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O Paramārthasāra de Abhinavagupta: Estrofes 32 a 35
Tradução normal
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Introdução
O Paramārthasāra continua com mais quatro estrofes. Esse é o nono conjunto de estrofes, que é composto de 4 das 105 estrofes que constituem a obra como um todo.
Obviamente, também inserirei as estrofes originais sobre as quais Yogarāja está comentando. Escreverei várias notas para que esse livro fique tão compreensível quanto possível.
O Sânscrito de Yogarāja estará em verde escuro, enquanto as estrofes originais de Abhinavagupta serão exibidas em vermelho escuro. Por sua vez, dentro da transliteração, as estrofes originais estarão em marrom, enquanto os comentários de Yogarāja serão mostrados em preto. Além disso, dentro da tradução, as estrofes originais de Abhinavagupta, isto é, o Paramārthasāra, estarão nas cores verde e preto, enquanto o comentário de Yogarāja conterá palavras tanto em preto quanto em vermelho.
Leia o Paramārthasāra e experimente Supremo Ānanda ou Divina Alegria, querido Śiva.
Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.
Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.
Estrofe 32
एवमख्यातिवशान्मिथ्याविकल्पैरित्थमात्मानं बध्नाति — इत्याह
देहप्राणविमर्शनधीज्ञाननभःप्रपञ्चयोगेन।
आत्मानं वेष्टयते चित्रं जालेन जालकार इव॥३२॥
अख्यात्यपहस्तितचैतन्यः सर्वः प्रमाता स्वोत्थैर्विकल्पनिगडैर्व्यापकमप्यात्मानं वेष्टयते। कथम् — इत्याह देह इत्यादि। देहप्राणयोर्विमर्शनं धियो ज्ञानं निश्चयो नभसां प्रपञ्चो विस्तारस्तद्योगेन देहादिविकल्पसम्बन्धेन। यथा कृशः स्थूलो रूपवान्पण्डितश्चास्मि — इति बालाङ्गनापामराः कार्षिका इत्थं स्वविकल्पेन देहमेवात्मत्वेन प्रतिपन्नाः किञ्चिद्विवेचकम्मन्याः।
देहस्तावदिहैव प्रलीयते कुतोऽस्यात्मत्वमतो यः क्षुधितः पिपासितः सोऽहम् — इति प्राणात्ममानिनश्च विवेचकम्मन्यतराः।
देहप्राणौ जडौ लोष्टादिवत्कुतोऽनयोरात्मभावस्ततः सुख्यहं दुःख्यहम् — इति यः सुखदुःखादि चेतते स आत्मा — इति पुर्यष्टकाभिमानिनो मीमांसकादयोऽपि विवेचकतमाश्च।
एतत्सुखदुःखाद्यपि बुद्धिधर्मः कथमात्मतया वक्तुं शक्यस्ततो देहप्राणधीविकल्पानां यत्राभावः स आत्मा — इति शून्याभिमानिनः। एवं यत्किञ्चिदिदं भाति तन्नाहम् — इत्यप्रथारूपं शून्यमेव सर्वापोहनस्वभावमात्मा — इति नभःशब्देनोक्तः। तदपि शून्यं यदा समाधानावसरे वेद्यीकुर्वते — एतदपि शून्यं वयं न भवामः — तदा शून्यान्तरमात्मत्वेन विदधाना नेति नेति ब्रह्मवाद्यभ्युपगततत्तच्छून्यपरित्यागेन तां तां शून्यात्मतां परिगृह्णन्ति — इति नभःप्रपञ्चः कारिकायां निरूपितः। इत्थं संवित्स्वरूपापर्यवसानाच्छून्यात्ममानिनो योगिनः सुषुप्तगुहानिमग्ना जडात्मानो भ्रान्ता एवात्मानं संवित्स्वरूपमपि जाड्येनानुबध्नन्ति। चित्रमित्याश्चर्यमेतत् — यदुत वैशसं नैतत्स्वयं कर्तुं पार्यते — इति। अत्र दृष्टान्तमाह जालेन इत्यादि। यथा जालकारः कश्चित्कृमिर्वा स्वनिर्मितेन फेनेन जालमावरणं निर्माय सर्वतो गतमात्मानं वेष्टयते स्वं स्वात्मनिधनाय बध्नाति येनोत्तरत्र तत्रैव निधनं याति तथा देहाद्यात्ममानी तु स्वविकल्पकल्पितैरहं ममेति विकल्पैः स्वात्मानमेव बध्नाति। तथा च बौद्धाः
सत्यात्मनि परसञ्ज्ञा स्वपरविभागात्परिग्रहद्वेषौ।
अनयोः सम्प्रतिबद्धाः सर्वे दोषाः प्रजायन्ते॥
इत्याहुः॥३२॥
Evamakhyātivaśānmithyāvikalpairitthamātmānaṁ badhnāti — Ityāha
Dehaprāṇavimarśanadhījñānanabhaḥprapañcayogena|
Ātmānaṁ veṣṭayate citraṁ jālena jālakāra iva||32||
Akhyātyapahastitacaitanyaḥ sarvaḥ pramātā svotthairvikalpanigaḍairvyāpakamapyātmānaṁ veṣṭayate| Katham — Ityāha deha ityādi| Dehaprāṇayorvimarśanaṁ dhiyo jñānaṁ niścayo nabhasāṁ prapañco vistārastadyogena dehādivikalpasambandhena| Yathā kṛśaḥ sthūlo rūpavānpaṇḍitaścāsmi — Iti bālāṅganāpāmarāḥ kārṣikā itthaṁ svavikalpena dehamevātmatvena pratipannāḥ kiñcidvivecakammanyāḥ|
Dehastāvadihaiva pralīyate kuto'syātmatvamato yaḥ kṣudhitaḥ pipāsitaḥ so'ham — Iti prāṇātmamāninaśca vivecakammanyatarāḥ|
Dehaprāṇau jaḍau loṣṭādivatkuto'nayorātmabhāvastataḥ sukhyahaṁ duḥkhyaham — Iti yaḥ sukhaduḥkhādi cetate sa ātmā — Iti puryaṣṭakābhimānino mīmāṁsakādayo'pi vivecakatamāśca|
