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 Śivasūtravimarśinī: Seção II (aforismos 1 a 10)

Tradução normal


 Introdução

A Śivasūtravimarśinī continua: Kṣemarāja continua a comentar os aforismos.

Este é o único grupo de 10 aforismos que formam a segunda Seção (que versa sobre Śāktopāya). Como você sabe, a obra inteira é composta dos 77 aforismos dos Śivasūtra-s mais os respectivos comentários.

É claro que também inserirei os aforismos de Śiva sobre os quais Kṣemarāja estiver comentando. Apesar de que não comentarei sobre os sūtra-s originais ou sobre o comentário de Kṣemarāja, escreverei algumas notas para esclarecer certos pontos sempre que for necessário. Se você quiser uma explicação detalhada dos significados ocultos dessa escritura, vá a "Escrituras (estudo)/Śivasūtravimarśinī" na seção Trika.

O Sânscrito de Kṣemarāja estará em verde escuro, enquanto os aforismos originais de Śiva serão exibidos em vermelho escuro. Por sua vez, dentro da transliteração, os aforismos originais estarão em marrom, enquanto os comentários de Kṣemarāja estarão em preto. Além disso, dentro da tradução, os aforismos oriiginais de Śiva, ou seja, os Śivasūtra-s, estarão em verde e preto, enquanto o comentário de Kṣemarāja terá palavras tanto em preto quanto em vermelho.

Leia a Śivasūtravimarśinī e experimente Supremo Deleite, querido Śiva.

Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.


Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.


Ao início


 Aforismo 1

इदानीं शाक्तोपायः प्रदर्श्यते। तत्र शक्तिर्मन्त्रवीर्यस्फाररूपेति प्रथमोन्मेषान्तसूत्रिततत्स्वरूपविवेचनपुरःसरमुन्मेषान्तरमारभमाणो मन्त्रस्वरूपं तावन्निरूपयति—


चित्तं मन्त्रः॥१॥


चेत्यते विमृश्यतेऽनेन परं तत्त्वमिति चित्तं पूर्णस्फुरत्तासतत्त्वप्रासादप्रणवादिविमर्शरूपं संवेदनं तदेव मन्त्र्यते गुप्तमन्तरभेदेन विमृश्यते परमेश्वररूपमनेनेति कृत्वा मन्त्रः। अत एव च परस्फुरत्तात्मकमननधर्मात्मता भेदमयसंसारप्रशमनात्मकत्राणधर्मता चास्य निरुच्यते।

अथ च मन्त्रदेवताविमर्शपरत्वेन प्राप्ततत्सामरस्यमाराधकचित्तमेव मन्त्रो न तु विचित्रवर्णसङ्घट्टनामात्रकम्। यदुक्तं श्रीमत्सर्वज्ञानोत्तरे

उच्चार्यमाणा ये मन्त्रा न मन्त्रांश्चापि तान्विदुः।
मोहिता देवगन्धर्वा मिथ्याज्ञानेन गर्विताः॥

इति। श्रीतन्त्रसद्भावेऽपि

मन्त्राणां जीवभूता तु या स्मृता शक्तिरव्यया।
तया हीना वरारोहे निष्फलाः शरदभ्रवत्॥

इति। श्रीश्रीकण्ठीयसंहितायां तु

पृथङ्मन्त्रः पृथङ्मन्त्री न सिद्ध्यति कदाचन।
ज्ञानमूलमिदं सर्वमन्यथा नैव सिद्ध्यति॥

इत्युक्तम्। एतच्च स्पन्दे

सहाराधकचित्तेन तेनैते शिवधर्मिणः॥

इति भङ्ग्या प्रतिपादितम्॥१॥

Idānīṁ śāktopāyaḥ pradarśyate| Tatra śaktirmantravīryasphārarūpeti prathamonmeṣāntasūtritatatsvarūpavivecanapuraḥsaramunmeṣāntaramārabhamāṇo mantrasvarūpaṁ tāvannirūpayati—


Cittaṁ mantraḥ||1||


Cetyate vimṛśyate'nena paraṁ tattvamiti cittaṁ pūrṇasphurattāsatattvaprāsādapraṇavādivimarśarūpaṁ saṁvedanaṁ tadeva mantryate guptamantarabhedena vimṛśyate parameśvararūpamaneneti kṛtvā mantraḥ| Ata eva ca parasphurattātmakamananadharmātmatā bhedamayasaṁsārapraśamanātmakatrāṇadharmatā cāsya nirucyate|

Atha ca mantradevatāvimarśaparatvena prāptatatsāmarasyamārādhakacittameva mantro na tu vicitravarṇasaṅghaṭṭanāmātrakam| Yaduktaṁ śrīmatsarvajñānottare

Uccāryamāṇā ye mantrā na mantrāṁścāpi tānviduḥ|
Mohitā devagandharvā mithyājñānena garvitāḥ||

iti| Śrītantrasadbhāve'pi

Mantrāṇāṁ jīvabhūtā tu yā smṛtā śaktiravyayā|
Tayā hīnā varārohe niṣphalāḥ śaradabhravat||

iti| Śrīśrīkaṇṭhīyasaṁhitāyāṁ tu

Pṛthaṅmantraḥ pṛthaṅmantrī na siddhyati kadācana|
Jñānamūlamidaṁ sarvamanyathā naiva siddhyati||

ityuktam| Etacca spande

Sahārādhakacittena tenaite śivadharmiṇaḥ||

iti bhaṅgyā pratipāditam||1||


Agora (idānīm), descreve-se (pradarśyate) (Śāktopāya,) o meio (upāyaḥ) que pertence a Śakti (śākta)1 |

A segunda (antaram) Seção (unmeṣa) primeiramente (tāvat) indaga (nirūpayati) sobre a natureza (sva-rūpam) do mantra (mantra), começando (ārabhamāṇaḥ) com (puraḥsaram) um exame (vivecana) da sua --do mantra-- (tad) característica essencial (sva-rūpa) tal como é declarada no aforismo (sūtrita) que está ao final (anta) da Primeira (prathama) Seção (unmeṣa). Nesse (aforismo) (tatra), (estabelece-se sucintamente que) "Śakti (śaktiḥ) é uma expansão (sphāra-rūpā) da fonte geradora --virilidade ou potência-- (vīrya) de (todos os) mantra-s (mantra... iti)"—


A mente (de alguém que constantemente reflete sobre a Mais Alta Reealidade) (cittam) (é) o Mantra (mantraḥ)||1||


Citta --nesse contexto-- (cittam) (é) "aquilo mediante o qual (anena) se reflete (cetyate) (e) investiga (vimṛśyate... iti) sobre o Princípio (tattvam) Supremo (param)". (Assim, é) consciência (saṁvedanam) cuja forma ou natureza (rūpam) (consiste em) um exame (vimarśa) de Prāsāda (prāsāda), Praṇava (praṇava), etc. (ādi)2 , que são a essência (satattva) da Perfeita (pūrṇa) Sphurattā --lit. "um vibrante fulgor", esse é um epíteto de Śakti, que é a própria consciência do Eu-- (sphurattā). Esse (tad) mesmo (eva) (Citta é) mantra (mantraḥ); (e mantra) é considerado como --lit. tendo assim considerado-- (iti kṛtvā) "isso por meio do qual (anena) se delibera (mantryate) secretamente (guptam) sobre a natureza (rūpam) do Senhor (īśvara) Supremo (parama), (ou seja, por meio do qual) se reflete (vimṛśyate) internamente (antar) em unidade (abhedena... iti)3  (sobre tal natureza)"|

A partir desse mesmo (fato) (atas eva ca), explica-se e interpreta-se (etimologicamente e como acróstico) (nirucyate) a sua --do mantra-- (asya) característica (dharma-ātmatā) de manana (ou refletir sobre) (manana) o que é feito (ātmaka) da Mais Alta (para) Sphurattā --lit. "um vibrante fulgor", como mencionado anteriormente; em suma, "a consciência do Eu"-- (sphurattā), assim como (ca) (a sua) outra característica (dharmatā) de trāṇa (ou proteção) (trāṇa), que consiste em (ātmaka) uma terminação ou conclusão (praśamana) do Saṁsāra --existência transmigratória-- (saṁsāra) cheio de (maya) diferença ou dualidade (bheda)4 |

Além disso (atha ca), (é) apenas (eva) a mente (cittam) do devoto (ārādhaka) que alcançou união (prāpta... sāmarasyam) com Isso --o Ser Supremo-- (tad) por estar completamente dedicada a (paratvena) uma intensa consciência (vimarśa) da deidade (devatā) do mantra (mantra), (que é) mantra (mantraḥ), e não (na tu) a assim chamada (nāma-atrakam) conglomeração (saṅghaṭṭa) de múltiplas (vicitra) letras (varṇa)|

Isso (yad) é dito (uktam) no muito venerável (śrīmat) Sarvajñānottara (sarvajñānottare):

"Os que (ye) são pronunciados (uccāryamāṇāḥ) não são (na) mantra-s (mantrāḥ). E (ca) inclusive (api) os iludidos (mohitāḥ) (e) presumidos (garvitāḥ) deuses e músicos celestiais (deva-gandharvāḥ), devido ao conhecimento ilusório (mithyā-jñānena), consideram (viduḥ) esses (tān) como mantra-s (mantrān... iti)"||

(A mesma verdade foi estabelecida) também (api) no venerável Tantrasadbhāva (śrī-tantrasadbhāve):

"Aquela que (yā) é considerada como (smṛtā) a imperecível (avyayā) Śakti (śakti) --isto é, a consciência do Eu-- é (bhūtā) certamente (tu) a alma (jīva) dos mantra-s (mantrāṇām). Oh bela (vara-ārohe)!, sem (hīnāḥ) Ela (tayā), eles --os mantra-s-- são infrutíferos (niṣphalāḥ) como (vat) nuvens (abhra... iti) de outono (śarad) --porque essas nuvens não produzem nenhuma chuva--"||

Foi dito (uktam) na muito venerável Kaṇṭhīyasaṁhitā (śrī-śrī-kaṇṭhīyasaṁhitāyām tu):

"(Se) o mantra (mantraḥ) (e) o praticante do mantra (mantrī) forem diferentes um do outro (pṛthak... pṛthak), (então, tal mantra) nunca (na... kadācana) terá sucesso (siddhyati). Tudo (sarvam) isso (idam) (é) a raiz (mūlam) do conhecimento (jñāna) (em Mantrayoga.) Não (na eva) terá sucesso (siddhyati) (se for praticado) de outro modo (anyathā)"||

Nas Spandakārikā-s (spande), isso (etad ca) é explicado (pratipāditam) indiretamente (bhaṅgyā):

"... junto (saha) com a mente (cittena) dos (seus) adoradores (ārādhaka). Portanto (tena), esses (Mantra-s) (ete) têm a natureza (dharmiṇaḥ) de Śiva (śiva... iti)"||
(Ver Spandakārikā-s II, 2)

||1||

1  Em suma, começou a Segunda Seção, que versa sobre o meio ou método que utiliza o ponto de vista de Śakti.Return 

2  Prāsāda é o termo técnico do mantra Sauḥ, o qual estudo em detalhes na Parāprāveśikā. Existem vários tipos de Praṇava, como explico em Meditação 6, mas, nesse contexto, significa Śaivapraṇava (ou seja, Hūm̐).Return 

3  Por meio de um mantra, delibera-se em segredo sobre a natureza do Senhor Supremo, isto é, reflete-se sobre ele internamente enquanto, ao mesmo tempo, conserva-se completa unidade com o Senhor Supremo (a deidade do mantra) e o próprio mantra. E esse é o segredo da murmuração de um mantra: a pessoa, o Senhor e o mantra são a mesma coisa. Se uma pessoa que murmura um mantra fracassar em fazê-lo assim (isto é, se não puder alcançar e conservar esse dar-se conta sobre a inerente unidade entre ela, o Senhor e o mantra), então o mantra não produz frutos adequados. E não há dúvidas sobre isso.Return 

4  Etimologicamente, o termo "mantra" provém da raiz "man" (pensar). Por isso, um dos primeiros significados literais dessa palavra é "instrumento de pensamento". Mas, como acróstico, "mantra" vem de manana + trāṇa, que é "reflexão + proteção". A conhecida definição de "mantra" como "मननात्त्रायत इति मन्त्रः" - "mananāttrāyata iti mantraḥ" ou "mantra é aquilo que protege por meio da reflexão" mostra claramente o acróstico. Em conclusão: um mantra é aquilo que protege quem reflete nele. O mantra protege no sentido de que termina a existência transmigratória, ou seja, a contínua identificação com os sempre mutáveis pensamentos, sentimentos, etc., o que é um sinal de escravidão. De qualquer forma, a existência transmigratória pode ser entendida também como nascer para morrer e morrer para nascer.Return 

Ao início


 Aforismo 2

अस्य च—


प्रयत्नः साधकः॥२॥


यथोक्तरूपस्य मन्त्रस्यानुसन्धित्साप्रथमोन्मेषावष्टम्भप्रयतनात्मा अकृतको यः प्रयत्नः स एव साधको मन्त्रयितुर्मन्त्रदेवतातादात्म्यप्रदः। तदुक्तं श्रीतन्त्रसद्भावे

आमिषं तु यथा खस्थः सम्पश्यञ्शकुनिः प्रिये।
क्षिप्रमाकर्षयेद्यद्वद्वेगेन सहजेन तु॥
तद्वदेव हि योगीन्द्रो मनो बिन्दुं विकर्षयेत्।
यथा शरो धनुःसंस्थो यत्नेनाताड्य धावति॥
तथा बिन्दुर्वरारोह उच्चारेणैव धावति॥

इति। अन्यत्रापि

तद्ग्रहो मन्त्रसद्भावः...।

इति। अत्र हि तद्वदित्यकृतकनिजोद्योगबलेन योगीन्द्रो मनः कर्म बिन्दुं विकर्षयेत्परप्रकाशात्मतां प्रापयेदिति। तथा बिन्दुः परप्रकाशोऽकृतकोद्यन्तृतात्मनोच्चारेण धावति प्रसरतीत्यर्थः। एतच्च स्पन्दे

अयमेवोदयस्तस्य ध्येयस्य ध्यायिचेतसि।
तदात्मतासमापत्तिरिच्छतः साधकस्य या॥

इत्यनेनोक्तम्॥२॥

Asya ca—


Prayatnaḥ sādhakaḥ||2||


Yathoktarūpasya mantrasyānusandhitsāprathamonmeṣāvaṣṭambhaprayatanātmā akṛtako yaḥ prayatnaḥ sa eva sādhako mantrayiturmantradevatātādātmyapradaḥ| Taduktaṁ śrītantrasadbhāve

Āmiṣaṁ tu yathā khasthaḥ sampaśyañśakuniḥ priye|
Kṣipramākarṣayedyadvadvegena sahajena tu||
Tadvadeva hi yogīndro mano binduṁ vikarṣayet|
Yathā śaro dhanuḥsaṁstho yatnenātāḍya dhāvati||
Tathā bindurvarāroha uccāreṇaiva dhāvati||

iti| Anyatrāpi

Tadgraho mantrasadbhāvaḥ...|

iti| Atra hi tadvadityakṛtakanijodyogabalena yogīndro manaḥ karma binduṁ vikarṣayetparaprakāśātmatāṁ prāpayediti| Tathā binduḥ paraprakāśo'kṛtakodyantṛtātmanoccāreṇa dhāvati prasaratītyarthaḥ| Etacca spande

Ayamevodayastasya dhyeyasya dhyāyicetasi|
Tadātmatāsamāpattiricchataḥ sādhakasya yā||

ityanenoktam||2||


E (ca), desse (mantra) (asya)


(O entusiasmado e espontâneo) esforço (prayatnaḥ) (é) efetivo para o alcance do êxito (sādhakaḥ)||2||


Prayatna (prayatnaḥ) (é) esse (yaḥ) espontâneo (akṛtakaḥ) esforço (prayatana-ātmā) baseado em apoderar-se firmemente (avaṣṭambha) do primeiro (prathama) surgimento (unmeṣa) do desejo de explorar (anusandhitsā) o mantra (mantrasya), cuja natureza (rūpasya) foi previamente mencionada (no primeiro aforismo) (yathā ukta)1 . (E) esse (prayatna) (saḥ) (é) efetivo para o alcance do êxito (sādhakaḥ), (ou seja,) concede (pradaḥ) identidade (tādātmya) com a deidade (devatā) do mantra (mantra) àquele que reflete sobre o mantra (mantrayituḥ) --em suma, prayatna faz com que alguém se dê conta de que é a deidade do mantra, isto é, o Senhor Supremo--|

Essa (mesma verdade) (tad) é declarada (uktam) no venerável Tantrasadbhāva (śrī-tantrasadbhāve):

"Oh querida (priye)!, assim como (yathā... yad-vat) um pássaro (śakuniḥ) no céu (kha-sthaḥ), ao ver (sampaśyan) carne (āmiṣam) (no chão), certamente (tu... tu) puxa(-a) em direção a ele (ākarṣayet) rapidamente (kṣipram) com natural impulso e impetuosidade (vegena sahajena), da mesma forma (tad-vat), sem dúvida (eva hi), o principal (indraḥ) entre os Yogī-s (yogi) arrasta (vikarṣayet) a (sua) mente (manas) em direção a Bindu (bindum)2 . Assim como (yathā) uma flecha (śaraḥ) posta em (saṁsthaḥ) um arco (dhanus) corre (em direção ao alvo) (dhāvati) após esticar (o arco) (ātāḍya) com esforço (yatnena), da mesma forma (tathā), oh bela (vara-ārohe)!, Bindu (binduḥ) corre --flui, avança, expande-se-- (dhāvati) por meio de uccāra --movimento da mente para cima, ou seja, em direção a Bindu-- (uccāreṇa eva... iti)"||

