação sobre tudo isso, leia a minha explicação sobre o II, 7 da atual escritura: Primeiros Passos (4) e Primeiros Passos (5).
4 Existem sete experimentadores, ou, melhor, sete etapas para um único Experimentador:
(1) Śiva (sua esfera de ação são os tattva-s Śiva e Śakti, as primeiras duas categorias);
(2) Mantramaheśvara (sua esfera de ação é o Sadāśiva-tattva, a terceira categoria);
(3) Mantreśvara (sua esfera de ação é o Īśvara-tattva, a quarta categoria);
(4) Mantra (sua esfera de ação é o tattva Sadvidyā ou Śuddhavidyā, a quinta categoria);
(5) Vijñānākala (sua esfera de ação jaz entre os tattva-s Sadvidyā e Māyā, entre a quinta e sexta categorias);
(6) Pralayākala (sua esfera de ação é Māyā e seus cinco Kañcuka-s, a partir da sexta até a décima primeira categoria);
(7) Sakala (sua esfera de ação abrange desde Puruṣa --a décima segunda categoria-- até a última).
5 Como essa estrofe foi citada anteriormente por Kṣemarāja em I, 4 da atual escritura que estou traduzindo, leia a nota 2 para compreender seu significado.
Aforismo 20
Devido ao fato de que (é) dessa maneira --devido ao fato de que mesmo alguém que alcançou o Princípio Supremo ainda pode ser iludido por tais deidades--, portanto, o Yogī deve ser assim tão atento e cuidadoso sob todas as circunstâncias de modo que a natureza essencial do Conhecimento Puro adquirido (por ele) não desapareça. (Śiva, o autor dos Śivasūtra-s,) disse assim—
O quarto estado de consciência, (o qual é uma Testemunha), deve ser vertido como (um fluxo contínuo de) azeite nos (outros) três, (isto é, na vigília, sono e sono profundo)||20||
(O termo) triṣu (significa) nos (outros três) estados de vigília, etc. (A palavra) caturtha --lit. quarto-- (significa) a condição que consiste no elixir da bem-aventurança de Turya --a bem-aventurança do quarto estado de consciência--, cuja natureza é a Luz do Conhecimento Puro. (A expressão) "tailavat" (significa que,) assim como (um fluxo contínuo de) azeite, difundindo-se gradualmente mais e mais, permeia um recipiente, da mesma forma, (o quarto estado de consciência) deveria ser vertido (em vigília, sono e sono profundo)|
Por meio do mecanismo de agarrar firmemente --ou seja, de firme atenção no Ser, que é uma Testemunha--, (o Yogī) também deve permear o estado intermediário com o elixir de Turya --o Quarto Estado-- que irrompe nos pontos inicial e final —onde existe cessação de unmeṣa --isto é, da exibição da manifestação universal--— durante os três estados (de vigília, sono e sono profundo). Por meio disso --fazendo dessa forma--, (o grupo de três estados comuns de consciência) alcança a condição de identificação com Isso --com Turya ou o Quarto Estado--1 |
"(Mesmo) durante os diferentes (estados de consciência) de vigília, sono e sono profundo, existe o deleite e desfrute do Quarto Estado. (I, 7) (da atual escritura)". Por meio desse (aforismo), somente declarou-se a existência de Turya, o qual difunde seu próprio elixir nos estados de vigília, etc., (no caso) de alguém que está dedicado a agarrar firmemente a contínua consciência do grupo de poderes, (ou simplesmente em alguém no qual ocorra) udyama ou surgimento espontâneo (desse Quarto Estado)|