Etatsukhaduḥkhādyapi buddhidharmaḥ kathamātmatayā vaktuṁ śakyastato dehaprāṇadhīvikalpānāṁ yatrābhāvaḥ sa ātmā — Iti śūnyābhimāninaḥ| Evaṁ yatkiñcididaṁ bhāti tannāham — Ityaprathārūpaṁ śūnyameva sarvāpohanasvabhāvamātmā — Iti nabhaḥśabdenoktaḥ| Tadapi śūnyaṁ yadā samādhānāvasare vedyīkurvate — Etadapi śūnyaṁ vayaṁ na bhavāmaḥ — Tadā śūnyāntaramātmatvena vidadhānā neti neti brahmavādyabhyupagatatattacchūnyaparityāgena tāṁ tāṁ śūnyātmatāṁ parigṛhṇanti — Iti nabhaḥprapañcaḥ kārikāyāṁ nirūpitaḥ| Itthaṁ saṁvitsvarūpāparyavasānācchūnyātmamānino yoginaḥ suṣuptaguhānimagnā jaḍātmāno bhrāntā evātmānaṁ saṁvitsvarūpamapi jāḍyenānubadhnanti| Citramityāścaryametat — Yaduta vaiśasaṁ naitatsvayaṁ kartuṁ pāryate — Iti| Atra dṛṣṭāntamāha jālena ityādi| Yathā jālakāraḥ kaścitkṛmirvā svanirmitena phenena jālamāvaraṇaṁ nirmāya sarvato gatamātmānaṁ veṣṭayate svaṁ svātmanidhanāya badhnāti yenottaratra tatraiva nidhanaṁ yāti tathā dehādyātmamānī tu svavikalpakalpitairahaṁ mameti vikalpaiḥ svātmānameva badhnāti| Tathā ca bauddhāḥ
Satyātmani parasañjñā svaparavibhāgātparigrahadveṣau|
Anayoḥ sampratibaddhāḥ sarve doṣāḥ prajāyante||
Ityāhuḥ||32||
Dessa forma (evam), (Abhinavagupta, na estrofe atual,) disse (badhnāti) (que,) por falsos pensamentos (mithyā-vikalpaiḥ) (surgidos) por causa (vaśāt) da ignorância primordial --Āṇavamala-- (akhyāti), (a alma individual) ata (badhnāti) a si mesma (ātmānam) desta forma (ittham... iti):
Por meio (yogena) do ato de considerar (que ele é) (vimarśana) corpo físico (deha) (e) energia vital (prāṇa), (por meio do) conhecimento intelectual (dhī-jñāna) (e através da) expansão (prapañca) dos éteres (nabhas), (o indivíduo limitado) envolve a si mesmo (ātmānam veṣṭayate) surpreendentemente (citram) como (iva) uma aranha (jālakāraḥ) com (a sua) teia (jālena)||32||
Todo (sarvaḥ) experimentador ou conhecedor (pramātā) cujo Caitanya --Consciência em Liberdade Absoluta-- (caitanyaḥ) foi descartado (apahastita) pela ignorância primordial --Āṇavamala-- (akhyāti), embora (api) onipresente (vyāpakam), envolve a si mesmo (ātmānam veṣṭayate) por meio dos grilhões (nigaḍaiḥ) (conhecidos como) pensamentos (vikalpa), os quais --os pensamentos-- se originam nele mesmo (sva-utthaiḥ).
"Como (ele faz isso) (katham... iti)?". (Abhinavagupta respondeu à pergunta dizendo "Por meio do ato de considerar que ele é) corpo (deha)", etc. (iti-ādi).
(Entrando em detalhes, ele faz isso por meio do) ato de considerar (a si mesmo) (vimarśanam) como corpo e energia vital (deha-prāṇayoḥ), (por meio do) conhecimento intelectual (dhiyaḥ jñānam) (caracterizado por) determinação (niścayaḥ) (e através do) prapañca (prapañcaḥ) (ou) expansão (vistāraḥ) dos éteres (nabhasām). (Resumidamente, ele envolve a si mesmo) por meio de (yogena) (tudo) isso (tad), (isto é,) por meio da (sua) estreita conexão com (sambhandena) pensamentos (vikalpa) (relativos ao) corpo (deha), etc. (ādi).
Assim como (yathā) crianças, mulheres, pessoas da mais baixa extração (bāla-aṅganā-pāmarāḥ) (e) agricultoras (kārṣikāḥ) (pensam desta maneira:): "Sou (asmi) magro (kṛśaḥ)", "Sou (asmi) gordo (sthūlaḥ)", "Sou (asmi) bonito (rūpavān)" e (ca) "Sou (asmi) um erudito (paṇḍitaḥ... iti)", da mesma forma (ittham), pessoas que pensam (manyāḥ) com um limitado (kiñcid) discernimento (vivecakam) estão convencidas (pratipannāḥ), devido ao seu próprio pensamento (sva-vikalpena), que o corpo (deham) (é) certamente (eva) (o seu) Ser (ātmatvena).
(Quando) o corpo físico (deha) realmente (tāvat) se dissolve (pralīyate) aqui, neste mundo (iha eva), então como (kutas) (poderia) o estado do Ser (ātmatvam) (ser) seu --do corpo-- (asya)? --isto é, então como poderia ser o corpo o Ser?--. E (ca) como consequência disso --para mostrar uma melhor explicação sobre a verdadeira identidade do Ser-- (atas) (surgiram) os que pensam (māninaḥ) que a energia vital (prāṇa) é o Ser (ātma) (com base na seguinte experiência:) "Eu mesmo (saḥ aham) (sou) o que (yaḥ) está com fome (kṣudhitaḥ) (e) sede (pipāsitaḥ... iti)". (Mas eles também estão equivocados, embora creiam que são) os melhores pensadores dotados de discernimento (vivecakam-manyatarāḥ).