Também (api) (foi estabelecido) em outro lugar (anyatra):

"A apreensão --o dar-se conta-- (grahaḥ) Disso --o Senhor Supremo-- (tad) (é) o verdadeiro (sat) ser --essência-- (bhāvaḥ) do mantra (mantra... iti)..."|

Aqui --nos versos do Tantrasadbhāva citados anteriormente-- (atra hi), (o termo) "tadvat" --da mesma forma-- (tad-vat iti) (indica) que o principal (indraḥ) entre os Yogī-s (yogi), por meio (balena) do seu próprio (nija) (e) espontâneo (akṛtaka) esforço (udyoga), arrasta (vikarṣayet) a mente (manas), (que deve ser considerada, nesse contexto, como) karma ou o objeto (em construção ativa) (karma)3 , em direção a Bindu (bindum). (Em outras palavras,) "ele faz com que (a sua mente) alcance (prāpayet) a Mais Alta (para) Luz da Consciência (prakāśa-ātmatām... iti)"|

"Mesmo assim (tathā), Bindu (binduḥ), a Suprema (para) Luz do Ser (prakāśaḥ), corre (dhāvati), (isto é,) move-se, expande-se (prasarati), por meio de uccāra (uccāreṇa), que é (ātmanā) uma espontânea (akṛtaka) elevação (udyantṛtā) (da mente)". Esse é o significado (iti arthaḥ)|

Isso (etad ca) foi descrito (uktam) nas Spandakārikā-s (spande) por meio deste (aforismo) (anena):

"Somente (eva) isso (ayam) (é) o surgimento (udayaḥ) desse (tasya) objeto de meditação (dhyeyasya) na mente (cetasi) do meditador (dhyāyi). (Em suma,) para um sādhaka ou aspirante espiritual (sādhakasya) com vontade firme (icchataḥ), há um dar-se conta (samāpattiḥ... yā) da (sua) identidade (com esse dhyeya ou objeto de meditação) (tadātmatā... iti)"||
(Ver Spandakārikā-s II, 6)

||2||

1  Prayatna é o entusiasmado e espontâneo esforço baseado em apoderar-se firmemente do primeiro surgimento do desejo de indagar sobre o mantra. Quando emerge esse desejo pela primeira vez enquanto alguém repete um mantra, apoderar-se dele de maneira espontânea e firme é prayatna.Return 

2  Em Trika, o termo "bindu" significa tantas coisas diferentes que é quase esmagadora a tarefa de explicar todos os possíveis significados por meio de uma simples nota explicativa. De qualquer maneira, nesse contexto, significa a não dividida Luz da Consciência, isto é, a Luz do próprio Ser.Return 

3  "Karma" é utilizado aqui como um termo técnico da gramática sânscrita. Significa o objeto relacionado a uma certa ação realizada pelo sujeito ou "kartṛ". Eesse contexto, a construção é ativa e, por isso, a palavra "manas" (mente) está declinada no caso Acusativo. Por outro lado, se a construção fosse passiva, o termo "manas" teria que ser declinado no caso Nominativo. Pode ser que você diga "Oh, meu Deus, que difícil!", e você teria razão, hehe, mas, de qualquer forma, darei a você agora um exemplo simples em português:
"Ele move a mente" - Construção ativa; nesse caso, "a mente" é o objeto da ação "mover", e "ele" é o sujeito. Por sua vez, em Sânscrito, "a mente" deveria estar declinada no caso Acusativo.
"A mente é movida por ele" - Construção passiva; "a mente" continua continua a ser o objeto da ação, mas, em Sânscrito, deve estar declinada no caso Nominativo.
Ainda assim, como o termo "manas" é um substantivo neutro terminado em "as", tanto o caso Nominativo quanto o Acusativo coincidem um com o outro no número singular (em dual e plural também, mas o termo muda para "manasī" e "manāṁsi" respectivamente), ou seja, ambos os casos usam a mesma palavra no singular: "manas". Assim, você não detectará a diferença, a menos que seja suficientemente proficiente em gramática sânscrita. Entretanto, com outros substantivos, por exemplo, "yoga", você notará a diferença muito facilmente, porque o Nominativo e o Acusativo no singular são diferentes: "yogaḥ" (Nominativo) and "yogam" (Acusativo). Finalmente, se você não tiver a menor ideia do que estou falando, opa, realmente precisa ler Declinação (1)!Return 

Ao início


 Aforismo 3

ईदृशसाधकसाध्यस्य मन्त्रस्य पूर्वोपक्षिप्तं वीर्यं लक्षयति—


विद्याशरीरसत्ता मन्त्ररहस्यम्॥३॥


विद्या पराद्वयप्रथा शरीरं स्वरूपं यस्य स विद्याशरीरो भगवान् शब्दराशिस्तस्य या सत्ताशेषविश्वाभेदमयपूर्णाहंविमर्शनात्मा स्फुरत्ता सा मन्त्राणां रहस्यमुपनिषत्। यदुक्तं श्रीतन्त्रसद्भावे

सर्वे वर्णात्मका मन्त्रास्ते च शक्त्यात्मकाः प्रिये।
शक्तिस्तु मातृका ज्ञेया सा च ज्ञेया शिवात्मिका॥

इति। तत्रैव चायमर्थोऽतिरहस्योऽपि वितत्य स्फुटीकृतः। तथा च

न जानन्ति गुरुं देवं शास्त्रोक्तान्समयांस्तथा।
दम्भकौटिल्यनिरता लौल्यार्थाः क्रिययोज्झिताः॥
अस्मात्तु कारणाद्देवि मया वीर्यं प्रगोपितम्।
तेन गुप्तेन ते गुप्ताः शेषा वर्णास्तु केवलाः॥

इति पीठिकाबन्धं कृत्वा

या सा तु मातृका देवि परतेजःसमन्विता।
तया व्याप्तमिदं विश्वं सब्रह्मभुवनान्तकम्॥
तत्रस्थं च सदा देवि व्यापितं च सुरार्चिते।
अवर्णस्थो यथा वर्णः स्थितः सर्वगतः प्रिये॥
तथाहं कथयिष्यामि निर्णयार्थं स्फुटं तव।

इत्युपक्रम्य

या सा शक्तिः परा सूक्ष्मा निराचारेति कीर्तिता॥
हृद्बिन्दुं वेष्टयित्वान्तः सुषुप्तभुजगाकृतिः।
तत्र सुप्ता महाभागे न किञ्चिन्मन्यत उमे॥
चन्द्राग्निरविनक्षत्रैर्भुवनानि चतुर्दश।
क्षिप्त्वोदरे तु या देवी विषमूढेव सा गता॥
प्रबुद्धा सा निनादेन परेण ज्ञानरूपिणा।
मथिता चोदरस्थेन विन्दुना वरवर्णिनि॥
तावद्वै भ्रमवेगेन मथनं शक्तिविग्रहे।
भेदात्तु प्रथमोत्पन्ना विन्दवस्तेऽतिवर्चसः॥
उत्थिता तु यदा तेन कला सूक्ष्मा तु कुण्डली।
चतुष्कलमयो विन्दुः शक्तेरुदरगः प्रभुः॥
मथ्यमन्थनयोगेन ऋजुत्वं जायते प्रिये।
ज्येष्ठाशक्तिः स्मृता सा तु विन्दुद्वयसुमध्यगा॥
विन्दुना क्षोभमायाता रेखैवामृतकुण्डली।
रेखिणी नाम सा ज्ञेया उभौ विन्दू यदन्तगौ॥
त्रिपथा सा समाख्याता रौद्री नाम्ना तु गीयते।
रोधिनी सा समुद्दिष्टा मोक्षमार्गनिरोधनात्॥
शशाङ्कशकलाकारा अम्बिका चार्धचन्द्रिका।
एकैवेत्थं परा शक्तिस्त्रिधा सा तु प्रजायते॥
आभ्यो युक्तवियुक्ताभ्यः सञ्जातो नववर्गकः।
नवधा च स्मृता सा तु नववर्गोपलक्षिता॥
पञ्चमन्त्रगता देवि सद्य आदिरनुक्रमात्।
तेन पञ्चविधा प्रोक्ता ज्ञातव्या सुरनायिके॥
स्वरद्वादशगा देवि द्वादशस्था उदाहृता।
अकारादिक्षकारान्ता स्थिता पञ्चाशता भिदा॥
हृत्स्था एकाणवा प्रोक्ता कण्ठे प्रोक्ता द्वितीयका।
त्रिराणवा तु ज्ञातव्या जिह्वामूले सदा स्थिता॥
जिह्वाग्रे वर्णनिष्पत्तिर्भवत्यत्र न संशयः।
एवं शब्दस्य निष्पत्तिः शब्दव्याप्तं चराचरम्॥

इत्यादिना ग्रन्थेन परभैरवीयपरावाक्शक्त्यात्मकमातृकात एव ज्येष्ठारौद्र्यम्बाख्यशक्तिप्रसरसम्भेदवैचित्र्येण सर्ववर्णोदयस्योक्तत्वाद्वर्णसङ्घट्टनाशरीराणां मन्त्राणां सैव भगवती व्याख्यातरूपा विद्याशरीरसत्ता रहस्यमिति प्रदर्शितम्। प्रत्यागमं च मातृकामालिनीप्रस्तारपूर्वकं मन्त्रोद्धारकथनस्यायमेवाशयः। रहस्यागमसारसङ्ग्रहरूपत्वाच्छिवसूत्राणामागमसंवादे भरोऽस्माभिः कृत इति नास्मभ्यमसूयितव्यम्। एवमपि संवादित आगमे यदि रहस्यार्थो न बुद्ध्यते तस्मात्सद्गुरुसपर्या कार्या। एष च सूत्रार्थः

तदाक्रम्य बलं मन्त्राः...।

इत्यनेन कारिकाद्वयेन स्पन्दे दर्शितः॥३॥

Īdṛśasādhakasādhyasya mantrasya pūrvopakṣiptaṁ vīryaṁ lakṣayati—


Vidyāśarīrasattā mantrarahasyam||3||


Vidyā parādvayaprathā śarīraṁ svarūpaṁ yasya sa vidyāśarīro bhagavān śabdarāśistasya yā sattāśeṣaviśvābhedamayapūrṇāhaṁvimarśanātmā sphurattā sā mantrāṇāṁ rahasyamupaniṣat| Yaduktaṁ śrītantrasadbhāve

Sarve varṇātmakā mantrāste ca śaktyātmakāḥ priye|
Śaktistu mātṛkā jñeyā sā ca jñeyā śivātmikā||

iti| Tatraiva cāyamartho'tirahasyo'pi vitatya sphuṭīkṛtaḥ| Tathā ca

Na jānanti guruṁ devaṁ śāstroktānsamayāṁstathā|
Dambhakauṭilyaniratā laulyārthāḥ kriyayojjhitāḥ||
Asmāttu kāraṇāddevi mayā vīryaṁ pragopitam|
Tena guptena te guptāḥ śeṣā varṇāstu kevalāḥ||

iti pīṭhikābandhaṁ kṛtvā

Yā sā tu mātṛkā devi paratejaḥsamanvitā|
Tayā vyāptamidaṁ viśvaṁ sabrahmabhuvanāntakam||
Tatrasthaṁ ca sadā devi vyāpitaṁ ca surārcite|
Avarṇastho yathā varṇaḥ sthitaḥ sarvagataḥ priye||
Tathāhaṁ kathayiṣyāmi nirṇayārthaṁ sphuṭaṁ tava|

ityupakramya

Yā sā śaktiḥ parā sūkṣmā nirācāreti kīrtitā||
Hṛdbinduṁ veṣṭayitvāntaḥ suṣuptabhujagākṛtiḥ|
Tatra suptā mahābhāge na kiñcinmanyata ume||
Candrāgniravinakṣatrairbhuvanāni caturdaśa|
Kṣiptvodare tu yā devī viṣamūḍheva sā gatā||
Prabuddhā sā ninādena pareṇa jñānarūpiṇā|
Mathitā codarasthena vindunā varavarṇini||
Tāvadvai bhramavegena mathanaṁ śaktivigrahe|
Bhedāttu prathamotpannā vindavaste'tivarcasaḥ||
Utthitā tu yadā tena kalā sūkṣmā tu kuṇḍalī|
Catuṣkalamayo vinduḥ śakterudaragaḥ prabhuḥ||
Mathyamanthanayogena ṛjutvaṁ jāyate priye|
Jyeṣṭhāśaktiḥ smṛtā sā tu vindudvayasumadhyagā||
Vindunā kṣobhamāyātā rekhaivāmṛtakuṇḍalī|
Rekhiṇī nāma sā jñeyā ubhau vindū yadantagau||
Tripathā sā samākhyātā raudrī nāmnā tu gīyate|
Rodhinī sā samuddiṣṭā mokṣamārganirodhanāt||
Śaśāṅkaśakalākārā ambikā cārdhacandrikā|
Ekaivetthaṁ parā śaktistridhā sā tu prajāyate||
Ābhyo yuktaviyuktābhyaḥ sañjāto navavargakaḥ|
Navadhā ca smṛtā sā tu navavargopalakṣitā||
Pañcamantragatā devi sadya ādiranukramāt|
Tena pañcavidhā proktā jñātavyā suranāyike||
Svaradvādaśagā devi dvādaśasthā udāhṛtā|
Akārādikṣakārāntā sthitā pañcāśatā bhidā||
Hṛtsthā ekāṇavā proktā kaṇṭhe proktā dvitīyakā|
Trirāṇavā tu jñātavyā jihvāmūle sadā sthitā||
Jihvāgre varṇaniṣpattirbhavatyatra na saṁśayaḥ|
Evaṁ śabdasya niṣpattiḥ śabdavyāptaṁ carācaram||

ityādinā granthena parabhairavīyaparāvākśaktyātmakamātṛkāta eva jyeṣṭhāraudryambākhyaśaktiprasarasambhedavaicitryeṇa sarvavarṇodayasyoktatvādvarṇasaṅghaṭṭanāśarīrāṇāṁ mantrāṇāṁ saiva bhagavatī vyākhyātarūpā vidyāśarīrasattā rahasyamiti pradarśitam| Pratyāgamaṁ ca mātṛkāmālinīprastārapūrvakaṁ mantroddhārakathanasyāyamevāśayaḥ| Rahasyāgamasārasaṅgraharūpatvācchivasūtrāṇāmāgamasaṁvāde bharo'smābhiḥ kṛta iti nāsmabhyamasūyitavyam| Evamapi saṁvādita āgame yadi rahasyārtho na buddhyate tasmātsadgurusaparyā kāryā| Eṣa ca sūtrārthaḥ

Tadākramya balaṁ mantrāḥ...|

ityanena kārikādvayena spande darśitaḥ||3||


(O seguinte aforismo) tem em vista (lakṣayati) a previamente (pūrva) mencionada (upakṣiptam)1  fonte geradora --virilidade ou potência-- (vīryam) do mantra (mantrasya) que deve ser consumado (sādhyasya) por esse (īdṛśa) aspirante (sādhaka) (que faz um esforço entusiasmado e espontâneo)


A (luminosa) Existência ou Ser (da Perfeita Consciência do Eu) (sattā), (a qual consiste em grande número de palavras) cuja essência (śarīra) (é) o conhecimento (do mais alto não dualismo) (vidyā), (é) o segredo (rahasyam) do Mantra (mantra)||3||


(O composto atributivo --também conhecido como Bahuvrīhi--) "vidyāśarīra" (vidyā-śarīraḥ)2  (significa) aquilo (saḥ) cuja (yasya) essência (śarīram) (ou) natureza (sva-rūpam) é conhecimento (vidyā), isto é, conhecimento (prathā) do mais alto (para) não dualismo (advaya). (Esse vidyāśarīra) é uma gloriosa (bhagavān) multidão (rāśiḥ) de palavras (śabda). Aquela que (yā) (é) a (luminosa) Existência ou Ser (sattā) desse (vidyāśarīra não é outra que) Sphurattā --lit. "um vibrante fulgor", esse é um epíteto de Śakti-- (sphurattā), cuja natureza (ātmā) (é) a perfeita (pūrṇa) consciência do Eu (aham-vimarśana), que não é diferente --lit. cheia de unidade-- (abheda-maya) do universo (viśva) inteiro (aśeṣa). (E) Ela --i.e. Sphurattā ou a divina Śakti-- (sā) (é) o segredo (rahasyam)(ou) mistério (upaniṣad) dos mantra-s (mantrāṇām)3 "|

Isso (yad) foi dito (também) (uktam) no venerável Tantrasadbhāva (śrī-tantrasadbhāve):