"Aquele que é um desfrutador (do supracitado "ābhoga" ou divino deleite) na tríade (de vigília, sono e sono profundo é) um mestre de (seus) sentidos. (I, 11) (da escritura atual)". (Nesse aforismo,) mostrou-se a dissolução da vigília, etc., por meio do mecanismo de haṭhapāka --lit. assimilação por meio da força ou obstinação-- de acordo com Śāmbhavopāya --o meio ou método que pertence a Śiva--2 . Entretanto, por meio desse aforismo --o atual-- diz-se que a tríade de vigília, etc., como a bainha de uma espada3 , deveria ser impregnada pelo elixir do Quarto Estado por meio do (previamente mencionado) mecanismo de agarrar firmemente, o qual é próprio de Āṇavopāya --o meio ou método que tange a um aṇu ou indivíduo limitado--. Essa é a diferença (entre esses aforismos, isto é, entre I, 7, I, 11 e o atual --III, 20--)||20||
1 Para entender completamente o que o sábio expressou nesse parágrafo, você precisa ser um Yogī bem familiarizado com esses processos. De qualquer forma, se você ainda não é tal Yogī, pode tentar entender isso intelectualmente. Escute: A maioria das pessoas experimenta o próprio Ser apenas no início e no final de cada um dos três estados comuns de consciência (vigília, sono e sono profundo). É claro, na etapa inicial da sua prática, uma pessoa é... como o resto. Então, a sua percepção do Ser como uma Testemunha ocorre apenas nos pontos inicial e final dos estados previamente mencionados. O estado no qual o próprio Ser reside é conhecido como Turya ou Quarto Estado, pois ele é distinto dos outros três. Quando um estado comum de consciência (seja vigília, sono ou sono profundo) começa ou termina, nesse ponto, há cessação de unmeṣa ou a exibição da manifestação universal. A palavra unmeṣa refere-se a qualquer manifestação em vigília (por exemplo, uma árvore), sono (por exemplo, cores estranhas) e sono profundo (por exemplo, vazio). Unmeṣa está presente unicamente "no meio" dos estados comuns de consciência. No início e no final deles, unmeṣa está ausente.
Por outro lado, Turya ou o Quarto Estado nunca deixa a sua própria natureza, ou seja, dura para sempre. Não é como os outros três estados, que são transitórios. Turya é evidente para a maioria das pessoas somente quando unmeṣa não está presente, mas, quando este último aparece, essas pessoas não são mais conscientes do seu Ser. À medida que o Yogī avança em sua prática, um dia, emerge o Conhecimento Puro (Śuddhavidyā) e ele se dá conta plenamente de que o seu próprio Ser é uma Testemunha de todas as experiências que ocorrem a ele em vigília, sono e sono profundo. Isso marca a obtenção de Turya. Desse estado em diante, ele deve fazer com que Turya impregne pouco a pouco todos os três estados, como um fluxo contínuo de azeite preenchendo um recipiente. Ao final, todos esses três estados comuns de consciência (vigília, sono e sono profundo) tornam-se idênticos a Turya e permanece somente "um Estado", isto é, o Yogī estará completamente e constantemente estabelecido em seu Ser. De fato, apenas um estado existe aqui para sempre. Os outros três estados são unicamente o bem-aventurado jogo de Śakti. Eles surgem quando Ela oculta (aparentemente) Turya e manifesta unmeṣa ou a exibição da manifestação universal. Além da minha explicação, tudo isso é uma questão de experiência pessoal. Portanto, torne-se um Yogī e experimente a sua própria imensidão. Muito bem, isso é suficiente.