(Quando) o corpo físico e a energia vital (deha-prāṇau) (são) inertes (jaḍau) como (vat) pedaços de argila (loṣṭa) e coisas do tipo (ādi), então como (kutas) (pode) o estado (bhāvaḥ) do Ser (ātma) (ser) desses dois (anayoḥ)? Além disso (ca), como consequência disso --para mostrar uma melhor explicação a natureza do Ser-- (tatas), (surgiram) os que pensam (abhimāninaḥ) que o corpo sutil (puri-aṣṭaka) (é o Ser) —(um grupo de pessoas que) inclui os seguidores da Pūrvamīmāṁsā (mīmāṁsaka... api), etc. (ādayaḥ)— (com base no seguinte ensinamento:) "Aquele que (yaḥ) percebe (cetati) prazer (sukha), dor (duḥkha), etc. (ādi) (é) o Ser (saḥ ātmā... iti)", (a qual deriva das experiências:) "Eu (aham) (sou) feliz (sukhī)" (e) "Eu (aham) (sou) infeliz (duḥkhī... iti)". (No entanto, eles também estão equivocados, embora creiam que são) os melhores (pensadores) dotados de discernimento (vivecakatamāḥ).
Inclusive (quando) (api) esse (etad) (grupo composto de) prazer (sukha), dor (duḥkha), etc. (ādi) é da natureza (dharmaḥ) de Buddhi ou Intelecto --tattva ou categoria 14-- (buddhi), então como (katham) se pode (śakyaḥ) dizer (que ele) (vaktum) é o Ser (ātmatayā)? Como consequência disso --para mostrar uma melhor explicação sobre quem é o Ser-- (tatas), (apareceram) os que pensam (abhimāninaḥ) (que o Ser) é um vazio (śūnya) (baseado na seguinte instrução:) " o Ser (ātmā) (é) Aquilo (saḥ) onde (yatra) existe ausência (abhāvaḥ) de flutuações intelectuais (dhī-vikalpānām) relativas ao corpo físico (deha) (e) energia vital (prāṇa... iti)".
Dessa forma (evam), "Aquilo (idam) que brota brilhantemente (bhāti), seja o que for (yad-kiñcid), eu (aham) não (sou) (na) isso (tad... iti)". (Como resultado,) o Ser (ātmā) (é) o próprio (eva) vazio (śūnyam), cuja forma (rūpam) é desprovida de disseminação (aprathā) (e) cuja natureza (sva-bhāvam) é negação (apoha) de tudo (sarva). (Esse Ser como vazio) foi mencionado (uktaḥ) (por Abhinavagupta) pela palavra (śabdena) "nabhas" --éter(es)-- (nabhas) (na estrofe).
Quando (yadā), no momento (avasare) do transe (samādhāna), inclusive (api) esse (tad) vazio (śūnyam) se torna um objeto de conhecimento (vedyī-kurvate), (essa experiência dispara a afirmação:) "Nós (vayam) não (na) somos (bhavāmaḥ) nem (api) esse (etad) vazio (śūnyam)", então (tadā), tal como é admitido (abhyupagata) pelos seguidores da doutrina (vādi) de Brahma (brahma), estabelecendo (vidadhānāḥ) outro (antaram) vazio (śūnya) como o Ser (ātmatvena) (e, após fazê-lo pela primeira vez,) abandonando (parityāgena) cada um dos (tad-tad) (sucessivos) vazios (śūnya) (que seguirão... como?... por meio da expressão:) "Não (é isso) (na iti)", "Não (é isto) (na iti)", eles --os seguidores da doutrina de Brahma-- (finalmente) se apropriam --ou seja, se dão conta-- (parigṛhṇanti) do Ser (ātmatām) como um "Vazio" (final) (śūnya) (depois de primeiro tomar consciência de) cada um desses (vazios sucessivos, tal como foi explicado) (tām tām... iti). (Isso --a questão sobre o Ser como um "Vazio" final depois de uma sucessão de vazios-- foi) indicado (nirūpitaḥ) no aforismo (kārikāyām) (por meio da expressão:) "a expansão (prapañcaḥ) dos éteres (nabhas)".
Dessa maneira (ittham), os yogī-s (yoginaḥ), não chegando à porção final (da questão sobre a Mais Alta Realidade) (aparyavasānāt), (isto é,) "que (a sua própria) natureza essencial (svarūpa) (é) Consciência pura (saṁvid)", pensam (māninaḥ) que o Ser (ātma) (é) um vazio (śūnya) (e) permanecem imersos (nimagnāḥ) na caverna (guhā) do sono profundo (suṣupta). (Isso é assim porque esses) confusos (yogī-s) (bhrāntāḥ eva) de torpe natureza (jaḍa-ātmānaḥ) atam (anubadhnanti) o Ser (ātmānam) por meio de insensibilidade --o estado inerte do vazio-- (jāḍyena), embora (api) a Sua essência (sva-rūpam) (seja) pura Consciência (saṁvid).
(O termo) "citram" (citram iti) (na estrofe significa que) isso (etad) (é) surpreendente (āścaryam). (Em outras palavras, isto é o que alguém, espantado, pensaria sobre isso:) "(Um indivíduo limitado) não pode (na... pāryate) estar fazendo (kartum) isso (etad), que (yad-uta) (é) uma calamidade (vaiśasam), a si mesmo (svayam)!".
(Para explicar tal mistério, Abhinavagupta) citou (āha), com referência a este (tema) (atra), um exemplo (dṛṣṭāntam) (na estrofe): "jālena" --com (a sua) teia-- (jālena), etc. (iti-ādi).
Assim como (yathā) qualquer (kaścid) "jālakāra" (jālakāraḥ) ou (vā) aranha (kṛmiḥ), depois de criar (nirmāya) a teia (jālam) (ou) cobertura (āvaraṇam) com saliva (phenena) criada (nirmitena) por ela mesma --pela aranha-- (sva), envolve (veṣṭayate) (o seu) onipresente (sarvatas gatam) Ser (ātmānam) —(ou seja,) ata (badhnāti) a si mesma (svam) para a própria aniquilação (sva-ātma-nidhanāya)— (e), como resultado (yena), é aniquilada (nidhanam yāti) posteriormente (uttaratra) ali (tatra eva), da mesma forma (tathā), aquele que pensa (mānī) que o corpo, etc. (deha-ādi) (são) realmente (tu) o Ser (ātma) ata (badhnāti) a si mesmo (sva-ātmānam eva) por meio de pensamentos (vikalpaiḥ) (relativos a) "Eu (aham) (e) o meu (mama iti)" criados (kalpitaiḥ) pela sua própria (sva) imaginação (vikalpa).