"Oh querida (priye)!, todos (sarve) os mantra-s (mantrāḥ) são compostos de (ātmakāḥ) letras (varṇa) e (ca) elas (te) (são) formas (ātmakāḥ) de Śakti (śakti). Śakti (śaktiḥ) é conhecida (jñeyā) como Mātṛkā (mātṛkā)4 , certamente (tu), e (ca) Ela --Mātṛkā-- (sā) é conhecida (jñeyā) como possuidora da natureza (ātmikā) de Śiva (śiva... iti)"||

Nessa mesma (escritura) --no Tantrasadbhāva-- (tatra eva ca), esse (ayam) assunto (arthaḥ), embora (api) excessivamente (ati) secreto (rahasyaḥ), foi exibido com clareza (vitatya sphuṭīkṛtaḥ)|

Consequentemente (tathā ca), após fazer (kṛtvā) (a seguinte) composição (bandham) introdutória (pīṭhikā) (como advertência):

"(As pessoas) não (na) sabem (jānanti) que o Guru (gurum) é Deus (devam), nem --lit. bem como-- (tathā) (conhecem) as práticas (samayān) enunciadas (uktān) nas escrituras (śāstra). Estão apegadas (niratāḥ) à hipocrisia (dambha) (e) à desonestidade (kauṭilya), têm como meta a luxúria (laulya-arthāḥ) (e) estão desprovidas de (ujjhitāḥ) kriyā ou atividade espiritual (kriyayā). Por essa razão (asmāt tu kāraṇāt), oh deusa (devi)!, a fonte geradora --virilidade ou potência-- (dos mantra-s) (vīryam) foi ocultada (pragopitam) por Mim (mayā). Devido a essa ocultação (tena guptena), eles --os mantra-s-- (te) (são) protegidos e preservados (guptāḥ). O que resta (śeṣāḥ) (são) apenas (kevalāḥ) letras (varṇāḥ), certamente (tu.. iti)"||

(Śiva) começa (a Sua explicação desse mistério) --lit. tendo começado-- (upakramya):

"Aquela que (yā sā) (é conhecida como) Mātṛkā (mātṛkā) (está) verdadeiramente (tu) repleta (samanvitā) do mais alto (para) esplendor (tejas). Este (idam) universo (viśvam), desde Brahmā --o Criador-- (sa-brahma) até o último (antakam) dos mundos (bhuvana), está impregnado (vyāptam) por Ela (tayā). Oh deusa (devi), adorada (arcite) pelos deuses (sura)!, (esse mais alto esplendor) sempre (sadā) reside (stham) ali --em Mātṛkā-- (tatra) e (ca... ca) está repleto (Dela) (vyāpitam). Oh querida (priye)!, portanto (tathā), Eu (aham) direi (kathayiṣyāmi) a você (tava) claramente (sphuṭam), para (artham) assegurar(-te) por completo (nirṇaya), como (yathā) Aquilo que está (sthaḥ) na letra (varṇa) "a" (a) --isto é, Śiva, o Senhor Supremo-- é (sthitaḥ) onipresente (sarvagataḥ) em (todas) as letra(s) (do alfabeto) (varṇaḥ)"|

(Śiva continua a dizer):

"Essa (sā) Śakti ou (divino) Poder (śaktiḥ) é descrita como (kīrtitā) 'suprema (parā), sutil (sūkṣmā) (e) desprovida de ācāra --regras de conduta, práticas espirituais, etc.-- (nirācārā iti)'. (Ela,) encerrando (veṣṭayitvā) dentro de Si (antar) o Bindu (bindum) do coração (hṛd), aparece na forma (ākṛtiḥ) de uma serpente (bhujaga) dormindo profundamente (suṣupta)5 . Oh grandemente afortunada (mahābhāge) Umā (ume)!, enquanto dorme (suptā) ali (tatra), Ela não pensa em nada (na kiñcid manyate). Tendo lançado (kṣiptvā) dentro do (Seu) ventre (udare tu) os quatorze (caturdaśa) mundos (bhuvanāni) junto com a lua (candra), fogo (agni), sol (ravi) (e) estrelas --nakṣatra-- (nakṣatraiḥ), essa (yā... sā) deusa (devī) parece (gatā) como se (iva) (estivesse) inconsciente (mūḍhā) devido ao veneno (viṣa) --ou seja, após manifestar o universo inteirno, Ela permanece dormindo profundamente ali, como se estivesse inconsciente--.

(Então,) oh bela (vara-varṇini)!, Ela (sā) acorda (prabuddhā) com a vibração (ninādena) do mais elevado (pareṇa) conhecimento (jñāna-rūpiṇā), ao ser agitada (mathitā ca) por Vindu --Bindu ou Vindu é a mesma coisa, já que "b" e "v" são geralmente intercambiáveis-- (vindunā) que está situado (sthena) no ventre (Dela) (udara). A agitação (mathanam) (continua) por um tempo, realmente (tāvat vai), com força (vegena) rotativa (bhrama) no corpo (vigrahe) de Śakti (śakti), (até que,) com a penetração (de Bindu) (bhedāt tu), sejam produzidos (utpannāḥ), primeiramente --a princípio-- (prathama), Bindu-s (adicionais) --gotas de luz-- (vindavaḥ). Eles --os Bindu-s ou gotas de luz-- (te) (são) muito brilhantes e cheios de grande esplendor (ativarcasaḥ).

No entanto (tu), quando (yadā) a sutil (sūkṣmā tu) Kalā Kuṇḍalī --a Kalā ou Śakti com forma de anel-- (kalā... kuṇḍalī) é despertada (utthitā) por isso --pela vibração do mais alto conhecimento-- (tena), (então,) oh querida (priye)!, o poderoso (prabhuḥ) Vindu (vinduḥ) de quatro fases (catuṣkala-mayaḥ) que mora (gaḥ) no ventre (udara) de Śakti (śakteḥ) se endireita (ṛjutvam jāyate) pela união (yogena) do que agita --Śiva na forma de Vindu-- (manthana) (e) do que é agitado --Śakti-- (mathya). A śakti ou poder (śaktiḥ) que passa (gā) exatamente pelo meio (su-madhya) do par (dvaya) de Vindu-s --isto é, de Śiva e Śakti-- (vindu) é denominada (smṛtā... tu) Jyeṣṭhā (jyeṣṭhā).

(Além disso,) quando Ela é agitada (kṣobham āyātā) por Vindu (vindunā), a mesma linha reta (rekhā eva) (é conhecida como) Amṛtakuṇḍalī (amṛta-kuṇḍalī). (Por sua vez,) Ela (sā) é conhecida (também) (jñeyā) pelo nome (nāma) de Rekhiṇī --aquilo cuja forma é uma linha reta-- (rekhiṇī), ao final (anta) da qual --isto é, de Rekhiṇī-- (yad) estão (gau) ambos (ubhau) os Vindu-s --o de Śiva acima, e o de Śakti abaixo-- (vindū). Ela (sā) se chama (samākhyātā) Tripathā --aquela que tem três cursos ou caminhos-- (śakti) (e também) é conhecida (gīyate) pelo nome (nāmnā tu) de Raudrī (raudrī). Ela (sā) é designada como (samuddiṣṭā) Rodhinī (rodhinī), pois obstrói (nirodhanāt) o caminho (mārga) até a Libertação Final (mokṣa).

(Finalmente,) Ambikā (ambikā ca), cuja forma (ākārā) consiste em um pedaço (śakala) de lua (śaśa-aṅka), (é) como uma meia-lua (ardhacandrikā). Dessa forma (ittham), a Mais Alta (parā) Śakti (śaktiḥ), (que é) somente (eva) uma (ekā), aparece (sā... prajāyate), certamente (tu), de três maneiras (tridhā) --a saber, Jyeṣṭhā, Raudrī e Ambikā--. Através dessas (três formas de Śakti) (ābhyaḥ), por meio de uniões e disjunções (yukta-viyuktābhyaḥ), engendram-se (sañjātaḥ) os nove (nava) grupos (de letras) (vargakaḥ). E (ca) Ela (sā tu), estando caracterizada (upalakṣitā) por nove (nava) grupos (de letras) (varga), é descrita (smṛtā) de nove maneiras (navadhā).

Oh deusa (devi)!, Ela está contida (gatā) nos cinco (pañca) mantra-s (mantra) (chamados) Sadyojāta (sadya), etc. (ādiḥ), sucessivamente (anukramāt). Por essa razão (tena), oh líder (nāyike) dos deuses (sura)!, Ela é descrita (proktā) (e) deve ser conhecida (jñātavyā) de cinco maneiras (pañcavidhā). Oh deusa (devi)!, diz-se que Ela (udāhṛtā) está (sthā) em doze (dvādaśa), (já que) Ela existe (gā) nas doze (dvādaśa) vogais (svara). Ela está presente (sthitā) desde a letra (kāra-ādi) 'a' (a) até a letra (kāra-antā) 'kṣa' (kṣa) na forma de cinquenta (pañcāśatā) variedades (bhidā).

(Enquanto) permanece (sthā) no coração (hṛd), diz-se que Ela (proktā) consiste de um átomo (eka-āṇavā); (e), na garganta (kaṇṭhe), diz-se que Ela (proktā) é composta de dois (átomos) (dvitīyakā). No entanto (tu), sempre (sadā) situada (sthitā) na raiz (mūle) da língua (jihvā), Ela é conhecida como (jñātavyā) estando formada por três átomos (tris-āṇavā). Na ponta (agre) da língua (jihvā), existe produção (niṣpattiḥ) de letras (varṇa) (e) não há nenhuma (na) dúvida (saṁśayaḥ) sobre isso (atra). A produção (niṣpattiḥ) de palavra(s) (śabdasya) (ocorre) dessa forma (evam). (O mundo, que é) o conjunto de todas as coisas criadas, animadas ou inanimadas (cara-acaram), está impregnado (vyāptam) de palavras (śabda)"||

etc., por meio dessas e de outras declarações (iti-ādinā) expressas no livro --no Tantrasadbhāva-- (granthena), Mātṛkā (mātṛkā) consiste em (ātmaka) Parāvāk --a Fala Suprema ou Parāśakti, a partir de onde surgem todas as letras-- (parāvāk), que é a Śakti ou Poder (śakti) do Mais Alto Bhairava --o Senhor Supremo-- (para-bhairavīya). Por essa mesma razão (atas eva), como foi dito (no Tantrasadbhāva) (uktatvāt) que existe surgimento ou aparecimento (udayasya) de todas (sarva) as letras (varṇa) devido às variedades (vaicitryeṇa) (geradas) a partir da união (sambheda) da extensão (prasara) das śakti-s (śakti) cujos nomes (são) (ākhya) Jyeṣṭhā (jyeṣṭhā), Raudrī (raudrī) (e) Ambā ou Ambikā (ambā), (é) somente (eva) essa (sā) afortunada (bhagavatī) Vidyāśarīrasattā —(luminosa) Existência ou Ser (da Perfeita Consciência do Eu) (sattā), (a qual consiste em grande quantidade de palavras) cuja essência (śarīra) (é) o conhecimento (do mais alto não dualismo) (vidyā)—, como (já) foi explicado (vyākhyāta-rūpā), que é o segredo (rahasyam) dos mantra-s (mantrāṇām) que estão encarnados (śarīrāṇām) na estreita união (saṅghaṭṭanā) das letras (varṇa). É isso que foi mostrado e ensinado (por meio da citação anterior do renomado Tantrasadbhāva) (iti pradarśitam)|

Em cada Āgama --escritura revelada-- (prati-āgamam ca), essa (ayam eva) (é) a intenção (āśayaḥ) da declaração (kathanasya) sobre o surgimento (uddhāra) dos mantra-s (mantra) segundo (pūrvakam) a extensão (prastāra) de Mātṛkā (mātṛkā) (e) Mālinī (mālinī)6 |

Levamos a cabo (asmābhiḥ kṛtaḥ) o pesado trabalho (bharaḥ) (de mostrar) a concordância (saṁvāde) entre os Āgama-s (āgama) (e) os Śivasūtra-s (śivasūtrāṇām), já que (esses últimos) são (rūpatvāt) um compêndio (saṅgraha) da essência (sāra) dos secretos (rahasya) Āgama-s (āgama). Então (iti), (as pessoas) não devem estar descontentes (na... asūyitavyam) com nós (asmabhyam)|

Dessa forma (evam), inclusive (api) se (yadi), depois de (todas) as concordâncias com os Āgama-s (que indicamos) (saṁvādite āgame), o significado (arthaḥ) secreto (rahasya) (ainda) não for entendido (na buddhyate), então (tasmāt), deve-se realizar (kāryā) a adoração (saparyā) de um verdadeiro (sad) Guru --preceptor espiritual-- (guru)|

Esse (eṣaḥ) significado (arthaḥ) do (atual) aforismo (sūtra) foi exibido (darśitaḥ) por meio desse (anena) par de (dvayena) kārikā-s --aforismos-- (kārikā) nas Spandakārikā-s (spande).

Tomando posse (ākramya) dessa (tad) Força (balam), os Mantra-s (mantrāḥ... iti)...|
(Ver Spandakārikā-s II, 1 e 2)

||3||

1  Ver o último aforismo da Primeira Seção.Return 

2  Os compostos Bahuvrīhi são atributivos. Quando são dissolvidos, a palavra "yad" (o/a qual, que, quem) aparece declinada em qualquer um dos casos possíveis (exceto Vocativo). Aqui, aparece declinada no Genitivo singular: yasya (do(a) qual, de quem, cujo(a)). Para mais informação, leia a minha introdução a compostos atributivos.Return 

3  Apesar do verborrágico comentário de Kṣemarāja que poderia confundir algumas pessoas, o ensinamento mostra um fato simples: Se você repetir um mantra sem prestar atenção na consciência do Eu ou Śakti, o seu mantra não levará você à meta final, ou seja, o seu próprio Ser. É por isso que isso é Śāktopāya (o meio que pertence a Śakti). Em Śāktopāya, a concentração está sempre na raiz do mantra, isto é, na consciência do Eu, e não no mantra propriamente dito. Obviamente, durante a sua prática, você atravessa muitas fases, mas, no final, a sua atenção deve repousar na consciência do Eu (Śakti), ou o seu mantra não terá sucesso, uma vez que somente Ela é o segredo dos mantra-s. Ela é o Poder que dá origem a todos os mantra-s, e não há dúvidas sobre isso! Esse é o significado.Return 

4  Para obter mais informação sobre Mātṛkā, leia o quarto aforismo (e o seu comentário) da Primeira Seção.Return 

5  Os significados de muitas coisas contidas na citação desse Tantra ~são tão profundos e esotéricos que tomei a decisão de não comentar nada sobre eles aqui de agora em diante. Isso deve ser explicado em profundidade nos meus estudos da seção Trika. A razão é muito simples: Se você não tiver suficiente conhecimento e experiência "básicos" sobre isso (cakra-s, kuṇḍalinī, etc.), algumas curtas notas explicativas só trarão mais confusão e mal-entendidos. E incluir notas explicativas excessivamente longas aqui não é prático. À medida que você lê o resto do texto citado, verá muito claramente o que quero dizer. De qualquer forna, se você consultar Meditação 6, poderá obter muita informação relevante sobre esse tema (alguns nomes mudam, mas as características permanecem).Return 

6  Expliquei resumidamente o significado de Mātṛkā e Mālinī na terceira nota de I, 22.Return 

Ao início


 Aforismo 4

येषां तु एवंविधमेतन्मन्त्रवीर्यं प्रोक्तमहाह्रदानुसन्धानौपयिकमपि परमेश्वरेच्छात एव न हृदयङ्गमीभवत्यपि त्वानुषङ्गिकमात्रविन्दुनादादिकलाजनितासु मितसिद्धिषु चित्तं रोहति तेषाम्—


गर्भे चित्तविकासोऽविशिष्टविद्यास्वप्नः॥४॥


गर्भोऽख्यातिर्महामाया तत्र तदात्मके मितमन्त्रसिद्धिप्रपञ्चे यश्चित्तस्य विकासस्तावन्मात्रे प्रपञ्चे सन्तोषोऽसावेवाविशिष्टा सर्वजनसाधारणरूपा विद्या किञ्चिज्ज्ञत्वरूपाशुद्धविद्या सैव स्वप्नो भेदनिष्ठो विचित्रो विकल्पात्मा भ्रमः। तदुक्तं पातञ्जले

ते समाधावुपसर्गा व्युत्थाने सिद्धयः॥ (३-३७)

इति। तदेतत्

अतो विन्दुरतो नादो रूपमस्मादतो रसः।
प्रवर्तन्तेऽचिरेणैव क्षोभकत्वेन देहिनः॥

इत्यनेन दर्शितम्॥४॥

Yeṣāṁ tu evaṁvidhametanmantravīryaṁ proktamahāhradānusandhānaupayikamapi parameśvarecchāta eva na hṛdayaṅgamībhavatyapi tvānuṣaṅgikamātravindunādādikalājanitāsu mitasiddhiṣu cittaṁ rohati teṣām—


Garbhe cittavikāso'viśiṣṭavidyāsvapnaḥ||4||


Garbho'khyātirmahāmāyā tatra tadātmake mitamantrasiddhiprapañce yaścittasya vikāsastāvanmātre prapañce santoṣo'sāvevāviśiṣṭā sarvajanasādhāraṇarūpā vidyā kiñcijjñatvarūpāśuddhavidyā saiva svapno bhedaniṣṭho vicitro vikalpātmā bhramaḥ| Taduktaṁ pātañjale