2 Uma vez que esse aforismo (I, 11) aparece na primeira Seção, que trata sobre Śāmbhavopāya, a dissolução dos estados comuns de consciência (vigília, sono e sono profundo) é mostrada por meio do mecanismo de haṭhapāka ou assimilação de uma experiência por meio da força ou obstinação "em um só golpe" (figurativamente falando). Esse mecanismo é kramātikrama, já que vai além de krama ou sequência, isto é, o Yogī obtém o Quarto Estado em um passo. Obviamente, isso requer um enorme poder espiritual que está ausente na grande maioria dos aspirantes. A maior parte das pessoas começa o seu caminho espiritual a partir de Āṇavopāya e, no seu devido tempo, atinge Śāktopāya e Śāmbhavopāya (isso geralmente leva muitos anos, décadas ou inclusive a vida inteira). Pouquíssimos começam a partir de Śāktopāya e só os mais elevados iniciam a sua viagem espiritual a partir de Śāmbhavopāya. Obviamente, quanto menos elevado um aluno, maior o upāya (meio ou método) com o qual ele quer começar, hehe! Esse é o problema comum com as pessoas em geral: superestimam as suas capacidades para lidar com assuntos espirituais. Em uma classe de física quântica, a maioria das pessoas certamente permaneceria completamente em silêncio, mas, em uma classe de Yoga, as pessoas ficam constantemente opinando sobre quase tudo o que está em questão. Por quê? Por causa da sua própria ignorância aparecendo na forma de arrogância. Visto que Yoga é uma ciência tão complexa/profunda, somente os especialistas e eruditos em Yoga podem dizer algo que valha realmente a pena escutar.
3 Aqui, o termo "dala" significa "khaḍgakośa" ou a bainha de uma espada. Assim como a bainha de uma espada é distinta da espada mas pode sustentá-la, da mesma forma, os três estados comuns de consciência são distintos de Turya (o Quarto), mas podem sustentá-lo e ser preenchidos por Ele.
Aforismo 21
Com relação a isso --com relação a impregnar os três estados comuns com Turya--, (Śiva) disse o meio—
Deve-se entrar (nesse quarto estado de consciência --ver aforismo 20--) submergindo-se (nele) com sua própria mente, (a qual deve estar, obviamente, desprovida de todo pensamento)||21||
(No Mṛtyujit —também conhecido como Netratantra—, declara-se,) começando com:
"Deixando a condição bruta de prāṇa, etc., e, então, (abandonando inclusive) o sutil (prāṇāyāma) interno, a Vibração Suprema, que está além do (prāṇāyāma) sutil, é obtida a partir disso --a partir de abandonar os prāṇāyāma-s bruto e sutil--1 "||
(Ver VIII, 12 no Netratantra)
(e terminando com:)
"... entra-se (no Estado Supremo) com sua própria mente como isso --isto é, como um conhecedor--2 "|
(Ver primeira porção da estrofe VIII, 14 no Netratantra)
Por meio do(s) preceito(s) estabelecidos no muito venerável Mṛtyujit --Netratantra--, após abandonar completamente métodos brutos (como) prāṇāyāma, meditação, concentração, etc., deve-se ingressar (ou) penetrar (em Turya ou o Quarto Estado) com sua própria mente, (isto é,) com uma consciência desprovida de pensamentos e cuja natureza é um introvertido camatkāra --bem-aventurança repleta de assombro-- de consciência interna --de consciência do Eu--|
De que maneira? Submergindo-se (nele, em outras palavras,) extinguindo (a noção) de que corpo, energia vital, etc., são o Pramātā ou Experimentador --o próprio Ser como Testemunha-- por meio de imersão nisso mesmo, no elixir da bem-aventurança da Consciência --em suma, "em Turya ou o Quarto Estado"--|
Isso foi dito no venerável Svacchandatantra:
"Abandonando (toda) atividade mental, (o Yogī) deve unir-se (a Śiva) com (o toque de) uma consciência sem pensamentos. Então, o indivíduo limitado, ao libertar-se do oceano da existência transmigratória --isto é, da miséria--, alcança o estado de Śiva3 "||
(Ver IV, 437 no Svacchandatantra)
(E,) no muito venerável Vijñānabhairava, também (foi estabelecido o seguinte):