Os budistas (bauddhāḥ) disseram (āhuḥ) o mesmo (tathā ca):
"A percepção (sañjñā) do verdadeiro Ser (satya-ātmani) como outra (realidade diferente) (para) (produz) possessão e ódio (parigraha-dveṣau) devido à divisão entre (vibhāgāt) o Ser (sva) (e) outra (realidade diferente) (para). Todas (sarve) as falhas (doṣāḥ) são produzidas (prajāyante) em conexão com (sampratibaddhāḥ) essas duas (anayoḥ... iti)."
||32||
Ainda sem notas explicativas
Estrofe 33
कथमेष दुर्निवारो महामोहो देहादिप्रमातृतासमुत्थः प्रलीयते — इति भगवत्स्वातन्त्र्यमेवात्र हेतुः — इत्याह
स्वज्ञानविभवभासनयोगेनोद्वेष्टयेन्निजात्मानम्।
इति बन्धमोक्षचित्रां क्रीडां प्रतनोति परमशिवः॥३३॥
स्वस्य आत्मनश्चैतन्यलक्षणस्य यज्ज्ञानं स्वस्वातन्त्र्यावगमस्तस्य विभवो देहाद्यभिमानविगलनेन यच्चित्स्वरूपे पराहन्ताचमत्काररूपस्य स्वस्वातन्त्र्यस्य स्फीतत्वं चिदानन्दैकघनः स्वतन्त्रोऽस्मि — इति तस्य बोधस्वातन्त्र्यस्वरूपस्य विभवस्य भासनं प्रकाशः सर्वो ममायं विभव इति बाह्यतयाभिमतस्य सर्वस्य स्वात्मन्येव स्वीकारस्तस्य योग एवम्परिशीलनक्रमेणात्मनि यद्विमर्शदार्ढ्यमेवमेतेन स्वज्ञानविभवभासनयोगेन निजमात्मानं नान्यत उपनतं चैतन्यस्वभावमुद्वेष्टयते देहप्राणपुर्यष्टकशून्यपरामर्शननिगडैर्यो वेष्टित आसीत्तमेव चैतन्यस्वरूपः स्वतन्त्रोऽस्मीति विमर्शनेन पुनरपि भगवानेवोद्वेष्टनं विगतवेष्टनं कुरुते — इति। एवमख्यातिबलादागतं स्वात्मनो देहाद्यावरणं तत्पुनरपि ख्यातिबलाद्विनश्यति — इति स्वविकल्पकल्पित इयान्दोषः — इति श्रीमद्ग्रन्थकृता तन्त्रसारे निरूपितम्
यो निश्चयः पशुजनस्य जडोऽस्मि कर्मसम्पाशितोऽस्मि मलिनोऽस्मि परेरितोऽस्मि।
इत्येतदन्यदृढनिश्चयलाभयुक्त्या सद्यः पतिर्भवति विश्ववपुश्चिदात्मा॥
इति। किमिति बध्नाति मुञ्चति च भगवान् — इत्याह इति बन्ध इत्यादि। इति प्राक् प्रतिपादितेन क्रमेण भगवान्स्वतन्त्रः परमशिवः पूर्णचिदानन्दैकघनलक्षणः स्वरूपगोपनसतत्त्वक्रीडाशीलत्वादख्यात्यवभासनपूर्वं स्वात्मानमेव देहादिप्रमातृतापन्नं विधाय स्वरूपं प्रच्छाद्य च बन्धं विदधाति तथैव पुनः स्वेच्छातः स्वात्मज्ञानप्रकाशक्रमेण देहादिप्रमातृताबन्धं निवार्य स एव तं स्वात्मानं मोचयति — इत्युभयथा बन्धमोक्षचित्रां संसारापवर्गस्वरूपाश्चर्यमयीं क्रीडां खेलां प्रतनोति विस्तारयत्येकाकी न रमाम्यहमिति। स्वभाव एवैष देवस्य यत्तां तामप्यवस्थामापन्नः स्वरूपरूपः सन्सर्वत्रानुभवितृतया प्रथते — इत्येतदेव स्वातन्त्र्यम्॥३३॥
Kathameṣa durnivāro mahāmoho dehādipramātṛtāsamutthaḥ pralīyate — Iti bhagavatsvātantryamevātra hetuḥ — Ityāha
Svajñānavibhavabhāsanayogenodveṣṭayennijātmānam|
Iti bandhamokṣacitrāṁ krīḍāṁ pratanoti paramaśivaḥ||33||
Svasya ātmanaścaitanyalakṣaṇasya yajjñānaṁ svasvātantryāvagamastasya vibhavo dehādyabhimānavigalanena yaccitsvarūpe parāhantācamatkārarūpasya svasvātantryasya sphītatvaṁ cidānandaikaghanaḥ svatantro'smi — Iti tasya bodhasvātantryasvarūpasya vibhavasya bhāsanaṁ prakāśaḥ sarvo mamāyaṁ vibhava iti bāhyatayābhimatasya sarvasya svātmanyeva svīkārastasya yoga evampariśīlanakrameṇātmani yadvimarśadārḍhyamevametena svajñānavibhavabhāsanayogena nijamātmānaṁ nānyata upanataṁ caitanyasvabhāvamudveṣṭayate dehaprāṇapuryaṣṭakaśūnyaparāmarśananigaḍairyo veṣṭita āsīttameva caitanyasvarūpaḥ svatantro'smīti vimarśanena punarapi bhagavānevodveṣṭanaṁ vigataveṣṭanaṁ kurute — Iti| Evamakhyātibalādāgataṁ svātmano dehādyāvaraṇaṁ tatpunarapi khyātibalādvinaśyati — Iti svavikalpakalpita iyāndoṣaḥ — Iti śrīmadgranthakṛtā tantrasāre nirūpitam
Yo niścayaḥ paśujanasya jaḍo'smi karmasampāśito'smi malino'smi parerito'smi|
Ityetadanyadṛḍhaniścayalābhayuktyā sadyaḥ patirbhavati viśvavapuścidātmā||
Iti| Kimiti badhnāti muñcati ca bhagavān — Ityāha iti bandha ityādi| Iti prāk pratipāditena krameṇa bhagavānsvatantraḥ paramaśivaḥ pūrṇacidānandaikaghanalakṣaṇaḥ svarūpagopanasatattvakrīḍāśīlatvādakhyātyavabhāsanapūrvaṁ svātmānameva dehādipramātṛtāpannaṁ vidhāya svarūpaṁ pracchādya ca bandhaṁ vidadhāti tathaiva punaḥ svecchātaḥ svātmajñānaprakāśakrameṇa dehādipramātṛtābandhaṁ nivārya sa eva taṁ svātmānaṁ mocayati — Ityubhayathā bandhamokṣacitrāṁ saṁsārāpavargasvarūpāścaryamayīṁ krīḍāṁ khelāṁ pratanoti vistārayatyekākī na ramāmyahamiti| Svabhāva evaiṣa devasya yattāṁ tāmapyavasthāmāpannaḥ svarūparūpaḥ sansarvatrānubhavitṛtayā prathate — Ityetadeva svātantryam||33||