Te samādhāvupasargā vyutthāne siddhayaḥ|| (3-37)

iti| Tadetat

Ato vindurato nādo rūpamasmādato rasaḥ|
Pravartante'cireṇaiva kṣobhakatvena dehinaḥ||

ityanena darśitam||4||


(O que se expressa por meio do seguinte aforismo) àqueles (teṣām) para os quais (yeṣām) tal (evaṁvidham) potência (vīryam) desse (etad) mantra (mantra), (que --ou seja, a potência-- é) também (api) um meio (upayikam) para a união (ca) com o previamente mencionado (prokta) Grande (mahā) Lago (hrada)1 , não (na) toca (os seus) corações (hṛdayaṅgamī-bhavati) por meio da Vontade (icchātaḥ) do Senhor (īśvara eva) Supremo (parama), mas sim (api tu) cuja(s) (yeṣām) mente(s) (cittam) estão posta(s) em (rohati) limitados (mita) poderes sobrenaturais (siddhiṣu) nascidos (janitāsu) de Śakti (kalā), (tais como) Vindu (vindu), Nāda (nāda), etc. (ādi)2 , (que são) meramente (mātra) secundários (ānuṣaṅgika)


A satisfação (vikāsaḥ) mental (citta) em (limitados) poderes máyicos (garbhe) (é) um (mero) sonho (svapnaḥ) (baseado em) conhecimento (vidyā) inferior (aviśiṣṭa)||4||


Garbha ou poderes máyicos (garbhaḥ) (é) ignorância primordial --ignorância sobre o próprio Ser-- (akhyātiḥ), (também denominada) grande (mahā) Māyā (māyā). Essa (yaḥ) satisfação (vikāsaḥ) mental (cittasya) ali (tatra), (isto é,) nesse (Garbha) (tad-ātmake), que é a manifestação (prapañce) de limitados (mita) poderes sobrenaturais (siddhi) derivados do mantra (mantra), (é) contentamento (santoṣaḥ) em (tal) fenômeno (prapañce) condicionado (tāvat-mātre) --lit. em um fenômeno que chega apenas a tal ponto--. Esse (asau eva) (é) conhecimento (vidyā) comum (sādhāraṇa-rūpā) a todas (sarva) as pessoas (jana) (e, portanto,) inferior ou não especial (aviśiṣṭā). (É) conhecimento (vidyā) impuro (aśuddha) que tem a ver com conhecer (jñatva-rūpā) só um pouco (kiñcid). Isso (sā) (é) certamente (eva) um sonho (svapnaḥ), (isto é,) uma estranha (vicitraḥ) confusão (bhramaḥ) feita de pensamentos (vikalpa-ātmā) (e) baseada (niṣṭhaḥ) em diferenças --isto é, dualidade-- (bheda)|

Isso (tad) é declarado (também) (uktam) nos Pātañjalayogasūtra-s (pātañjale):

"Esses (poderes sobre-humanos) (te) são obstáculos ou estorvos (upasargāḥ) no Samādhi (samādhau), (porém) ganhos (siddhayaḥ) em Vyutthāna --isto é, no estado ordinário de consciência na qual a mente flutua-- (vyutthāne... iti)"||(III-37)

Essa mesma (verdade) (tad etad) foi mostrada (darśitam) por meio deste (aforismo nas Spandakārikā-s) (anena):

"A partir desse (Unmeṣa) (atas... atas... asmāt atas), Vindu --luz divina-- (vinduḥ), Nāda --som divino-- (nādaḥ), Rūpa --forma divina-- (rūpam) (e) Rasa --sabor divino-- (rasaḥ) logo (acireṇa eva) aparecem (pravartante) diante de uma alma encarnada (dehinaḥ) como um fator perturbador (kṣobhakatvena... iti)"||
(Ver Spandakārikā-s III, 10)

||4||

1  Ver I, 22 no final da Primeira Seção.Return 

2  Vindu (ou Bindu) e Nāda devem ser interpretados, nesse contexto, como luzes e sons sobrenaturais, mas sem importância, que chegam a um aspirante durante a sua prática espiritual, todos os quais são um fator perturbador ao final. Obviamente, o autor não está falando sobre os Supremos Vindu e Nāda que são o divino par de Śakti e Śiva.Return 

Ao início


 Aforismo 5

यदा त्वागतामपि मितसिद्धिं खिलीकृत्य परामेव स्थितिमवष्टभ्नाति योगी ततः—


विद्यासमुत्थाने स्वाभाविके खेचरी शिवावस्था॥५॥


प्राङ्निर्दिष्टसतत्त्वाया विद्यायाः स्वाभाविके समुत्थाने परमेशेच्छामात्रघटिते मितसिद्धिन्यग्भाविनि सहजे समुन्मज्जने खे बोधगगने चरतीति खेचरी मुद्राभिव्यज्यते। कीदृशी खेचरी शिवस्य चिन्नाथस्यावस्थातुः सम्बन्धिन्यवस्था स्वानन्दोच्छलत्तारूपा। न तु

बद्ध्वा पद्मासनं योगी नाभावक्षेश्वरं न्यसेत्।
दण्डाकारं तु तावत्तन्नयेद्यावत्कखत्रयम्॥
निगृह्य तत्र तत्तूर्णं प्रेरयेत्खत्रयेण तु।
एतां बद्ध्वा महायोगी खे गतिम् प्रतिपद्यते॥

इत्येवं संस्थानविशेषानुसरणरूपापि तु

... पराम्।
गतिमेत्यर्थभावेन कुलमार्गेण नित्यशः॥
चरते सर्वजन्तूनां खेचरी नाम सा स्मृता।

इति— श्रीतन्त्रसद्भावनिरूपितपरसंवित्तिस्वरूपा। एवमिह भेदात्मकमायीयसमस्तक्षोभप्रशान्त्या चिदात्मकस्वरूपोन्मज्जनैकरूपं मन्त्रवीर्यं मुद्रावीर्यं चादिष्टम्। तदुक्तं कुलचूडामणौ

एकं सृष्टिमयं बीजमेका मुद्रा च खेचरी।
द्वावेतौ यस्य जायेते सोऽतिशान्तपदे स्थितः॥

इति। स्पन्दे तु मन्त्रवीर्यस्वरूपनिरूपणेनैव मुद्रावीर्यं सङ्गृहीतम्।

यदा क्षोभः प्रलीयेत तदा स्यात्परमं पदम्।

इत्यर्धेनान्यपरेणापि चूडामण्युक्तं खेचरीस्वरूपं भङ्ग्या सूचितम्॥५॥

Yadā tvāgatāmapi mitasiddhiṁ khilīkṛtya parāmeva sthitimavaṣṭabhnāti yogī tataḥ—


Vidyāsamutthāne svābhāvike khecarī śivāvasthā||5||


Prāṅnirdiṣṭasatattvāyā vidyāyāḥ svābhāvike samutthāne parameśecchāmātraghaṭite mitasiddhinyagbhāvini sahaje samunmajjane khe bodhagagane caratīti khecarī mudrābhivyajyate| Kīdṛśī khecarī śivasya cinnāthasyāvasthātuḥ sambandhinyavasthā svānandocchalattārūpā| Na tu

Baddhvā padmāsanaṁ yogī nābhāvakṣeśvaraṁ nyaset|
Daṇḍākāraṁ tu tāvattannayedyāvatkakhatrayam||
Nigṛhya tatra tattūrṇaṁ prerayetkhatrayeṇa tu|
Etāṁ baddhvā mahāyogī khe gatim pratipadyate||

ityevaṁ saṁsthānaviśeṣānusaraṇarūpāpi tu

... parām|
Gatimetyarthabhāvena kulamārgeṇa nityaśaḥ||
Carate sarvajantūnāṁ khecarī nāma sā smṛtā|

iti— śrītantrasadbhāvanirūpitaparasaṁvittisvarūpā| Evamiha bhedātmakamāyīyasamastakṣobhapraśāntyā cidātmakasvarūponmajjanaikarūpaṁ mantravīryaṁ mudrāvīryaṁ cādiṣṭam| Taduktaṁ kulacūḍāmaṇau

Ekaṁ sṛṣṭimayaṁ bījamekā mudrā ca khecarī|
Dvāvetau yasya jāyete so'tiśāntapade sthitaḥ||

iti| Spande tu mantravīryasvarūpanirūpaṇenaiva mudrāvīryaṁ saṅgṛhītam|

Yadā kṣobhaḥ pralīyeta tadā syātparamaṁ padam|

ityardhenānyapareṇāpi cūḍāmaṇyuktaṁ khecarīsvarūpaṁ bhaṅgyā sūcitam||5||


Mas (tu), quando (yadā) o Yogī (yogī), após considerar como vãos (khilīkṛtya) inclusive (api) os limitados (mita) poder(es) sobrenaturais (siddhim) adquiridos (āgatām), recorre (avaṣṭabhnāti) firmemente (sthitim) à Mais Alta (Śakti) (parām eva), então (tatas)


Durante o espontâneo (svābhāvike) surgimento (samutthāne) do (Mais Alto) Conhecimento (vidyā), (ocorre) um movimento no ilimitado espaço da Consciência (khecarī), (que se denomina) o estado (avasthā) de Śiva (śiva)||5||


Durante o espontâneo (svābhāvike) surgimento --samutthāna-- (samutthāne) do (Mais Alto) Conhecimento (vidyāyāḥ), cuja natureza (satattvāyāḥ) foi indicada anteriormente (no terceiro aforismo da Seção atual) (prāñc-nirdiṣṭa), (isto é,) durante o natural (sahaje) surgimento ou aparecimento --samunmajjana-- (samunmajjane) (do Conhecimento do mais alto não dualismo), que ocorre (ghaṭite) meramente (mātra) pelo desejo (icchā) do Senhor (īśa) Supremo (parama) (e) que rebaixa --ou seja, que move para um nível inferior-- (nyagbhāvini) os limitados (mita) poderes sobrenaturais (siddhi), Khecarī mudrā (khecarī mudrā)(isto é,) "aquilo que se move (carati) em Kha (khe) (ou) o espaço (gagane) da Consciência (bodha... iti)"— se manifesta (abhivyajyate)|

Que tipo de (kīdṛśī) Khecarī (khecarī)? (Ela --Khecarī-- é) o estado (avasthā) que pertence (sambandhinī) ao possuidor de tal estado (avasthātuḥ), (ou seja,) a Śiva (śivasya) (ou) o Senhor (nāthasya) da Consciência (cit). (Esse estado) consiste em (rūpā) um brotamento (ucchalattā) da própria (sva) Bem-aventurança (ānanda)|

(Nesse contexto, Khecarī) não é nem um pouco (na tu) o resultado (anusaraṇarūpā) de uma forma (saṁsthāna) específica (viśeṣa) (adotada por certas partes do corpo) dessa maneira (evam):

"Após assumir (baddhvā) a postura (āsanam) do lótus (padma), o Yogī (yogī), (permanecendo ereto) como uma vara (daṇḍa-ākāram tu), deve fixar (nyaset) o senhor dos sentidos --ou seja, a sua mente-- (akṣa-īśvaram) no umbigo (nābhau); (então,) ele deve guiar (nayet) isso --a mente-- (tad) pelo tempo necessário (tāvat) até que (yāvat) (alcance) o grupo de três (śakti-s) (trayam) (que se movem) no espaço (kha) da cabeça (ka)1 . Após apoiar (a sua mente) (nigṛhya) ali --nesse estado-- (tatra), deve pôr essa (mente) em movimento --isto é, impulsioná-la para frente-- (tad... prerayet) rapidamente (tūrṇam) por meio do (previamente mencionado) Khatraya ou grupo de três (śakti-s) que se movem no espaço (da cabeça) (khatrayeṇa tu). Após alcançar --lit. tendo assumido-- (baddhvā) essa (condição de Khecarī) (etām), o grande (mahā) Yogī (yogī) adquire movimento (gatim pratipadyate) no céu (khe... iti) --ou seja, pode voar no céu--"||
(Ver Mālinīvijayatantra VII, 15-17)

mas sim (api tu) (Khecarī é) aquilo cuja essência (sva-rūpā) (consiste na) Consciência (saṁvitti) Suprema (para), conforme definido (nirūpita) no venerável (śrī) Tantrasadbhāva (tantrasadbhāva):

"... (o Yogī) alcança (eti) o Mais Alto (parām) Estado (gatim) sempre (nityaśaḥ) através do caminho (mārgeṇa) de Kula --da Śakti-- (kula), realmente (artha-bhāvena). (Quando) esse (seu estado --do Yogī--) (sā) se move (carate) em todos (sarva) os seres (jantūnām), (então) é conhecido (smṛtā) pelo nome (nāma) de Khecarī (khecarī)"||

Dessa forma (evam), aqui --nesse contexto-- (iha), (tanto) a potência (vīryam) dos mantra-s (mantra) quanto (ca) a potência (vīryam) de mudrā (mudrā)2  (são) indicados (ādiṣṭam) como aquilo cuja forma (eka-rūpam) (aparece como) um surgimento (unmajjana) da própria natureza essencial (sva-rūpa), que é (ātmaka) Consciência (cit), aplacando (praśāntyā) todas (samasta) as perturbações (kṣobha) derivadas de Māyā (māyīya), a qual --Māyā-- tem a ver (ātmaka) com as diferenças --com dualidade-- (bheda) --em suma, tanto a potência dos mantra-s quanto a potência de mudrā são essencialmente Khecarī--|

Esse (ensinamento) (tad) (também) é mencionado (uktam) no Kulacūḍāmaṇi (kulacūḍāmaṇau) :

"(Há somente) uma (ekam) semente --ou mantra semente-- (bījam) da qual se compõe (mayam) (toda) a manifestação (universal) (sṛṣṭi), e (ca) (há somente) uma (ekā) mudrā (mudrā) (chamada) Khecarī (khecarī). Aquele (saḥ) no qual (yasya) essas (etau) duas (dvau) ocorrem (jāyete) está estabelecido (sthitaḥ) no estado (pade) de Atiśānta (atiśānta... iti)3 "||

Nas Spandakārikā-s (spande tu), a potência (vīryam) de mudrā (mudrā) foi resumida (saṅgṛhītam) definindo (nirūpaṇena eva) a natureza essencial (sva-rūpa) da potência (vīrya) dos mantra-s (mantra):

"Quando (yadā) se dissolve por completo (pralīyeta) a agitação (kṣobhaḥ)..., então (tadā) o Supremo (paramam) Estado (padam) ocorre (syāt... iti)"||
(Ver Spandakārikā-s I, 9)

Segundo a metade (desse aforismo) (ardhena), indicou-se indiretamente (bhaṅgyā sūcitam) a natureza (sva-rūpam) de Khecarī (khecarī) tal como se expressa (uktam) no Kulacūḍāmaṇi (cūḍāmaṇi), ainda que (api) de outro ponto de vista (anya-pareṇa)||5||

1  Khatraya ou "a tríade do espaço" é o grupo dos três poderes (śakti-s) chamados Śakti, Vyāpinī (também conhecida como Vyāpikā) e Samanā. Leia a minha explicação das etapas 9, 10 e 11 em Meditação 6 para obter mais informação relevante.Return 

2  O termo mudrā não deve ser interpretado aqui como Haṭhayoga, onde é definido como uma disposição de certas partes do corpo físico (ou ainda do corpo físico inteiro). Não, isso não é verdadeiro nesse caso. Nesse contexto, mudrā deve ser considerada como um estado que dá Felicidade, dissolve dissolve a escravidão e sela por completo, ou seja, faz com que a mente se funda com o Ser Supremo. Então, Khecarī mudrā é a mudrā ou estado bem-aventurado que se move no infinito espaço da Consciência. Em outras palavras, Khecarī mudrā é o estado de Śiva tal como indica o aforismo atual. Além disso, como um dos epítetos de Śiva é Khecara, o termo Khecarī mudrā indica claramente o Seu estado.Return 

3  A palavra "Atiśānta" pode ser traduzida de duas maneiras. Primeiro, usando o significado "excessivamente" para o prefixo "áti", o termo significaria "excessivamente śānta ou pacífico". Segundo, usando o significado "além", significaria "além de śānta ou aquilo que está calmo (isto é, o que está estacionário)". Nesse sentido, o estado de Atiśānta alcançado pelo grande Yogī no qual essas duas (a semente --Aham ou consciência do Eu-- e Khecarī) ocorrem está repleto de Spanda ou a divina Vibração do Ser. Spanda é Śakti, ou seja, consciência do Eu, e, consequentemente, nunca está estacionário, mas sim em constante movimento. Esse é o significado.Return 

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 Aforismo 6

तदत्र मुद्रामन्त्रवीर्यासादनेऽपि—


गुरुरुपायः॥६॥


गृणात्युपदिशति तात्त्विकमर्थमिति गुरुः सोऽत्र व्याप्तिप्रदर्शकत्वेनोपायः। तदुक्तं श्रीमालिनीविजये