"Oh querida!, quando esse grupo de quatro (composto de) 'mente repleta de ideias e desejos, intelecto indagador, energia vital e experimentador limitado' dissolve-se por completo, então, (surge) esse (previamente mencionado) vapus ou natureza essencial (denominado) Bhairava --o Senhor--"||
Essa mesma (verdade foi expressa) no hino Jñānagarbha por meio desta (estrofe), que foi composta pelo grande preceptor espiritual --refere-se a Pradyumnabhaṭṭa, um dos principais discípulos de Kallaṭa, o eminente discípulo do próprio Vasugupta--:
"Oh Mãe!, depois de abandonar completamente todas as atividades mentais, (emerge) uma condição esplêndida que é livre da dependência de ir atrás das atividades dos sentidos. Esse Estado Supremo, que verte o néctar de uma inigualável felicidade desprovida de estupefação ou espanto, é percebido imediatamente, por meio da Sua Graça, pelos homens que estão (na previamente mencionada condição esplêndida)"||
||21||
1 Para que você entenda por que traduzi a estrofe dessa maneira, preciso mostrar o que Kṣemarāja comenta sobre essa estrofe em seu Netroddyota: "Prāṇādau prāṇāpānasamāneṣu yaḥ sthūlo recakapūrakādirbhāvaḥ svabhāvastaṁ tyaktvā ujjhitvā atheti etatsthūlaprāṇāyāmānantarabhāvi sūkṣmamāntaramiti madhyapathena recanācamanādirūpaṁ ca taṁ tyaktvā yato yasmātsūkṣmamapyatītaṁ paramamiti prāṇādyacitsphurattātma spandanaṁ labhyate..." - "(A expressão 'Prāṇādisthūlabhāvaṁ tu tyaktvā' significa) 'deixando ou abandonando o bhāva —condição, estado— bruto que consiste em expiração, inspiração, etc., e (se concentra) em prāṇa, etc., (ou seja,) em prāṇa, apāna e samāna'. (A frase 'sūkṣmamathāntaram' significa) 'e então, abandonando o sutil (prāṇāyāma) que ocorre imediatamente após esse prāṇāyāma bruto (e) cuja natureza é expiração, absorção, etc., por meio do caminho médio --de Suṣumnā--'. 'Yatas', (isto é,) 'a partir do qual' --a partir do abandono dos prāṇāyāma-s bruto e sutil--, obtém-se a Vibração Suprema (ou Spanda), que está inclusive além do prāṇāyāma sutil --por isso é Suprema-- e cuja natureza essencial é Sphurattā ou Consciência localizada imediatamente antes da energia vital --Prāṇa--...".
Em outras palavras, o Spanda não é nada mais que a Suprema Consciência do Eu, que está sempre antes de qualquer manifestação tal como energia vital, etc. Esse é o significado. Muito bem, agora tudo está completamente claro... obviamente, se você souber o que realmente são prāṇāyāma, Suṣumnā, etc. Se você não tiver nenhuma ideia, precisa reler os comentários sobre aforismos dessa escritura. Sinto muito, mas não posso explicar toda hora a mesma coisa, como você sabe, hehe. Certifique-se que você esteja bem familiarizado com esses termos sânscritos comuns, porque vai deparar-se constantemente com elas durante o seu estudo de Trika e outros sistemas filosóficos.
2 Kṣemarāja parece ter simplificado essa pequena porção, ou a leitura seria diferente. Leio do Netratantra VIII, 14: "... praviśeddhāma paramaṁ tatsvacetasā|" - "... entra-se no Estado Supremo com a sua própria mente como isso --isto é, como um conhecedor--".
Como "praviśet" é a conjugação do verbo "praviś" (entrar) no Modo Potencial, 3a P. singular (Parasmaipada), é geralmente traduzida como "ele(a) deve entrar". Mas, segundo o contexto, o Modo Potencial tem força de Tempo Presente e, como consequência, "praviśet" também pode ser traduzido corretamente como "ele(a) entra". É por isso que a minha tradução acima de "praviśet" está no Tempo Presente ("entra-se"), enquanto, no mesmo aforismo 21, traduzi essa conjugação como "deve-se entrar". Agora, você entende porque traduzi dessa maneira.
3 Novamente, visto que, nessa estrofe, o significado do termo "bodha" é obscuro, elucidarei esse sentido recorrendo ao Svacchandoddyota do eminente Kṣemarāja: "bodharūpeṇeti avikalpasaṁvitsparśenaiva" - "(a expressão) 'bodharūpeṇa' (significa) 'com o toque de uma consciência sem pensamentos'".