"Como (katham) se (pode) dissolver (pralīyate... iti) essa (eṣaḥ) incontrolável (durnivāraḥ) grande ilusão (mahā-mohaḥ) derivada (samutthaḥ) (da errônea concepção de que) o corpo físico (deha), etc. (ādi) é o Conhecedor --o Ser-- (pramātṛtā)?". (Abhinavagupta) disse (āha) que a própria Liberdade Absoluta (svātantryam eva) do Afortunado --Senhor Śiva-- (bhagavat) (é) a causa (hetuḥ) dessa (dissolução) (atra... iti):
O Śiva Supremo (parama-śivaḥ) desenrola (udveṣṭayet) a Si Mesmo (nija-ātmānam) mediante constante concentração (yogena) na esplendorosa manifestação (bhāsana) da Glória (vibhava) do Conhecimento (jñāna) do Ser (sva). Dessa maneira (iti), Ele mostra (pratanoti) o maravilhoso (citrām) Jogo (krīḍām) de escravidão e libertação (bandha-mokṣa) (enrolando e desenrolando a si próprio)||33||
O Conhecimento (jñānam) que (yad) pertence ao "Sva" (svasya) ou Ser (ātmanaḥ) caracterizado por (lakṣaṇasya) Caitanya --Consciência em Liberdade Absoluta-- (caitanya) (é) Entendimento (avagamaḥ) sobre a Sua (sva) Liberdade (svātantrya). O "vibhava" ou Glória (vibhavaḥ) desse (Conhecimento sobre o Ser) (tasya) (implica) abundância ou expansão (sphītatvam) da Sua Liberdade (sva-svātantryasya), cuja natureza (rūpasya) é o Deleite (camatkāra) da Mais Alta (parā) consciência do Eu (ahantā), a qual --a abundância ou expansão-- (yad), dissolvendo (vigalanena) a errônea concepção (abhimāna) de que o corpo (deha), etc. (ādi) (são o Ser, dispara,) no caso de alguém que é essencialmente Consciência --um indivíduo limitado-- (cit-svarūpe), (a seguinte experiência:) "Sou (asmi) uma Única (eka) (e) Livre (svatantraḥ) Massa Compacta (ghana) de Consciência (cit) (e) Alegria (ānanda... iti)!". O "bhāsana" (bhāsanam) (ou) esplendorosa manifestação (prakāśaḥ) de (tal) Glória (vibhasya), cuja essência (sva-rūpasya) é o Seu (tasya) Conhecimento (bodha) (e) Liberdade (svātantrya), (aparece como a experiência:) "Toda (sarvaḥ) essa (ayam) Glória (vibhavaḥ) é Minha (mama... iti)!" --Eu sou o universo inteiro!--. (Em uma palavra, a experiência consiste em) admitir (svīkāraḥ) que tudo (sarvasya) o que se pensava (abhimatasya) que era externo (bāhyatayā) (está) no próprio Ser --em si mesmo-- (sva-ātmani), certamente (eva). (O termo "yogena" na estrofe significa que) o yoga ou constante concentração (yogaḥ) nessa (experiência) (tasya) através de uma sucessão (krameṇa) de tais contatos (evam-pariśīlana) (conduz a) uma estabilidade (yad... dārḍhyam) de consciência (vimarśa) com referência ao Ser (ātmani). Dessa forma (evam), (a primeira linha da estrofe, ou seja, "Svajñānavibhavabhāsanayogenodveṣṭayennijātmānam", indica que o Śiva Supremo) desenrola (udveṣṭayate) a Si Mesmo --ao Seu próprio Ser-- (nijam ātmānam) —(isto é, desenrola ou liberta o indivíduo limitado,) que é essencialmente (sva-bhāvam) Consciência em Liberdade Absoluta (caitanya) (e, consequentemente,) não depende de nada mais (na anyatas upanatam) (para existir)— por meio disso (etena), (em outras palavras,) por meio da constante concentração (yogena) na esplendorosa manifestação (bhāsana) da Glória (vibhava) do Conhecimento (jñāna) do Ser (sva). (Como o próprio Senhor Paramaśiva --o Supremo Śiva-- assumiu a forma de um indivíduo limitado) que (yaḥ) permanecia (āsīt) atado (veṣṭitaḥ) pelos grilhões (nigaḍaiḥ) baseados em considerar que (parāmarśana) corpo físico (deha), energia vital (prāṇa), corpo sutil (puri-aṣṭaka) (e) vazio (śūnya) (são o Ser), o Afortunado (bhagavān eva) torna (kurute) a Si Mesmo (tam eva) —o (eternamente) Desatado (udveṣṭanam) (aparecendo como um indivíduo limitado)— Livre de laços (vigata-veṣṭanam... iti) novamente (punar api) por meio da (seguinte) consciência (vimarśanena): "Sou (asmi) o Livre (svatantraḥ) cuja natureza (sva-rūpaḥ) (é) Caitanya --Consciência com Liberdade Absoluta para conhecer e fazer tudo-- (caitanya... iti)".