स गुरुर्मत्समः प्रोक्तो मन्त्रवीर्यप्रकाशकः।

इति। स्पन्दे त्वेवमादिप्रसिद्धत्वान्न सङ्गृहीतम्।

अगाधसंशयाम्भोधिसमुत्तरणतारिणीम्।
वन्दे विचित्रार्थपदां चित्रां तां गुरुभारतीम्॥

इति— पार्यन्तिकोक्त्या चैतदपि सङ्गृहीतमेव।

गुरुर्वा पारमेश्वर्यनुग्राहिका शक्तिः। यथोक्तं श्रीमालिनीविजये

शक्तिचक्रं तदेवोक्तं गुरुवक्त्रं तदुच्यते।

इति। श्रीमन्त्रिशिरोभैरवेऽपि

गुरोर्गुरुतरा शक्तिर्गुरुवक्त्रगता भवेत्।

इति। सैवावकाशं ददत्युपायः॥६॥

Tadatra mudrāmantravīryāsādane'pi—


Gururupāyaḥ||6||


Gṛṇātyupadiśati tāttvikamarthamiti guruḥ so'tra vyāptipradarśakatvenopāyaḥ| Taduktaṁ śrīmālinīvijaye

Sa gururmatsamaḥ prokto mantravīryaprakāśakaḥ|

iti| Spande tvevamādiprasiddhatvānna saṅgṛhītam|

Agādhasaṁśayāmbhodhisamuttaraṇatāriṇīm|
Vande vicitrārthapadāṁ citrāṁ tāṁ gurubhāratīm||

iti— pāryantikoktyā caitadapi saṅgṛhītameva|

 

Gururvā pārameśvaryanugrāhikā śaktiḥ| Yathoktaṁ śrīmālinīvijaye

Śakticakraṁ tadevoktaṁ guruvaktraṁ taducyate|

iti| Śrīmantriśirobhairave'pi

Gurorgurutarā śaktirguruvaktragatā bhavet|

iti| Saivāvakāśaṁ dadatyupāyaḥ||6||


Agora, aqui (tad atra), com relação à aquisição (āsādane) da potência (vīrya) de mantra (mantra) (e) mudrā (mudrā... api), (Śiva diz)


O Guru (guruḥ) (é) o meio (upāyaḥ)||6||


Guru (guruḥ) (é aquele que) proclama (gṛṇāti) (e) ensina (upadiśati) o verdadeiro (tāttvikam) significado (artham iti). Ele (saḥ) (é,) aqui (atra), o meio (upāyaḥ) que mostra (pradarśakatvena) Vyāpti (vyāpti)1 |

Isso (tad) (é) o que foi dito (uktam) no venerável Mālinīvijayatantra (śrī-mālinīvijaye), (onde Śiva diz a Pārvatī):

"(Além disso, aquele que conhece todos esses tattva-s ou categorias como realmente são) é dito de ser (proktaḥ) um guru (saḥ guruḥ) igual (samaḥ) a Mim (mad), (e, consequemente,) revela (prakāśakaḥ) a virilidade ou potência (vīrya) dos mantra-s (mantra... iti)"|2 
(Ver Mālinīvijayatantra II, 10)

Já que esse (tema) é bem conhecido --isto é, guru, etc.-- (evam-ādi-prasiddhatvāt), não (na) é resumido (saṅgṛhītam) nas Spandakārikā-s (spande tu)|

No entanto (ca), esse (tema) (etad) também foi resumido (de alguma forma) (api saṅgṛhītam eva) por meio das palavra(s) (uktyā) finais (pāryantika) (dessa escritura) --isto é, por meio da penúltima estrofe das Spandakārikā-s--:

"Rendo homenagem (vande) a essa (tām) maravilhosa (citrām) fala (bhāratīm) do Guru (guru), que (está cheia de) múltiplas (vicitra) palavras --pada-- (padām) (com seus respectivos) significados (artha), (e) que permite (a uma pessoa) (tāriṇīm) cruzar sem perigo (samuttaraṇa) o insondável (agādha) oceano (ambhodhi) da dúvida (saṁśaya... iti)"||
(Ver Spandakārikā-s IV, 1)

Ou (vā) o guru (guruḥ) (pode ser definido como) o Poder (śaktiḥ) outorgador de Graça (anugrāhikā) do Senhor Supremo (pārama-īśvarī)|

Como (yathā) foi mencionado (uktam) no venerável Mālinīvijayatantra (śrī-mālinīvijaye):

"Foi dito que (uktam) esse (Poder outorgador de Graça) (tad eva) (é) o grupo (cakra) de poderes (śakti), (e) foi dito que (ucyate) isso (tad) (é) a boca (vaktram) do guru (guru... iti)"|

Além disso (api), no venerável Mantriśirobhairava (śrī-mantriśirobhairave):

"O poder (śaktiḥ) que reside (gatā) na boca (vaktra) do guru (guru) é (bhavet) maior (gurutarā) que o (próprio) guru (guroḥ... iti)"|

Esse mesmo (Poder outorgador de Graça) (sā eva) que dá (dadatī) uma oportunidade favorável (avakāśam) (é) o meio (upāyaḥ)||6||

1  Nesse contexto, "Vyāpti" (lit. penetração) deve ser interpretado como "aquilo cuja natureza é a potência dos mantra-s e a potência de mudrā".Return 

2  A primeira linha que falta na estrofe: "यः पुनः सर्वतत्त्वानि वेत्त्येतानि यथार्थतः।" - "Yaḥ punaḥ sarvatattvāni vettyetāni yathārthataḥ|" deve ser fornecida para entender por que adicionei "Além disso, aquele que conhece todos esses tattva-s ou categorias como realmente são" em parênteses na minha tradução. OK, agora está claro.Return 

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 Aforismo 7

Expliquei totalmente esse aforismo e seu respectivo comentário em Primeiros Passos (4), Primeiros Passos (5) e Primeiros Passos - 1. Por isso, não haverá notas explicativas aqui.

तस्माद्गुरोः प्रसन्नात्—


मातृकाचक्रसम्बोधः॥७॥


शिष्यस्य भवतीति शेषः। श्रीपरात्रिंशकादिनिर्दिष्टनीत्याहंविमर्शप्रथमकलानुत्तराकुलस्वरूपा प्रसरन्त्यानन्दस्वरूपा सतीच्छेशनभूमिकाभासनपुरःसरं ज्ञानात्मिकामुन्मेषदशां ज्ञेयाभासासूत्रणाधिक्येन चोनतां प्रदर्श्य इच्छामेव द्विरूपां विद्युद्विद्योतनकल्पतेजोमात्ररूपेण स्थैर्यात्मना चैषणीयेन रञ्जितत्वाद्रलश्रुत्यारूषितेनात एव स्वप्रकाशात्मीकृतमेयाभासत्वतोऽमृतरूपेण मेयाभासारूषणमात्रतश्च बीजान्तरप्रसवासमर्थतया षण्ढाख्यबीजचतुष्टयात्मना रूपेण प्रपञ्च्य प्रोक्तानुत्तरानन्देच्छासङ्घट्टेन त्रिकोणबीजमनुत्तरानन्दोन्मेषयोजनया च क्रियाशक्त्युपगमरूपमोकारं प्रोक्तैतद्बीजद्वयसङ्घट्टेन षट्कोणं शूलबीजं चेच्छाज्ञानशक्तिव्याप्तपूर्णक्रियाशक्तिप्रधानत्वाच्छक्तित्रयसङ्घट्टनमयं प्रदर्श्य इयत्पर्यन्तविश्वैकवेदनरूपं बिन्दुमुन्मील्य युगपदन्तर्बहिर्विसर्जनमयबिन्दुद्वयात्मानं विसर्गभूमिमुद्दर्शितवत्यत एवान्तर्विमर्शनेनानुत्तर एवैतद्विश्वं विश्रान्तं दर्शयति बहिर्विमर्शेन तु कादिमान्तं पञ्चकपञ्चकम् अ-इ-उ-ऋ-ऌ-शक्तिभ्यः पुरुषान्तं समस्तं प्रपञ्चयति। एकैकस्याश्च शक्तेः पञ्चशक्तित्वमस्तीत्येकैकतः पञ्चकोदयः। आभ्य एव शक्तिभ्यः शिक्षोक्तसञ्ज्ञानुसारेणान्तःपुम्भूमौ नियत्यादिकञ्चुकत्वेनावस्थानादन्तस्थाख्यान्प्रमातृभूमिधारणेन विश्वधारणाद्धारणाशब्देनाम्नायेषूक्तान् तदुपरिभेदविगलनेनाभेदापत्त्योन्मिषितत्वादूष्माभिधानाञ्चतुरो वर्णानाभासितवती। अत्र चान्ते सर्वसृष्टिपर्यन्तवर्ति परिपूर्णममृतवर्णं प्रदर्श्य तदन्ते प्राणबीजप्रदर्शनं कृतं तदनुत्तरशक्त्याप्यायितानाहतमयमियद्वाच्यवाचकरूपं षडध्वस्फारमयं विश्वमिति प्रत्यभिज्ञापयितुम्। अत एव प्रत्याहारयुक्त्यानुत्तरानाहताभ्यामेव शिवशक्तिभ्यां गर्भीकृतमेतदात्मकमेव विश्वमिति महामन्त्रवीर्यात्मनोऽहंविमर्शस्य तत्त्वम्। यथोक्तमस्मत्परमेष्ठिश्रीमदुत्पलदेवपादैः

प्रकाशस्यात्मविश्रान्तिरहम्भावो हि कीर्तितः।
उक्ता सैव च विश्रान्तिः सर्वापेक्षानिरोधतः॥
स्वातन्त्र्यमथ कर्तृत्वं मुख्यमीश्वरतापि च।

इति। तदियत्पर्यन्तं यन्मातृकायास्तत्त्वं तदेव ककारसकारप्रत्याहारेणानुत्तरविसर्गसङ्घट्टसारेण कूटबीजेन प्रदर्शितमन्त इत्यलं रहस्यप्रकटनेन। एवंविधायाः

... न विद्या मातृकापरा।

इत्याम्नायसूचितप्रभावाया मातृकायाः सम्बन्धिनश्चक्रस्य प्रोक्तानुत्तरानन्देच्छादिशक्तिसमूहस्य चिदानन्दघनस्वस्वरूपसमावेशमयः सम्यग्बोधो भवति। एतच्चेह दिङ्मात्रेणोट्टङ्कितम्। विततं त्वस्मत्प्रभुपादैः श्रीपरात्रिंशकाविवरणतन्त्रालोकादौ प्रकाशितम्। उक्तं च श्रीसिद्धामृते

सात्र कुण्डलिनी बीजजीवभूता चिदात्मिका।
तज्जं ध्रुवेच्छोन्मेषाख्यं त्रिकं वर्णास्ततः पुनः॥
आ इत्यवर्णादित्यादि यावद्वैसर्गिकी कला।
ककारादिसकारान्ताद्विसर्गात्पञ्चधा स च॥
बहिश्चान्तश्च हृदये नादेऽथ परमे पदे।
बिन्दुरात्मनि मूर्धान्ते हृदयाद्व्यापको हि सः।
आदिमान्त्यविहीनास्तु मन्त्राः स्युः शरदभ्रवत्।
गुरोर्लक्षणमेतावदादिमान्त्यं च वेदयेत्॥
पूज्यः सोऽहमिव ज्ञानी भैरवो देवतात्मकः।
श्लोकगाथादि यत्कञ्चिदादिमान्त्ययुतं यतः।
तस्माद्विदंस्तथा सर्वं मन्त्रत्वेनैव पश्यति।

इति। एतच्च स्पन्दे

सेयं क्रियात्मिका शक्तिः शिवस्य पशुवर्तिनी।
बन्धयित्री स्वमार्गस्था ज्ञाता सिद्ध्युपपादिका॥

इत्यनेनैव भङ्ग्या सूचितम्॥७॥

Tasmādguroḥ prasannāt—


Mātṛkācakrasambodhaḥ||7||


Śiṣyasya bhavatīti śeṣaḥ| Śrīparātriṁśakādinirdiṣṭanītyāhaṁvimarśaprathamakalānuttarākulasvarūpā prasarantyānandasvarūpā satīccheśanabhūmikābhāsanapuraḥsaraṁ jñānātmikāmunmeṣadaśāṁ jñeyābhāsāsutreṇādhikyena conatāṁ pradarśya icchāmeva dvirūpāṁ vidyudvidyotanakalpatejomātrarūpeṇa sthairyātmanā caiṣanīyena rañjitatvādralaśrutyārūṣitenāta eva svaprakāśātmīkṛtameyābhāsatvato'mṛtarūpeṇa meyābhāsārūṣaṇamātrataśca bījāntaraprasavāsamarthatayā ṣaṇḍḥākhyabījacatuṣṭayātmanā rūpeṇa prapañcya icchāmeva dvirūpāṁ vidyudvidyotanakalpatejomātrarūpeṇa sthairyātmanā caiṣanīyena rañjitatvādralaśrutyārūṣitenāta eva svaprakāśātmīkṛtameyābhāsatvato'mṛtarūpeṇa meyābhāsārūṣaṇamātrataśca bījāntaraprasavāsamarthatayā ṣaṇḍḥākhyabījacatuṣṭayātmanā rūpeṇa prapañcya iyatparyantaviśvaikavedanarūpaṁ bindumunmīlya yugapadantarbahirvisarjanamayabindudvayātmānaṁ visargabhūmimuddarśitavatyata evāntarvimarśenānuttara evaitadviśvaṁ viśrāntaṁ darśayati bahirvimarśena tu kādimāntaṁpañcakapañcakam a-i-u-ṛ-ḷ-śaktibhyaḥ puruṣāntaṁ samastaṁ prapañcayati| Ekaikasyāśca śakteḥ pañcaśaktitvamastītyekaikataḥ pañcakodayaḥ| Ābhya eva śaktibhyaḥ śikṣoktasañjñānusāreṇāntaḥpumbhūmau niyatyādikañcukatvenāvasthānādantasthākhyānpramātṛbhūmidhāraṇena viśvadhāraṇāddhāraṇāśabdenāmnāyeṣūktān taduparibhedavigalanenābhedāpattyonmiṣitatvādūṣmābhidhānāñcaturo varṇānābhāsitavatī| Atra cānte sarvasṛṣṭiparyantavarti paripūrṇamamṛtavarṇaṁ pradarśya tadante prāṇabījapradarśanaṁ kṛtam tadanuttaraśaktyāpyāyitānāhatamayamiyadvācyavācakarūpaṁ ṣaḍadhvasphāramayaṁ viśvamiti pratyabhijñāpayitum| Ata eva pratyāhārayuktyānuttarānāhatābhyāmeva śivaśaktibhyāṁ garbhīkṛtametadātmakameva viśvamiti mahāmantravīryātmano'haṁvimarśasya tattvam| Yathoktamasmatparameṣṭhiśrīmadutpaladevapādaiḥ

Prakāśasyātmaviśrāntirahambhāvo hi kīrtitaḥ|
Uktā saiva ca viśrāntiḥ sarvāpekṣānirodhataḥ||
Svātantryamatha kartṛtvaṁ mukhyamīśvaratāpi ca|

iti| Tadiyatparyantaṁ yanmātṛkāyāstattvaṁ tadeva kakārasakārapratyāhāreṇānuttaravisargasaṅghaṭṭasāreṇa kūṭabījena pradarśitamanta ityalaṁ rahasyaprakaṭanena| Evaṁvidhāyāḥ

... na vidyā mātṛkāparā|

ityāmnāyasūcitaprabhāvāyā mātṛkāyāḥ sambandhinaścakrasya proktānuttarānandecchādiśaktisamūhasya cidānandaghanasvasvarūpasamāveśamayaḥ samyagbodho bhavati| Etacceha diṅmātreṇoṭṭaṅkitam| Vitataṁ tvasmatprabhupādaiḥ śrīparātriṁśakāvivaraṇatantrālokādau prakāśitam| Uktaṁ ca śrīsiddhāmṛte

Sātra kuṇḍalinī bījajīvabhūtā cidātmikā|
Tajjaṁ dhruvecchonmeṣākhyaṁ trikaṁ varṇāstataḥ punaḥ||
Ā ityavarṇādityādi yāvadvaisargikī kalā|
Kakārādisakārāntādvisargātpañcadhā sa ca||
Bahiścāntaśca hṛdaye nāde'tha parame pade|
Bindurātmani mūrdhānte hṛdayādvyāpako hi saḥ|
Ādimāntyavihīnāstu mantrāḥ syuḥ śaradabhravat|
Gurorlakṣaṇametāvadādimāntyaṁ ca vedayet||
Pūjyaḥ so'hamiva jñānī bhairavo devatātmakaḥ|
Ślokagāthādi yatkañcidādimāntyayutaṁ yataḥ|
Tasmādvidaṁstathā sarvaṁ mantratvenaiva paśyati|

iti| Etacca spande

Seyaṁ kriyātmikā śaktiḥ śivasya paśuvartinī|
Bandhayitrī svamārgasthā jñātā siddhyupapādikā||

ityanenaiva bhaṅgyā sūcitam||7||


Portanto (tasmāt), de um Guru (guroḥ) contente (prasannāt)


(De um Guru contente, provém) a Iluminação (sambodhaḥ) segundo o grupo (cakra) de letras (mātṛkā)||7||


"Provém (bhavati) para o discípulo (śiṣyasya)"; essa é a parte que falta (iti śeṣaḥ) (no aforismo)|

Segundo o processo (nītyā) indicado (nirdiṣṭa) nas veneráveis (escrituras) (śrī) Parātriṁśaka (parātriṁśaka), etc. (ādi), Anuttarākula (anuttarākula) é a natureza essencial (sva-rūpā) do primeiro (prathama) aspecto (kalā) da Consciência do Eu (ahaṁvimarśa).