Aforismo 22
Dessa forma, no caso desse (Yogī) que entrou no Estado Supremo, quando há uma propagação --manifestação-- novamente devido à natureza essencial da Realidade, então—
Quando (ocorre) uma lenta, mas firme, propagação da energia vital (do Yogī, manifesta-se) a visão equânime, (isto é, o Yogī se dá conta da unidade subjacente em tudo)||22||
"Da energia vital (do Yogī)" (significa) "disso que foi consagrado por meio da fragrância de Śakti, que é a Mais Alta Sphurattā ou a reluzente consciência do Eu". (No aforismo, o termo "samācāre" é o caso Locativo singular de "samācāra". O prefixo "sam" em "samācāre" implica) "samyak" --derivado de "samyañc"-- (ou) "pela força de agarrar firmemente o (Ser) interior, no qual todos os nós estão abertos --desatados--"1 . (O prefixo) "ā" (em "samācāre") (indica) "um pouco lentamente para fora", (enquanto a palavra) "cāre" (em "samācāre") (significa) "na propagação" --ou seja, quando ocorre uma propagação--. (O termo) "sama" (em "samadarśanam") (indica) "aquilo que aparece uniformemente como uma massa de Consciência --Śiva-- e Bem-aventurança --Śakti--". (Finalmente,) "darśana" (significa) "consciência". (Assim,) segundo o sentido (das palavras) —que foi explicado em detalhes—, (samadarśana ou consciência que percebe tudo uniformemente como uma massa de Consciência e Bem-aventurança, isto é, "a visão equânime",) ocorre nesse (Yogī) sob todas as circunstâncias --isto é, em todos os estados de consciência, visto que eles estão completamente impregnados por Turya ou o Quarto Estado--. Esse é o significado|
(Isso) também foi dito no venerável Ānandabhairava:
"Após abandonar as práticas tradicionais, (o Yogī) deve recorrer ao não dualismo, que dá Libertação. Ele (contempla) de maneira equânime todos os deuses, e também as castas, as etapas da vida, etc.2 . Ele vê (todas) as coisas com equanimidade. Ele é livre de todos os vínculos"||
Por essa razão, declara-se, no (comentário sobre) a venerável Īśvarapratyabhijñā:
"Para aqueles que não possuem limitações (produzidas pela) suposição de espaço externo, etc., ainda que ocorra manifestação de intelecto (e) energia vital, (há) percepção de que a sua natureza essencial é o Ser do universo --resumindo, eles vêem que o seu ser é, na verdade, o Ser ou Alma do qual se compõe o universo--"||
||22||
1 No corpo sutil, encontram-se três nós (granthi-s) denominados Brahmagranthi, Viṣṇugranthi e Rudragranthi. Cada um desses nós marca uma limitação específica (um longo assunto!). Como o Ser interior é plenamente livre, foi designado poeticamente por Kṣemarāja como Aquele no qual todos os nós estão desatados. Esse é o significado.
2 O sistema de castas e etapas da vida é outro longo e complexo tema tratado em profundidade em muitas escrituras (por exemplo, o código de Manu). De qualquer forma, eis um resumo:
Há quatro castas: (1) Brāhmaṇa —sacerdotes—, (2) Kṣatriya —membros da ordem militar ou da ordem reinante—, (3) Vaiśya —pessoas que se ocupam do comércio e da agricultura— and (4) Śūdra —servos—. E existem quatro etapas da vida: (1) Brahmacārin —estudantes celibatários dos Veda-s até que atinjam 25 anos de idade—, (2) Gṛhastha —chefes de família; 25 a 50 anos—, (3) Vānaprastha —eremitas que deixaram as suas casas e famílias para dedicar-se a uma vida ascética na floresta; 50 a 75 amos— e (4) Sannyāsin —aqueles que renunciaram a todos os assuntos mundanos, de 75 em diante—.
Informação adicional
Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.
Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.