Dessa forma (evam), pela força da (balāt) ignorância primordial --Āṇavamala-- (akhyāti), um véu (āvaraṇam) (na forma do) corpo físico (deha), etc. (ādi) sobreveio (āgatam) ao próprio Ser (sva-ātmanaḥ) (e) esse (véu) (tad) desaparece (vinaśyati) pela força do (balāt) Conhecimento (khyāti... iti) novamente (punar api). A falha (doṣaḥ) manufaturada (kalpitaḥ) pelos próprios (sva) pensamentos (vikalpa) é de tal extensão (iyān... iti). (O mesmo ensinamento) foi indicado (nirūpitam) no Tantrasāra (tantrasāre) pelo autor (kṛtā) (desse) venerável (śrīmat) livro (grantha) --em suma, pelo próprio Abhinavagupta!--:
"Aquele que (yaḥ) pertence à categoria conhecida como paśu ou indivíduo limitado (paśu-janasya) tem (estas) convicções (niścayaḥ): "Sou (asmi) matéria (jaḍaḥ)", "Estou (asmi) completamente atado (sampāśitaḥ) às ações (karma)", "Sou (asmi) afetado pelos Mala-s ou Impurezas --Āṇavamala, Māyīyamala e Kārmamala-- (malinaḥ)", "Sou (asmi) movido (īritaḥ) por outros (para... iti)" --Sou motivado ou influenciado por outras pessoas--. Por meio (yuktyā) da aquisição (lābha) de outras (anya) firmes (dṛḍha) convicções (niścaya) sobre esse (assunto ou questão) (etad), (tal pessoa) se torna (bhavati) imediatamente (sadyas) um Senhor (patiḥ) com a natureza de (ātmā) Consciência (cit) cuja forma (vapus) é o universo (viśva... iti)."
Por que (kim-iti) o Afortunado --o Śiva Supremo-- (bhagavān) ata (badhnāti) e (ca) liberta (muñcati... iti)? (Abhinavagupta) disse (āha): "Iti bandha, etc." --ver a estrofe acima-- (bandha ityādi). Assim (iti), na maneira (krameṇa) previamente (prāk) explicada (pratipāditena), o Afortunado (bhagavān) (e) Livre (svatantraḥ) Paramaśiva --o Śiva Supremo-- (parama-śivaḥ) é caracterizado por (lakṣaṇaḥ) (ser) uma (eka) massa compacta (ghana) de Consciência (cit) (e) Alegria (ānanda) Perfeitas (pūrṇa). Ele manifesta (vidadhāti) escravidão (bandham), já que, por natureza, gosta de (satattva... śīlatvāt) brincar (krīḍā) de esconder (gopana) a Sua essência (sva-rūpa), fazendo (vidhāya) com que o Seu próprio Ser --Ele Mesmo como indivíduo limitado-- (sva-ātmānam eva) ingresse (āpannam) no estado de conhecedor (pramātṛtā) do corpo físico (deha), etc. (ādi) —(sendo todo o processo) precedido (pūrvam) pelo aparecimento (avabhāsana) de ignorância primordial --Āṇavamala-- (akhyāti)— e (ca) ocultando (pracchādya) a sua natureza essencial --a natureza essencial do indivíduo limitado-- (sva-rūpam). Da mesma forma (tathā eva), novamente (punar), pelo Seu Livre Arbítrio (sva-icchātaḥ), removendo (nivārya) a escravidão (bandham), cuja forma é o estado de conhecedor (pramātṛtā) do corpo físico (deha), etc. (ādi) através de uma série ou sucessão (krameṇa) de manifestações (prakāśa) de Conhecimento (jñāna) sobre o Seu próprio (sva) Ser (ātma), Ele (saḥ eva) liberta (mocayati) o próprio Ser (como indivíduo limitado) (sva-ātmānam), (isto é,) a Si Mesmo (nesse aspecto) (tam). Dessa forma (iti), em ambos os casos (ubhayathā), Ele exibe (pratanoti) (ou) difunde (vistārayati) o maravilhoso (citrām) Jogo (krīḍām) (ou) Esporte (khelām) de escravidão e libertação (bandha-mokṣa), que está repleto (mayīm) da maravilha (āścarya), (valha a redundância,) cuja essência (sva-rūpa) é transmigração --mover-se miseravelmente de um pensamento a outro pensamento, de um corpo a outro corpo, etc.-- (saṁsāra) (e) emancipação (apavarga), (porque) "Eu não posso jogar (na ramāmi aham) sozinho (ekākī... iti)".