(Então, esse primeiro aspecto da Consciência do Eu, isto é, a Śakti pura,) expande-se (prasarantī... satī) na forma de (sva-rūpā) Ānanda (vogal "ā") (ānanda), e, por meio do (puraḥsaram) Seu Poder Manifestador (ābhāsana) --que aparece como as etapas (bhūmikā) de Icchā (vogal "i") (icchā) e Īśana (vogal "ī") (īśana)-- manifesta (pradarśya) o estado (daśām) de Unmeṣa (vogal "u") (unmeṣa), cuja essência (ātmikām) é Jñāna (jñāna). E (ca), por meio da Sua Opulência (ādhikyena), que é a origem (āsūtreṇa) da brilhante manifestação (ābhāsā) de objetos (jñeya), (essa mesma Śakti pura faz surgir) Ūnatā (vogal "ū") (ūnatām).

(A seguir, essa mesma Śakti) manifesta (prapañcya) a Vontade (icchām eva) --que possui duas (dvi) formas (rūpām) (isto é, "i" e "ī")-- combinada com o que é meramente (mātrarūpeṇa) uma "luz" (tejas) similar ao (kalpa) brilho (vidyotana) de um relâmpago (vidyut), (ou seja, o elemento "fogo", cujo corpo ou kula é "r". Ela) também (ca) (manifesta Icchā ou Vontade) combinada com aquilo cuja natureza (ātmanā... eṣanīyena) é a firmeza (sthairya) (em outras palavras, o elemento "terra", cujo corpo ou kula é "l". A partir dessas combinações, surgem as vogais "ṛ, ṝ, ḷ e ḹ". Essas vogais são são realmente letras produzidas, mas sim sons escutados,) porque elas estão (meramente) coloridas (rañjitatvāt) ou tingidas (ārūṣitena) pelos sons (śrutyā) "ra" (ra) (e) "la" (la) (isto é, pelas letras do fogo e da terra, respectivamente; note que "ra" é simplesmente "r" --letra semente-- mais "a", e "la" é "l" --letra semente-- mais "a". Não somente) por causa do que foi estabelecido na oração anterior (atas eva), mas também visto que (as vogais ṛ, ṝ, ḷ e ḹ) aparecem (ābhāsatvataḥ) como objetos (sutis) (meya) assimilados (ātmīkṛta) em sua própria (sva) luz (prakāśa), são conhecidas como (letras) Imperecíveis (amṛtarūpeṇa). E (ca), já que estão meramente (mātrataḥ) tingidas (ārūṣaṇa) pela manifestação (ābhāsa) objetiva (meya), não são capazes (asamarthatayā) de dar origem (prasava) a outras (antara) letras semente (bīja). (Como resultado,) esse grupo de quatro (catuṣṭayātmanā rūpeṇa) letras semente (bīja) é designado como (ākhya) Eunuco (ṣaṇḍḥa).

(Depois disso, Śakti) manifesta a letra semente (bījam) Trikoṇa --a vogal "e"-- (tri-koṇa) por meio da combinação (saṅghaṭṭena) de Icchā --"i"-- (icchā) com Anuttara --"a"-- (anuttara) e Ānanda --"ā"-- (ānanda), que foram mencionadas anteriormente (prokta). E (ca), por meio da união (yojanayā) de Unmeṣa --"u"-- (unmeṣa) com Anuttara --"a"-- (anuttara) e Ānanda --"ā"-- (ānanda), (Ela manifesta) a letra (kāram) "o" (o), cuja natureza (rūpam) indica (upagama) (o aparecimento de) Kriyāśakti (kriyā-śakti). (Posteriormente,) combinando (saṅghaṭṭena) esses (etad) previamente nencionados (prokta) grupos formados por duas (dvaya) letras semente (bīja), --isto é, os grupos "a-ā" e "e-o"--, (Śakti) manifesta (pradarśya) Ṣaṭkoṇa --a vogal "ai"-- (ṣaṭkoṇam) e (ca) a letra semente (bījam) Śūla --a vogal "au"-- (śūla). Visto que, (na letra "au",) há predomínio (pradhānatvāt) de Kriyāśakti (kriyā-śakti) --em sua plenitude-- (pūrṇa) penetrada (vyāpta) por Icchāśakti e Jñānaśakti (icchā-jñāna-śakti), (a Deusa manifesta essa letra) como estando composta (mayam) pela união ou combinação (saṅghaṭṭana) das três (traya) śakti-s (mencionadas acima,) (śakti) (ou seja, Icchā, Jñāna e Kriyā).

(Depois disso, Śakti) manifesta (unmīlya) Bindu (bindum), cuja natureza (saṅghaṭṭena) é um indiviso (eka) Conhecimento (vedana) do universo (viśva), (certamente) até as suas fronteiras (iyatparyanta). (Posteriormente, essa Śakti) exibe (uddarśitavatī) a etapa (bhūmim) do Visarga (visarga), que consiste (ātmānam) em um par (dvaya) de pontos (bindu) que estão repletos (maya) de simultânea (yugapad) emissão (visarjana) externa (bahis) (e) interna (antar). (Então,) por causa de tudo isso (que foi mencionado) (atas eva), (a Deusa Suprema) --por meio da (Sua) Consciência (vimarśanena) interna (antar)--, mostra (darśayati) esse (etad) universo (viśvam) como repousando (viśrāntam) somente (eva) em Anuttara --isto é, a vogal "a"-- (anuttaraḥ); mas (tu), por meio da (Sua) Consciência (vimarśena) externa (bahis), (Ela) manifesta (prapañcayati) --por meio das śakti-s ou poderes (śaktibhyaḥ) a-i-u-ṛ-ḷ (a-i-u-ṛ-ḷ)-- cinco grupos (pañcakam) de cinco letras (cada) (pañcaka) --começando (ādi) pela letra "ka" (ka) e terminando (antam) com a letra "ma" (ma)-- como um conjunto (samastam) (de cinco grupos formados por cinco tattva-s ou categorias cada) --(começando pelo tattva 36 ou elemento terra) e finalizando (antam) com Puruṣa --tattva 12-- (puruṣa)--|

E (ca), para cada (ekaikasyāḥ) śakti (śakteḥ), (isto é, para cada uma dessas cinco letras --a, i, ṛ, ḷ e u--), há (asti) um grupo de cinco (pañca) śakti-s (śaktitvam). Dessa forma (iti), a partir de cada uma (dessas śakti-s) (ekaikataḥ), (produz-se) um surgimento (udayaḥ) de cinco (letras) (pañcaka)|

(Depois disso,) a partir das mesmas śakti-s (eva śaktibhyaḥ) --começando por "ā" (ābhyaḥ)--, (o Supremo Poder) manifesta (ābhāsitavatī) as quatro (caturaḥ) letras (varṇān) denominadas (ākhyān) Antastha (antastha), (isto é, as letras "ya, ra, la e va") --em conformidade (anusāreṇa) com a terminologia (sañjñā) que se utiliza (ukta) em Śikṣā (a ciência da fonética) (śikṣā)--, já que residem (avasthānāt), junto com Niyati (niyati) e os outros (ādi) Kañcuka-s (kañcukatvena), dentro de (antar) Puruṣa (pumbhūmau). (Por outro lado,) nas escrituras reveladas (āmnāyeṣu), são designadas (uktān) por meio do termo (śabdena) Dhāraṇā (dhāraṇā), porque apoiam (dhāraṇāt) o universo (viśva) ao sustentar (dhāraṇena) a etapa (bhūmi) de "conhecedor ou experimentador limitado" (pramātṛ). Por cima (upari) desse (Māyātattva) (tad), (a Venerável Śakti) manifesta (ābhāsitavatī) as quatro (caturaḥ) letras (varṇān) chamadas (abhidhānān) Ūṣmā (ūṣmā) (ou seja, as letras "śa, ṣa, sa e ha"), pois são mostradas (unmiṣitatvāt) durante o desaparecimento (vigalanena) da diferença (bheda) e o (subsequente) aparecimento (āpattyā) da não diferença (abheda)|

E (ca) aqui (atra), (isto é, nas letras Ūṣmā, Śakti ou a consciência do Eu) exibe (pradārśya), por último (ante), a completamente perfeita (paripūrṇam) letra (varṇam) Amṛta (amṛta), (a letra "sa"), que se situa (varti) ao final (paryanta) de toda (sarva) a Manifestação (sṛṣṭi). Depois (ante) disso (tad), (Ela) mostra (pradarśanaṁ kṛtam) o Prāṇabīja (prāṇabīja), (a letra "ha". Ela realiza) isso (tad) para que uma pessoa se dê conta ou reconheça (iti pratyabhijñāpayitum) que esse universo (viśvam) [cuja forma (rūpam) abrange (iyat) Vācaka (vācaka) --(palavras)-- (e) Vācya (vācya) --(objetos denotados por essas palavras)-- e consiste (mayam) na expansão (sphāra) dos seis (ṣaṭ) cursos ou caminhos (adhva)] alcança a sua plenitude (āpyāyita) em Anāhatamaya (anāhatamayam), (um epíteto para a letra "ha"), devido a Anuttaraśakti (ābhāsitavatī) (a letra "a" ou Śiva)|

Por conseguinte (atas eva), o princípio ou essência (tattvam) da consciência do Eu (aham-vimarśasya), cuja natureza (ātmanaḥ) é a Virilidade ou Poder (vīrya) do Grande (mahā) Mantra (mantra), (é como segue): "O universo (viśvam), por meio (yuktyā) de Pratyāhāra (pratyāhāra), está impregnado (garbhīkṛtam) por Anuttara e Anāhata (anuttarānāhatābhyām), (isto é, pelas letras "a" e "ha", respectivamente, as quais são) certamente (eva) Śiva e Śakti (śivaśaktibhyām). (Por essa razão,) ele --em outras palavras, "o universo"-- somente (eva) consiste (ātmakam) Nisto --ou seja, " em Śiva e Śakti"-- (etad... iti)"|

Tal como (yathā) foi dito (uktam) por meio dos versos (pādaiḥ... iti) de Utpaladeva (utpaladeva), nosso (asmad) eminente (śrīmat) (e) supremo Mestre (parameṣṭhi):

"O Descanso ou Repouso (viśrāntiḥ) da Luz da Consciência (prakāśasya) dentro de Si Mesma (ātma) (é) indubitavelmente (hi) conhecido (kīrtitaḥ) como o conceito de "eu" (aham-bhāvaḥ). Isso (sā) é certamente (eva ca) chamado (uktā) de Descanso ou Repouso (viśrāntiḥ), já que exclui (nirodhataḥ) toda (sarva) expectativa (apekṣā). Ademais (atha), é Liberdade Absoluta (svātantryam), Principal (mukhyam) Condição de Fazedor (kartṛtvam), bem como (api ca) Completa Supremacia (īśvaratā... iti)"|

Portanto (tad), o que (yad) até agora (foi denominado) (iyat-paryantam) "a essência (tattvam) de Mātṛkā (mātṛkāyāḥ)", isso mesmo (tad eva) foi mostrado (pradarśitam) ao final (ante) por meio de Kūṭabīja --a letra kṣa-- (kūtabījena). (Esse Kūṭabīja) é um Pratyāhāra (pratyāhāreṇa) da letra (kāra) "ka" (ka) (e) da letra (kāra) "sa" (sa). (Dessa forma, esse Kūṭabīja) se forma a partir da combinação (sanghaṭṭa) das essências --sāra-- (sāreṇa) de Anuttara (anuttara) (e) Visarga (visarga), (respectivamente). Chega (iti-alam) de trazer à luz (prakaṭanena) o que é secreto (rahasya)!|

(Sambodha, no aforismo,) é (bhavati) Completa (samyak) Iluminação (bodhaḥ) que consiste (mayaḥ) en uma absorção (samāveśa) na própria Natureza Essencial (sva-sva-rūpa), que é uma Compacta Massa (ghana) de Consciência (cit) (e) Felicidade (ānanda). (Completa Iluminação) com relação ao supracitado (prokta) grupo (cakrasya... samūhasya) de poderes (śakti) (integrado por) Anuttara (anuttara), Ānanda (ānanda), Icchā (icchā), etc. (ādi), (e que) está conectado (sambandhinaḥ) com Mātṛkā (mātṛkāyāḥ), cuja --ou seja, de Mātṛkā-- Eficácia ou Poder(prabhāvāyāḥ) foi indicada (sūcita) nas Escrituras Reveladas (āmnāya) da seguinte maneira (evaṁvidhāyāḥ... iti):

"... Não há nenhum (na) conhecimento (vidyā) mais alto (parā) que (o de) Mātṛkā (mātṛkā)"|

Isto (etad ca) (foi) tratado (uṭṭankitam) aqui (iha) mediante mera (mātreṇa) indicação (dik)|

(Isto foi) certamente (tu) difundido (vitatam) (e) revelado (prakāśitam) por meio dos versos (pādaiḥ) de nosso (asmad) Mestre (prabhu) nos veneráveis (śrī) Parātriṁśakāvivaraṇa (parātriṁśakāvivaraṇa), Tantrāloka (tantrāloka), etc. (ādau)|

No venerável (śrī) Siddhāmṛta (siddhāmṛte), (foi) também (ca) declarado (uktam) (por Śiva Mesmo a Pārvatī, sua consorte):

"Aqui (atra), essa (sā) Kuṇḍalinī (kuṇḍalinī) (é) a Semente (bījam) que é a Vida (jīva-bhūtā) (e) cuja essência é a Consciência (cit-ātmikā). A tríade (trikam) cujo nome é Dhruva --vogal 'a'--, Icchā --vogal 'i'-- e Unmeṣa --vogal 'u'-- (dhruva-icchā-unmeṣa-ākhyam) nasce Dela (tad-jam), (e) dessa (tríade) (tatas), novamente (punar), (nasce o resto das) letras (varṇāḥ).

A partir do Visarga (visargāt) (é produzido o grupo de letras) que começa (ādi) pela letra (kāra) "ka" (ka) (e) termina --anta-- (antāt) na letra (kāra) "sa" (sa). E (ca), (por sua vez,) esse (Visarga) (saḥ) (aparece) de cinco formas (pañcadhā):

(1) No lado de fora, (na forma do universo) (bahis) e (ca... ca) (2) dentro (antar), (3) no coração (hṛdaye), (4) em Nāda --isto é, na garganta, nesse caso-- (nāde) (e) certamente (atha) (5) na Suprema (parama) Etapa (pade) --ou seja, entre as duas sobrancelhas--. (Além disso,) esse (saḥ) Bindu --isto é, Visarga-- (binduḥ) indubitavelmente (hi) permeia (vyāpakaḥ) desde o coração (hṛdayāt) até o topo (antam) do crânio (mūrdha), (isto é), até o Ser (Ele Mesmo) (ātmani).

Contudo (tu), os mantra-s (mantrāḥ) desprovidos (vihīnāḥ) do 'a' (a) inicial (ādi) (e) 'ma' (ma) final (antya) --isto é, desprovidos de 'aham' ou 'Eu', ou seja, Śiva--, são (syuḥ) como (vat) nuvens (abhra) outonais (śarat).

A característica (laksaṇam) (essencial) de um Guru (guroḥ) (é que) ele explica (aos seus discípulos) (ca vedayet) (esse Mahāmantra ou Grande Mantra) cuja medida (etāvat) (é a seguinte:) Inicia (ādi) com 'a' (a) (e) termina (antyam) com 'ma' (ma) --isto é, 'Aham' ou Eu, ou seja, Śiva--. O Conhecedor (jñānī), (esse) Divino (devatā-ātmakaḥ) Bhairava (bhairavaḥ), deve ser adorado (pūjyaḥ) como (iva) Eu Mesmo (saḥ aham).

Visto que (yatas) --para tal Guru-- qualquer coisa (yatkiñcid), quer seja um hino de adoração (śloka), uma canção laudatória (ghāthā), etc. (ādi), está unida ou conectada (yutam) com (o Mahāmantra ou Grande Mantra) que começa (ādi) com 'a' (a) (e) termina (antya) com 'ma' (ma), segue que --lit. portanto-- (tasmāt) (tal Guru,) conhecendo (vidan) dessa forma (tathā), vê (paśyati) tudo (sarvam) apenas (eva) como um Mantra (mantratvena... iti)"|

Isto (etad) (foi) também (estabelecido) (ca) nas Spandakārikā-s (spande):

"Esse (iyam) mesmo (sā) Poder ou Śakti (śaktiḥ) de Śiva (śivasya), cuja natureza (ātmikā) é atividade (kriyā), permanece (vartinī) no paśu ou ser condicionado (paśu) (e o) ata (bandhayitrī). (Contudo, quando Śakti) é conhecida ou entendida (jñātā) como permanecendo (no supracitado paśu) (sthā) na forma do caminho (mārga) em direção ao próprio Ser (sva), produz (upapādikā) sucesso (siddhi)"||
(Ver Spandakārikā-s III, 16)

(Dessa forma,) por meio dessa (citação) (anena eva), indicou-se (sūcitam) (a mesma ideia,) mas indiretamente (bhaṅgyā)||7||

Ao início


 Aforismo 8

ईदृशस्यास्य मातृकाचक्रसम्बोधवतः—


शरीरं हविः॥८॥


सर्वैर्यत्प्रमातृत्वेनाभिषिक्तं स्थूलसूक्ष्मादिस्वरूपं शरीरं तन् महायोगिनः परस्मिंश्चिदग्नौ हूयमानं हविः शरीरप्रमातृताप्रशमनेन सदैव चिन्मातृताभिनिविष्टत्वात्। यदुक्तं श्रीविज्ञानभैरवे

महाशून्यालये वह्नौ भूताक्षविषयादिकम्।
हूयते मनसा साकं स होमः स्रुक्च चेतना॥

इति। श्रीतिमिरोद्घाटेऽपि

यः प्रियो यः सुहृद्बन्धुर्यो दाता योऽतिवल्लभः।
तदङ्गभक्षणाद्देवि ह्युत्पतेद्गगनाङ्गना॥

इति। अत्र हि देहप्रमातृताप्रशमनमेव पिण्डार्थः। श्रीमद्भगवद्गीतास्वपि

सर्वाणीन्द्रियकर्माणि प्राणकर्माणि चापरे।
आत्मसंयमयोगाग्नौ जुह्वति ज्ञानदीपिते॥

इति। स्पन्दे तु

यदा क्षोभः प्रलीयेत तदा स्यात्परमं पदम्।

इत्यनेनैव सङ्गृहीतम्। क्षोभो देहाद्यहम्प्रत्ययरूप इति हि तद्वृत्तौ भट्टश्रीकल्लटः॥८॥

Īdṛśasyāsya mātṛkācakrasambodhavataḥ—


Śarīraṁ haviḥ||8||


Sarvairyatpramātṛtvenābhiṣiktaṁ sthūlasūkṣmādisvarūpaṁ śarīraṁ tan mahāyoginaḥ parasmiṁścidagnau hūyamānaṁ haviḥ śarīrapramātṛtāpraśamanena sadaiva cinmātṛtābhiniviṣṭatvāt| Yaduktaṁ śrīvijñānabhairave

Mahāśūnyālaye vahnau bhūtākṣaviṣayādikam|
Hūyate manasā sākaṁ sa homaḥ srukca cetanā||

iti| Śrītimirodghāṭe'pi

Yaḥ priyo yaḥ suhṛdbandhuryo dātā yo'tivallabhaḥ|
Tadaṅgabhakṣaṇāddevi hyutpatedgaganāṅganā||

iti| Atra hi dehapramātṛtāpraśamanameva piṇḍārthaḥ| Śrīmadbhagavadgītāsvapi

Sarvāṇīndriyakarmāṇi prāṇakarmāṇi cāpare|
Ātmasaṁyamayogāgnau juhvati jñānadīpite||

iti| Spande tu

Yadā kṣobhaḥ pralīyeta tadā syātparamaṁ padam|

ityanenaiva saṅgṛhītam| Kṣobho dehādyahampratyayarūpa iti hi tadvṛttau bhaṭṭaśrīkallaṭaḥ||8||


De tal (Yogī) (īdṛśasya asya) que alcançou iluminação (sambodhavataḥ) com relação ao grupo (cakra) de letras (mātṛkā)


O corpo (de uma pessoa sobre a qual se derramou a supracitada iluminação) (śarīram) (se torna) uma oblação (haviḥ)||8||


O corpo (śarīram) cuja natureza (sva-rūpam) é bruta --física-- (sthūla), sutil (sūkṣma), etc. (ādi), (e) que (yad) está borrifado (abhiṣiktam) com o estado de conhecedor --com o sentido de eu-- (pramātṛtvena) em todos (os seres) (sarvaiḥ), no caso do grande Yogī (mahā-yoginaḥ), (torna-se) uma oblação (tad... haviḥ) a ser oferecida (hūyamānam) no mais elevado (parasmin) fogo (agnau) da Consciência (cit), já que ele --o grande Yogī-- está constantemente imerso (sadā eva... abhiniviṣṭatvāt) (em um estado onde somente) Cit --Consciência-- (cit) é (percebida como) o conhecedor ou experimentador --mātṛ-- (mātṛtā) por causa da cessação (praśamanena) (da noção de que) o corpo (śarīra) é o conhecedor ou experimentador --pramātṛ-- (pramātṛtā)1 |

Isso é o que (yad) foi exposto (uktam) no venerável Vijñānabhairava (śrī-vijñānabhairave):

"(Quando o conjunto de) elementos (bhūta), sentidos (akṣa), objetos dos sentidos (viṣaya), etc. (ādikam), junto com a mente (manasā sākam), é vertido (hūyate) no fogo (vahnau) onde existe a completa dissolução (ālaye) do grande (mahā) vazio (śūnya), isso (saḥ) (é verdadeira) oblação (homaḥ). A concha (sruk ca) (é) Cetanā (cetanā... iti)2 "||

Também (api) no venerável Timirodghāṭa (śrī-timirodghāṭe):

"(No caso de) alguém que (yaḥ) (é) querido (priyaḥ), que (yaḥ) (é) um amigo (suhṛt), parente (bandhuḥ), doador (dātā), (ou) que (yaḥ) (é) grandemente amado (ati-vallabhaḥ), oh deusa (devi), devorando (bhakṣaṇāt) (a noção de que seu) corpo (aṅga) (é) Isso --o Ser-- (tad), a Mulher --ou seja, a Śakti-- (aṅganā) no espaço da Consciência (gaganā) se eleva (utpatet) indubitavelmente (hi... iti)"||

Aqui (atra hi), o significado (arthaḥ) global (piṇḍa) (é) a extinção (praśamana eva) (da ideia de que) o corpo (deha) é o Conhecedor ou Experimentador --Pramātṛ-- (pramātṛtā)|

Inclusive (api) no venerável Bhagavadgītā (śrīmat-bhagavadgītāsu):

"Outros (apare) oferecem (juhvati) todas (sarvāṇi) as ações (karmāṇi) dos indriya-s --os Poderes de percepção e ação-- (indriya) e (ca) as ações (karmāṇi) das energias vitais (prāṇa) no fogo (agnau) do Yoga (yoga) do autocontrole --também "controle da mente"-- (ātma-saṁyama) acendido (dīpite) pelo conhecimento (jñāna... iti)"||
(Ver Bhagavadgītā IV, 27)

Nas Spandakārikā-s (spande), (o mesmo ensinamento) foi resumido (saṅgṛhītam) por meio deste (aforismo) (anena eva):

"Quando (yadā) se dissolve por completo (pralīyeta) a agitação (kṣobhaḥ)... então (tadā) o Supremo (paramam) Estado (padam) ocorre (syāt... iti)"|
(Ver Spandakārikā-s I, 9)

"A agitação (kṣobhaḥ) é (rūpaḥ) a ideia (pratyaya) de que o Ser --lit. 'Eu'-- (aham) é o corpo (deha), etc. (ādi... iti)", (segundo o que) o venerável (bhaṭṭa-śrī) Kallaṭa (kallaṭaḥ) (escreveu) no seu comentário (sobre as Spandakārikā-s) (hi tad-vṛttau)||8||

1  Nesse contexto, o corpo não é só físico, mas também os corpos sutil, causal e supracausal. O corpo supracausal é Bindu, um ponto de Luz azul onde o gigantesco universo aparece como uma diminuta massa de Consciência pura. Esse conjunto de quatro corpos aparece geralmente "borrifado" com sentido de eu ou ego, ou seja, a grande maioria das pessoas está convencida de que é os seus corpos. No entanto, esse não é o caso com relação a um grande ser, já que mesmo o corpo espiritual (supracausal), que é tão sutil em comparação com o corpo físico, torna-se uma oblação a ser oferecida ao fogo de Deus assim como a manteiga clarificada, etc., é oferecida ao fogo pelos sacerdotes durante um sacrifício. Por quê? Porque esse ser santo atingiu a meta da vida, tendo percebido que o verdadeiro conhecedor ou experimentador é Cit (o Ser Supremo), e não o corpo. Então, após a Libertação final, esse ser elevado não está mais interessado no destino do corpo. Consequentemente, ele deixa esse assunto nas mãos de Deus.

O divino Ser pode fazer com que ele mantenha seu corpo, e esse estado denomina-se "Jīvanmukti", ou pode fazer com que abandone-o (Videhamukti). Em suma, esses seres santos permanecerão entre o resto das pessoas mantendo todos os quatro corpos, ou mantendo três, dois ou inclusive um (o corpo supracausal); ou ainda, não manterão nenhum corpo e se fundirão com Cit sem forma. Quando eles mantên os quatro corpos ou inclusive um, é sempre para o bem das pessoas devido à compaixão do Senhor. Alguns deles inclusive mantêm os quatro corpos por um tempo, e, quando abandonam os corpos físicos no momento da morte, mantêm unicamenteo corpo supracausal para viver em Siddhaloka (o mundo dos seres aperfeiçoados). De qualquer forma, do ponto de vista de uma alma libertada, não há manutenção ou descarte de corpos de forma alguma. É somente do ponto de vista de um ser limitado borrifado com sentido de eu que esses processos ocorrem. Muito bem, chega de falar sobre esses mistérios!Return 

2  Terei que te explicar essa complexa estrofe, pelo menos um pouco: O termo "ālaye" significa "em ālaya". Se você procurar a palavra "ālaya" no dicionário, encontrará "receptáculo, casa, moradia, etc.". No entanto, aqui, deve ser interpretada como "ā + laya" ou "completamente + dissolução". Em outras palavras, a partícula "ā" equivale a "samantāt" (inteiramente, completamente, etc.). De qualquer forma, o resultado final não é "dissolução completa", mas sim "aquilo onde existe dissolução completa", já que a palavra funciona como um Bahuvrīhi (para mais informação, ver Compostos atributivos). Bem, essa interpretação não foi uma ideia brilhante que tive quando acordei hoje de manhã. Não, ela pertence ao mesmo santo que está agora comentando sobre esta escritura, isto é, Kṣemarāja. Ele também compôs um comentário sobre o Vijñānabhairava. Sobre a estrofe 149 (a que é citada aqui), ele comenta:

"महाशून्यस्य शून्यातिशून्यपदस्य आ समन्ताल्लयो यत्र परतत्त्वात्मनि वह्नौ..." - "Mahāśūnyasya śūnyātiśūnyapadasya ā samantāllayo yatra paratattvātmani vahnau..." — "No fogo (o mais alto tattva ou categoria, isto é, Śiva) onde existe a completa dissolução do grande vazio, isto é, do estado de vazio além do vazio..."

O termo "mahāśūnya" ou grande vazio é definido pelo sábio como "शून्यातिशून्यपद" - "śūnyātiśūnyapada" ou o estado de vazio além do vazio. Kṣemarāja não explica esse termo em profundidade lá, mas, como ele indica no seu comentário sobre o Svacchandatantra (uma escritura tântrica muito importante) que "śūnyātiśūnya" (o vazio além do vazio) é "महामाया" - "Mahāmāyā" (a grande Māyā), pode-se utilizar tal interpretação nesse contexto. O tattva ou categoria chamado "Māyā" é o sexto. Essa Māyā é um vazio. Como "Mahāmāyā" opera nos tattva-s 3 a 5, pode-se dizer que ela é realmente o vazio além do vazio. Mahāmāyā produz diferenças mas exclui separação (p. ex., Eu sou o universo - isto é, Eu sou diferente dele mas não estou separado dele), enquanto Māyā gera tanto diferença quanto separação (p. ex., Eu não sou o universo - isto é, Eu sou diferente e estou separado dele). Perfeito, acho que está suficientemente claro.

"Cetanā" é a "srúk" ou concha, porque, da mesma forma que a concha derrama manteiga clarificada, etc., no fogo do sacrifício, Cetanā derrama Citta (a mente e sua progênie na forma de elementos, sentidos, objetos dos sentidos, etc.) em Cit ou Consciência pura (Śiva). Embora o termo "Cetanā" não possa ser traduzido com precisão em português (ou qualquer outra língua), Kṣemarāja menciona que:

"... चेतना विश्वानुसन्धात्री शक्तिरेव स्रुक्..." - "... cetanā viśvānusandhātrī śaktireva sruk..." — "Cetanā, a Śakti ou Poder que tudo explora, é certamente a concha"

Além de "explorar", o termo "anusandhātrī" significa "que une", ou seja, Cetanā une mente, sentidos, etc., com o Senhor Supremo. Bem, tenho que parar aqui, ou essa nota será muito longa. De qualquer forma, essa explicação foi meramente superficial.Return 

Ao início


 Aforismo 9

अस्य च—


ज्ञानमन्नम्॥९॥


यत्पूर्वं ज्ञानं बन्धः (१-२) इत्युक्तं तदद्यमानत्वाद्ग्रस्यमानत्वाद्योगिनामन्नम्। यत्संवादितं प्राक्

मृत्युं च कालं च कलाकलापं विकारजालं प्रतिपत्तिसात्म्यम्।
ऐकात्म्यनानात्म्यवितर्कजातं तदा स सर्वं कवलीकरोति॥

इति।

अथ च यत्स्वरूपविमर्शात्मकं ज्ञानं तदस्यान्नं पूर्णपरितृप्तिकारितया स्वात्मविश्रान्तिहेतुः। तदुक्तं श्रीविज्ञानभैरवे

अत्रैकतमयुक्तिस्थे योत्पद्यते दिनाद्दिनम्।
भरिताकारिता सात्र तृप्तिरत्यन्तपूर्णता॥

इति। युक्तिर्हि तत्र द्वादशोत्तरशतभूमिकाज्ञानरूपैव। एतच्च स्पन्दे

प्रबुद्धः सर्वदा तिष्ठेत्...।

इत्यनया कारिकया सङ्गृहीतम्॥९॥

Asya ca—


Jñānamannam||9||


Yatpūrvaṁ jñānaṁ bandhaḥ (1-2) ityuktaṁ tadadyamānatvādgrasyamānatvādyogināmannam| Yatsaṁvāditaṁ prāk

Mṛtyuṁ ca kālaṁ ca kalākalāpaṁ vikārajālaṁ pratipattisātmyam|
Aikātmyanānātmyavitarkajātaṁ tadā sa sarvaṁ kavalīkaroti||

iti|

Atha ca yatsvarūpavimarśātmakaṁ jñānaṁ tadasyānnaṁ pūrṇaparitṛptikāritayā svātmaviśrāntihetuḥ| Taduktaṁ śrīvijñānabhairave

Atraikatamayuktisthe yotpadyate dināddinam|
Bharitākāritā sātra tṛptiratyantapūrṇatā||

iti| Yuktirhi tatra dvādaśottaraśatabhūmikājñānarūpaiva| Etacca spande

Prabuddhaḥ sarvadā tiṣṭhet...|

ityanayā kārikayā saṅgṛhītam||9||


E (ca), desse (Yogī) (asya)


O conhecimento (limitado) (jñānam) (é) o alimento (annam)||9||


Esse (conhecimento limitado) (tad), que (yad) foi descrito (uktam) anteriormente (pūrvam) (desta maneira:) "O conhecimento (limitado ou contraído) (jñānam) (é) escravidão (bandhaḥ... iti)" por meio do segundo (aforismo) da primeira Seção (1-2), (é) o alimento (annam) do Yogī (yoginām), pois é comido (ou) devorado (por ele) (adyamānatvāt grasyamānatvāt)1 |

(Esse ensinamento) está de acordo com (saṁvāditam) o que (yad) (foi declarado) anteriormente (prāñc) (na seguinte estrofe da Bhargaśikhā):

"Então (tadā), (quando se produz o desaparecimento do universo,) ele --o sublime Yogī-- (saḥ) devora (kavalī-karoti) tudo (sarvam) --isto é, torna-se um com tudo--, (inclusive) a morte (mṛtyum) e (ca... ca) o tempo --Kāla também é a deidade que rege a morte-- (kālam), o monte (kalāpam) de atividades (kalā), a rede (jālam) de mudanças (vikāra), a identificação (sātmyam) com o conhecimento (de objetos) (pratipatti), a multidão (jātam) de pensamentos (vikalpa) de unidade (com o Ser Supremo) (aika-ātmya) (ou) de multiplicidade (nānā-ātmya... iti)"||

Além disso, (existe outro significado para esse aforismo dentro da esfera de ação do significado mencionado acima) (atha ca): Esse (tad) conhecimento (jñāna) que (yad) consiste em (ātmakam) consciência do Ser (sva-rūpa-vimarśa) (é) o seu (asya) alimento (annam), (já que,) produzindo (kāritayā) plena (pūrṇa) satisfação (paritṛpti), (torna-se) a causa (hetuḥ) do repouso (viśrānti) no próprio (sva) Ser (ātma)|

Isso (tad) é declarado (uktam) no venerável (śrī) Vijñānabhairava (vijñānabhairave):

"A satisfação (sā... tṛptiḥ) causadora da plenitude (bharitā-kāritā) que (yā) brota (utpadyate), dia a dia (dināt dinam), naquele que está estabelecido (sthe)2  em uma das muitas (ekatama) Yukti-s (ou Yoga-s) (yukti) daqui --lit. aqui-- (atra) --ou seja, entre essas técnicas de concentração ensinadas nesta escritura--, (constitui,) a esse respeito (atra), perfeição (pūrṇatā... iti) absoluta (atyanta)"||