Essa (eṣaḥ) (é) a própria (eva) natureza (sva-bhāvaḥ) de Deus (devasya), (isto é,) (yad) que embora Ele seja (san) a própria natureza essencial (sva-rūpa-rūpaḥ), ingressando (āpannaḥ) inclusive (api) em cada um (tām tām) dos estados (avasthām), Ele aparece (prathate) como o Experimentador (anubhavitṛtayā) em todos os lugares (sarvatra... iti). Essa (etad) (é) realmente (eva) (a Sua) Liberdade Absoluta (svātantryam)||33||
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Estrofe 34
न केवलमेतद्यावदपरः कश्चिदवस्थाविशेषः स्वस्मिन्रूपे विश्रान्त एवावभास्यते भगवता — इत्याह
सृष्टिस्थितिसंहारा जाग्रत्स्वप्नौ सुषुप्तमिति तस्मिन्।
भान्ति तुरीये धामनि तथापि तैर्नावृतं भाति॥३४॥
विश्वापेक्षया ये सर्गादयो मायाप्रमातृगताश्च ये जाग्रदादयोऽवस्थाविशेषास्त उभयथैतस्मिन्भगवत्यानन्दघने तुरीये धामनि चतुर्थे पूर्णाहन्तामये पदे भान्ति तद्विश्रान्ताः सन्तः स्वरूपसत्तां कल्पितप्रमात्रपेक्षया बाह्यतया लभन्ते। परमेश्वरभित्तौ यन्न प्रकाशते तद्बाह्यतयापि न प्रकाशतेऽतः
त्रिषु चतुर्थं तैलवदासेच्यम्।
इति सर्वास्ववस्थासु तुरीयं रूपमनुस्यूतत्वेन स्थितम् — इति परमार्थः। एतावता तत्र तैः स्वरूपमाच्छादितं स्यान्न वा — इत्याह तथापि तैर्नावृतं भाति इति। इत्थमपि तैः स्वरूपसत्तार्थमावृतमपि तेभ्यः समुत्तीर्णतया सर्वानुभवितृतया सर्वत्रावभासत एव न पुनस्तदावरणेन पूर्णस्वरूपतां तत्र तिरोधत्ते — इति शिवधाम सर्वावस्थास्वपि सदैव परिपूर्णम्॥३४॥
Na kevalametadyāvadaparaḥ kaścidavasthāviśeṣaḥ svasminrūpe viśrānta evāvabhāsyate bhagavatā — Ityāha
Sṛṣṭisthitisaṁhārā jāgratsvapnau suṣuptamiti tasmin|
Bhānti turīye dhāmani tathāpi tairnāvṛtaṁ bhāti||34||
Viśvāpekṣayā ye sargādayo māyāpramātṛgatāśca ye jāgradādayo'vasthāviśeṣāsta ubhayathaitasminbhagavatyānandaghane turīye dhāmani caturthe pūrṇāhantāmaye pade bhānti tadviśrāntāḥ santaḥ svarūpasattāṁ kalpitapramātrapekṣayā bāhyatayā labhante| Parameśvarabhittau yanna prakāśate tadbāhyatayāpi na prakāśate'taḥ
Triṣu caturthaṁ tailavadāsecyam|
Iti sarvāsvavasthāsu turīyaṁ rūpamanusyūtatvena sthitam — Iti paramārthaḥ| Etāvatā tatra taiḥ svarūpamācchāditaṁ syānna vā — Ityāha tathāpi tairnāvṛtaṁ bhāti iti| Itthamapi taiḥ svarūpasattārthamāvṛtamapi tebhyaḥ samuttīrṇatayā sarvānubhavitṛtayā sarvatrāvabhāsata eva na punastadāvaraṇena pūrṇasvarūpatāṁ tatra tirodhatte — Iti śivadhāma sarvāvasthāsvapi sadaiva paripūrṇam||34||
(Abhinavagupta) disse (āha) (, na estrofe atual,) que não há (na) somente (kevalam) isso --escravidão e libertação-- (etad), mas (existe) inclusive (yāvat) algum (kaścid) outro (aparaḥ) tipo (viśeṣaḥ) de estado (avasthā) repousando (viśrāntaḥ eva) em Sua (svasmin) natureza (rūpe), o qual --esse tipo adicional de estado-- é (também) manifestado (avabhāsyate) pelo Afortunado (bhagavatā... iti):
Manifestação, manutenção e dissolução (do universo) (sṛṣṭi-sthiti-saṁhārāḥ), (bem como) vigília e sono (jāgrat-svapnau), (além de) sono profundo (suṣuptam iti) existem (bhānti) Nele (tasmin) no Quarto Estado (turīye dhāmani), (mas,) ainda assim (tathā api), Ele não é (na... bhāti) coberto (āvṛtam) por eles (taiḥ)||34||
Esses (te) tipos (viśeṣāḥ) de estados (avasthā) que (ye) têm a ver com (apekṣayā) o universo (viśva), (tais como) manifestação (sarga), etc. (ādayaḥ) e (ca) (aqueles) que (ye) têm lugar (gatāḥ) no experimentador ou conhecedor (pramātṛ) (sujeito a) Māyā --tattva ou categoria 6-- (māyā), (tais como) vigília (jāgrat), etc. (ādayaḥ), em ambos os casos (ubhayathā), existem (bhānti) nesse Afortunado (etasmin bhagavati), que é uma massa compacta de Alegria (ānanda-ghane) em "turīyadhāma" (turīye dhāmani) (ou) Quarto (caturthe) Estado (pade), repleto (maye) da perfeita (pūrṇa) consciência do Eu (ahantā). (Em outras palavras,) enquanto descansam (viśrāntāḥ santaḥ) Nele (tad), assumem (labhante) sua própria forma e existência (sva-rūpa-sattām) externamente (bāhyatayā) com referência ao (apekṣayā) conhecedor ou experimentador (pramātṛ) inventado (kalpita).
Aquilo (tad) que (yad) não (na) se manifesta (prakāśate) sobre o Lenço (bhittau) do Senhor (īśvara) Supremo (parama) nem (na) sequer (api) se manifesta (prakāśate) externamente (bāhyatayā). Por essa razão (atas), (tal como reza o Śivasūtra III.20):
"O quarto estado de consciência, (o qual é uma Testemunha) (caturtham), deve ser vertido (āsecyam) como (vat) (um fluxo contínuo de) azeite (taila) nos (outros) três (triṣu... iti), (isto é, na vigília, sono e sono profundo)".
a natureza do Quarto (Estado) (turīyaṁ rūpam) continua correndo ininterruptamente (anusyūtatvena sthitam) através de todos os estados (sarvāsu avasthāsu). Esse é o mais elevado significado (da estrofe) (iti parama-arthaḥ). Então (tatra), durante todo esse tempo (etāvatā) --isto é, enquanto os estados de manifestação, etc. junto com vigília, etc. estão funcionando--, "Não é (syāt na vā) a própria natureza essencial (sva-rūpam) ocultada (ācchāditam) por eles --por esses estados previamente mencionados-- (taiḥ... iti)?" --ou seja, poder-se-ia perguntar se a própria natureza essencial, chamada de Śiva Supremo, não é coberta ou escondida por esses estados quando estão ativos-- (Abhinavagupta) disse (na estrofe em análise) (āha): "(mas,) ainda assim (tathā api), Ele não é (na... bhāti) coberto (āvṛtam) por eles (taiḥ... iti)".