(O termo) Yukti (yuktiḥ), (como um todo,) significa (rūpā eva), nessa (estrofe,) (tatra) o conhecimento (jñāna) de cento e doze (dvādaśa-uttara-śata) etapas ou graus (de Yoga) (bhūmikā), certamente (hi)3 |

Isso (etad ca) foi resumido (saṅgṛhītam) por este (anayā) aforismo (kārikayā):

"... deve-se sempre permanecer (sarvadā tiṣṭhet) desperto (prabuddhaḥ)..."||4 
(Ver Spandakārikā-s III, 12)

||9||

1  "Devorar", em um contexto de Trika, é a mesma coisa que "dar-se conta da unidade". Por exemplo, "devorar o conhecimento limitado" é "dar-se conta de que você é ele mesmo". Quando não há "outro" te atrapalhando, o conflito cessa e obtém-se a paz. Isso é confirmado por III,12 nas Spandakārikā-s, o qual o comentarista citará ao final do seu comentário sobre o atual aforismo.Return 

2  Kṣemarāja comenta resumidamente sobre esta estrofa do Vijñānabhairava:

"एकतमयुक्तिस्थे योगिनि इति शेषः॥१४८॥" - "Ekatamayuktisthe yogini iti śeṣaḥ||148||" — "Naquele que está estabelecido em uma das muitas Yukti-s (ou Yoga-s), isto é, no Yogī. Deve-se adicionar isso (à estrofe para completar o sentido)||148||"Return 

3  O Vijñānabhairava é famoso por conter 112 tipos de técnicas de concentração.Return 

4  Sim, você pode ir a III,12 nas Spandakārikā-s e ler a estrofe inteira. De qualquer maneira, adicionarei a tradução aqui:

"Contemplando tudo o que está dentro do alcance da própria perceção através do conhecimento, deve-se sempre permanecer desperto (e) pôr tudo em um lugar --isto é, no Spanda--. Consequentemente, ele não é pressionado ou afligido por outro||12||"Return 

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 Aforismo 10

यदा त्वेवं सततावहितो न भवति तदा ज्ञानवतोऽप्यस्यावधानावलेपात्—


विद्यासंहारे तदुत्थस्वप्नदर्शनम्॥१०॥


प्रोक्तज्ञानस्फाररूपायाः शुद्धविद्यायाः संहारे निमज्जने तदुत्थस्य क्रमात्क्रमन्यक्कृतविद्यासंस्कारस्य स्वप्नस्य भेदमयस्य विकल्पप्रपञ्चरूपस्य दर्शनं स्फुटमुन्मज्जनं भवति। तदुक्तं श्रीमालिनीविजये

न चैतदप्रसन्नेन शङ्करेणोपदिश्यते।
कथञ्चिदुपदिष्टेऽपि वासना नैव जायते॥

इत्युपक्रम्य

वासनामात्रलाभेऽपि योऽप्रमत्तो न जायते।
तमनित्येषु भोगेषु योजयन्ति विनायकाः॥

इति। तदेतत्

अन्यथा तु स्वतन्त्रा स्यात्सृष्तिस्तद्धर्मकत्वतः।
सततं लौकिकस्येव जाग्रत्स्वप्नपदद्वये॥

इत्यनेन स्पन्दे सङ्गृहीतम्। अतश्च नित्यं शुद्धविद्याविमर्शनपरेणैव योगिना भाव्यमित्युपदिष्टं भवति। यथोक्तम्

तस्मान्न तेषु संसक्तिं कुर्वीतोत्तमवाञ्छया।

इति श्रीपूर्वे। श्रिस्पन्देऽपि

अतः सततमुद्युक्तः स्पन्दतत्त्वविविक्तये।
जाग्रदेव निजं भावमचिरेणाधिगच्छति॥

इति। एवं चित्तं मन्त्रः (२-१) इत्यतः प्रभृति मन्त्रवीर्यमुद्रावीर्यानुसन्धिप्रधानम्

उच्चाररहितं वस्तु चेतसैव विचिन्तयन्।
यं समावेशमाप्नोति शाक्तः सोऽत्राभिधीयते॥

इत्याम्नातं शाक्तोपायं विविच्यावधानावलिप्तं प्रति विद्यासंहारे तदुत्थस्वप्नदर्शनम् (२-१०) इति सूत्रेणैतदनुषङ्गेणाणवोपायप्रतिपादनस्यावकाशो दत्तः। इति शिवम्॥१०॥

Yadā tvevaṁ satatāvahito na bhavati tadā jñānavato'pyasyāvadhānāvalepāt—


Vidyāsaṁhāre tadutthasvapnadarśanam||10||


Proktajñānasphārarūpāyāḥ śuddhavidyāyāḥ saṁhāre nimajjane tadutthasya kramātkramanyakkṛtavidyāsaṁskārasya svapnasya bhedamayasya vikalpaprapañcarūpasya darśanaṁ sphuṭamunmajjanaṁ bhavati| Taduktaṁ śrīmālinīvijaye

Na caitadaprasannena śaṅkareṇopadiśyate|
Kathañcidupadiṣṭe'pi vāsanā naiva jāyate||

ityupakramya

Vāsanāmātralābhe'pi yo'pramatto na jāyate|
Tamanityeṣu bhogeṣu yojayanti vināyakāḥ||

iti| Tadetat

Anyathā tu svatantrā syātsṛṣtistaddharmakatvataḥ|
Satataṁ laukikasyeva jāgratsvapnapadadvaye||

ityanena spande saṅgṛhītam| Ataśca nityaṁ śuddhavidyāvimarśanapareṇaiva yoginā bhāvyamityupadiṣṭaṁ bhavati| Yathoktam

Tasmānna teṣu saṁsaktiṁ kurvītottamavāñchayā|

iti śrīpūrve| Śrispande'pi

Ataḥ satatamudyuktaḥ spandatattvaviviktaye|
Jāgradeva nijaṁ bhāvamacireṇādhigacchati||

iti| Evaṁ cittaṁ mantraḥ (2-1) ityataḥ prabhṛti mantravīryamudrāvīryānusandhipradhānam

Uccārarahitaṁ vastu cetasaiva vicintayan|
Yaṁ samāveśamāpnoti śāktaḥ so'trābhidhīyate||

ityāmnātaṁ śāktopāyaṁ vivicyāvadhānāvaliptaṁ prati vidyāsaṁhāre tadutthasvapnadarśanam (2-10) iti sūtreṇaitadanuṣaṅgeṇāṇavopāyapratipādanasyāvakāśo dattaḥ| Iti śivam||10||


Mas (tu), quando (yadā) (o Yogī) não (na) está (bhavati) assim (evam) atento (avahitaḥ) constantemente (satata), então (tadā), mesmo (api) no caso (desse) conhecedor (do Ser) (jñānavataḥ), (ocorre o que se ensina no seguinte aforismo,) devido à debilitação (avalepāt) da sua (asya) atenção (avadhāna)


Durante a submersão (saṁhāre) do Conhecimento (Puro) (vidyā), ocorre a aparição (darśanam) de modificações mentais (como em um sonho) (svapna), as quais surgem (uttha) por causa disso (tad), (isto é, "as quais surgem por causa da submersão do Conhecimento Puro previamente citada")||10||


Durante a submersão (saṁhāre) (ou) imersão (nimajjane) do Conhecimento Puro (śuddha-vidyāyāḥ), que é (rūpāyāḥ) uma expansão (sphāra) do previamente mencionado (prokta) conhecimento (jñāna) --mencionado no aforismo anterior--1 , há (bhavati) a aparição (darśanam) (ou) claro (sphuṭam) surgimento (unmajjanam) de svapna --lit. sonho-- (svapnasya), da múltipla manifestação (prapañca), cheia (mayasya) de diferenças (bheda), de modificações mentais (vikalpa), (como em um sonho. Esse svapna) surge por causa daquilo (tad-utthasya), (isto é,) por causa das impressões residuais (saṁskārasya) de Conhecimento (Puro) (vidyā) que desvanecem (nyakkṛta) de maneira gradual (kramāt-krama)2 |

Isso (tad) é o que declara (uktam) (o Senhor) no venerável Mālinīvijayatantra (śrī-mālinīvijaye), começando (com o seguinte trecho,) (upakramya) (enquanto Ele fala sobre a obtenção de Śivatā ou o estado de Śiva, que é a mesma coisa que o surgimento do Conhecimento Puro):

"Isso (etad) é ensinado (upadiśyate) por Śaṅkara --Śiva-- (śaṅkareṇa) quando Ele está contente, realmente (na ca... aprasannena)!3  (Mas), mesmo (api) quando isso é ensinado (upadiṣṭe) de uma maneira ou de outra (kathañcid), a impressão (desse Conhecimento Puro ou estado de Śiva) (vāsanā) não (na eva) permanece (jāyate... iti)"||

(Posteriormente, estabelece-se, no Mālinīvijayatantra, que:)

"(No entanto,) para aquele que (yaḥ... tam) não (na) permanece (jāyate) atento (apramattaḥ), mesmo se (api) obtiver --lit. na obtenção-- (lābhe) meramente (mātra) impressões latentes (que gerem poderes sobrenaturais) (vāsanā), os Vināyaka-s --um certo tipo de demônios-- (vināyakāḥ) incitam e impelem (yojayanti) a prazeres (bhogeṣu... iti) transitórios (anityeṣu)"||

Essa mesma (instrução) (tad etad) foi resumida (saṅgṛhītam) por este (aforismo) (anena) nas Spandakārikā-s (spande):

"De outro modo (anyathā tu)4 , o Poder manifestador (sṛṣṭiḥ), segundo as suas (tad) características (dharmakatvataḥ), é (syāt) sempre (satatam) livre (svatantrā) (para agir) como (iva) no caso das pessoas comuns (laukikasya), durante ambos (dvaye) os estados (pada) de vigília (jāgrat) (e) sono (svapna)"||
(Ver Spandakārikā-s III, 3)

Por essa mesma (razão) (atas ca), ensina-se (upadiṣṭam bhavati) (que) "(o ato de permanecer em sua natureza essencial) deve ser sempre realizado (nityam... bhāvyam) pelo Yogī (yoginā) cujo principal objetivo (pareṇa eva) é a consciência (vimarśana) do Conhecimento (vidyā) Puro (śuddha... iti)"|

Segundo o que foi estabelecido (yathā-uktam) no venerável Pūrva --isto é, no Mālinīvijayatantra-- (śrī-pūrve) --na terceira linha que encerra a estrofe acima que começa com "(No entanto,) para aquele que não permanece atento..."--:

"Portanto (tasmāt), por meio do (seu) desejo (vāñchayā) de (alcançar) a Mais Alta Realidade (uttama), (tal Yogī) não deveria entrar em estreito contato (na... saṁsaktim kurvīta) com esses (prazeres transitórios) (teṣu... iti)"|

Além disso (api), nas Spandakārikā-s (spande), (foi dito que:)

"Por essa razão (atas), aquele que (está) constantemente (satatam) preparado (udyuktaḥ) para discernir (viviktaye) o princípio (tattva) do Spanda (spanda), alcança (adhigacchati) o seu próprio (nijam) estado ou natureza (essencial) (bhāvam) rapidamente (acireṇa), (inclusive em) vigília (jāgrat eva... iti)"||
(Ver Spandakārikā-s I, 21)

Dessa forma (evam), (a Segunda Seção,) que começa com este (aforismo) (atas prabhṛti): "A mente (de alguém que constantemente reflete sobre a Mais Alta Realidade) (cittam) (é) o Mantra (mantraḥ... iti)" —aforismo 1 da segunda Seção (2-1)—, (primeiramente) mostra --lit. "após mostrar" ou "mostrando"-- (vivicya) que Śāktopāya (śākta-upāyam), que é definido pelas escrituras reveladas --Āgama-s-- (āmnātam) (da seguinte maneira:)

"Aquele que reflete (vicintayan) por meio da (sua) mente (cetasā eva) sobre a Realidade (vastu) que não está dentro do campo de ação (rahitam) da pronúncia (uccāra) obtém (āpnoti) uma absorção (no Ser Supremo) (yam samāveśam). Aqui (atra), essa (absorção) (saḥ) deve ser considerada (abhidhīyate) como śākta --isto é, alcançada através de Śāktopāya-- (śāktaḥ... iti)"||
(Ver Mālinīvijayatantra II, 22)

relaciona-se principalmente (pradhānam) com a intensa consciência (anusandhi) da potência (vīrya... vīrya) de mantra e mudrā (mantra... mudrā). (Posteriormente,) por meio do (último) aforismo (da Seção atual) (sūtreṇa) —aforismo 10 da segunda Seção (2-10)—: "Durante a submersão (saṁhāre) do Conhecimento (Puro) (vidyā), há a aparição (darśanam) de modificações mentais (como em um sonho) (svapna), as quais surgem (uttha) por causa disso (tad... iti), (isto é, "as quais surgem por causa da submersão do Conhecimento Puro previamente citada")", o qual está dirigido (prati) a (um buscador espiritual) com uma atenção débil (avadhāna-avaliptam), concede-se (dattaḥ) uma oportunidade (avakāśaḥ) a esse respeito (etad-anuṣaṅgeṇa) para apresentar (pratipādanasya) Āṇavopāya (āṇava-upāya), (isto é, o upāya ou meio sobre o qual versa a próxima Seção)5 |

Que haja bem-estar (para todos os seres) (iti śivam)!||10||

1  O Conhecimento Puro não é nada mais que uma expansão do conhecimento limitado, ou ainda, o segundo é uma contração do primeiro. Se alguém pensar que ambos são distintos entre si, essa pessoa ainda não se deu conta da essência da Realidade.Return 

2  Obviamente, a minha tradução da última porção foi uma adaptação, já que a estrutura em português não é igual à estrutura em Sânscrito. Em Sânscrito, diz-se literalmente: "tadutthasya kramātkramanyakkṛtavidyāsaṁskārasya" - "do que surge por causa daquilo, daquele no qual as impressões residuais de Conhecimento estão desvanecendo de maneira gradual". Como isso está correto em Sânscrito mas é difícil de ler em português, tive que dispor a oração de maneira diferente e também adicionar termos entre parênteses para completar o sentido: "(Esse svapna) surge por causa daquilo, (isto é,) por causa das impressões residuais de Conhecimento (Puro) que desvanecem de maneira gradual".Return 

3  A frase "Na ca... aprasannena", quando traduzida literalmente, significa: "Não... por aquele que não está contente". A partícula "ca", nesse caso, não significa "e" (a conjunção), mas sim funciona como um mero expletivo, que adiciona ênfase à expressão, mas fica sem tradução. Por sua vez, quando há uma combinação de "na + na" ou "na + uma partícula privativa", o resultado é uma forte afirmação. A partícula privativa, nesse caso, é o "a" em "a-prasannena". É por isso que traduzi tudo como uma exclamação e adicionei "realmente" para adicionar mais ênfase: "quando Ele está contente, realmente!". Bem, só um comentário gramatical para estudantes de Sânscrito que se perguntam por que fiz tudo isso.Return 

4  "De outro modo", ou seja, "quando o Yogī negligencia a sua súplica e deixa de ser consciente da sua natureza essencial". Leia os dois aforismos anteriores nas Spandakārikā-s para entender plenamente o significado disso.Return 

5  O último aforismo dá a oportunidade ou ocasião (anuṣaṅga) para apresentar Āṇavopāya, já que indica que Śuddhavidyā ou Conhecimento Puro desapareceu. O Conhecimento Puro é vital para ter sucesso em Śāktopāya, mas o buscador espiritual cuja atenção é débil perde de vista essa Śuddhavidyā. Então, a que método ou upāya recorrerá esse buscador? A resposta é: Āṇavopāya. Esse é o significado.Return 

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 Fim da Seção II

आदितः सूत्रसङ्ख्या॥३२॥

इति श्रीमन्माहेश्वराचार्याभिनवगुप्तपादपद्मोपजीविश्रीक्षेमराजविरचितायां शिवसूत्रविमर्शिन्यां शाक्तोपायप्रकाशनं नाम द्वितीय उन्मेषः॥२॥

Āditaḥ sūtrasaṅkhyā||32||

Iti śrīmanmāheśvarācāryābhinavaguptapādapadmopajīviśrīkṣemarājaviracitāyāṁ śivasūtravimarśinyāṁ śāktopāyaprakāśanaṁ nāma dvitīya unmeṣaḥ||2||


Desde o início (da escritura) (āditaḥ), o número (saṅkhyā) de aforismos (sūtra) (subiu, agora, para) trinta e dois (32) --22 da primeira Seção e 10 da segunda Seção--||

Aqui, termina (iti) a segunda (dvitīyaḥ) Seção (unmeṣaḥ), chamada (nāma) Śāktopāyaprakāśana --(a Seção) que revela o meio que pertence a Śakti-- (śākta-upāya-prakāśanam), na Śivasūtravimarśinī (śivasūtravimarśinyām), escrita (viracitāyām) pelo venerável (śrī) Kṣemarāja (kṣemarāja), que depende (upajīvi) dos pés de lótus --ou seja, pés belos como um lótus-- (pāda-padma) do eminente (śrīmat) preceptor espiritual (ācārya) Abhinavagupta (abhinavagupta), devoto de Maheśvara, o Grande Senhor --epíteto de Śiva-- (māheśvara)||2||

Ao início


 Informação adicional

Gabriel Pradīpaka

Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.

Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.



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