Dessa forma (ittham api), embora (api) (o Senhor Supremo) seja (aparentemente) coberto (āvṛtam) por eles (sukha) de modo que (artham) (esses estados consigam) a sua própria (sva) forma (rūpa) (e) existência (sattā), Ele aparece brilhantemente (avabhāsate eva) em todos os lugares (sarvatra) como o Experimentador (anubhavitṛtayā) de tudo (sarva), que transcende (samuttīrṇatayā) esses (estados) (tebhyaḥ), e não (na punar) que Ele esconde (tirodhatte) aí (tatra) (Sua) perfeita (pūrṇa) natureza essencial (sva-rūpatām) utilizando esses (estados) como cobertura (tad-āvaraṇena). Desse modo (iti), o Estado (dhāma) de Śiva (śiva) (é) sempre (sadā eva) completamente Pleno e Perfeito (paripūrṇam), inclusive (api) durante todos os estados (sarva-avasthāsu)||34||
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Estrofe 35
वेदान्तभाषाभिर्जाग्रदादीनां त्रयाणां स्वरूपं व्यवहरंस्तदनुस्यूतमपि ततः परं तुरीयमावेदयति
जाग्रद्विश्वं भेदात्स्वप्नस्तेजः प्रकाशमाहात्म्यात्।
प्राज्ञः सुप्तावस्था ज्ञानघनत्वात्ततः परं तुर्यम्॥३५॥
जाग्रदवस्थैव विश्वं ब्रह्मणो वैराजं स्वरूपं कुतो भेदात्शब्दादिविषयपञ्चकस्य बाह्यतया परमेश्वरसृष्टस्यैव सर्वप्रमातॄणां चक्षुरादीन्द्रियप्रवृत्तेः — इत्येकस्यैव ब्रह्मणो विषयविषयिभावेन स्थितस्य नानेन्द्रियज्ञानवैचित्र्यम्। अत एव शिवसूत्रेषु
ज्ञानं जाग्रत्।
इति। एषा ब्रह्मणो विराडवस्था गीयते। यच्छ्रुतिः
यो विश्वचक्षुरुत विश्वतोमुखो विश्वतोहस्त उत विश्वतस्पात्।
सं बाहुभ्यां नमते सं यजत्रैर्द्यावापृथिवी जनयन्देव एकः॥
इति। तथा स्वप्नस्तेजोऽवस्था ब्रह्मणः। कुतः — इत्याह प्रकाशमाहात्म्यादिति। स्वप्ने बहिष्करणानि शब्दादौ विषये तावन्न प्रगल्भन्ते नापि तत्र बाह्यं शब्दादिकं नाम किञ्चित्परमार्थसद्विद्यते नापि बाह्यतयाध्यवसायस्याविद्यादि किञ्चिद्भिन्नमभिन्नं वा कारणान्तरमुपलभ्यते युक्त्या विचार्यमाणं वोपपद्यतेऽथ च स्वप्ने सर्वं प्रकाशतेऽत इदमर्थबलादायातम् — यत्स एव भगवान्स्वस्वभावो देवस्तत्तत्प्रमातृतां समाविष्टः स्वप्नायमानः स्वात्मानमेव प्रकाशस्वातन्त्र्याद्गृहनगराट्टालाद्यनेकप्रमातृवैचित्र्यरूपतया प्रविभज्य प्रतिप्रमातृ स्वप्नेऽसाधारणमेव विश्वं प्रकाशयत्येव — इति ब्रह्मणः स्वातन्त्र्यं स्वप्न एव ब्रह्मवादिभिरभ्युपगतम्। यतो वेदान्तेष्विदमुक्तम्
प्रविभज्यात्मनात्मानं सृष्ट्वा भावान्पृथग्विधान्।
सर्वेश्वरः सर्वमयः स्वप्ने भोक्ता प्रकाशते॥
इति प्रकाशमाहात्म्यमेवात्र हेतुरतः स्वप्नो ब्रह्मणस्तेजोऽवस्था — इति। तथा प्राज्ञः सुप्तावस्था इति। सर्वप्रमातॄणां या सुप्तावस्था सुषुप्तं सा प्राज्ञ इति ब्रह्मणः प्राज्ञावस्था — इति। यतः सर्वप्रमातॄणां ग्राह्यग्राहकप्रपञ्चविलयान्महाशून्यत्वरूपे ग्राह्यादिविलये संस्कारशेषे सुषुप्ते विश्वस्य बीजभूतस्य ब्रह्मण एव प्रज्ञा ब्रह्म प्रज्ञातृतयान्तरतममवशिष्यते — इति यावत्। सर्वस्य प्रमातुर्नीलसुखादिविश्ववैचित्र्यप्रथायाः सैषा संस्कारभूमिस्ततः प्रबुद्धस्य प्रागनुभूतवद्व्यवहारदर्शनादन्यथा यद्यस्यां भूमौ स्थिरं प्रज्ञातृस्वभावं सर्वक्रोडीकारेण ब्रह्म न प्राकाशिष्यत कुतस्तत उत्थितस्य प्रमातुः प्रागनुभूतवस्तुनस्तथैव तदित्यनुभूतचरत्वेन स्मृतिरुदपत्स्यत नापि सुखमहमस्वाप्सं दुःखमहमस्वाप्सं गाढमूढोऽहमासमित्यनुभवः प्रादुरभविष्यत् — इति। तथा च भट्टदिवाकरवत्सः
सर्वेऽनुभूता यदि नान्तरर्थास्त्वदात्मसात्कारसुरक्षिताः स्युः।
विज्ञातवस्त्वप्रतिमोषरूपा काचित्स्मृतिर्नाम न सम्भवेत्तत्॥
इति। इत्थं सुषुप्तं चिन्मयमेव ब्रह्मणः प्राज्ञावस्था — इति गीयते। कुतो ज्ञानघनत्वादिति। सुषुप्ततुर्ययोः साधारणोऽयं हेतुः — इत्युभयत्र योज्यम्। एषा सुषुप्तभूमिर्ज्ञानघना प्रकाशमूर्तिः केवलं विश्वप्रलयसंस्कारेण ध्यामला सती शुद्धचिन्मयी न भवति — इति। यदुक्तं स्पन्दशास्त्रे
ज्ञानज्ञेयस्वरूपिण्या शक्त्या परमया युतः। पदद्वये विभुर्भाति तदन्यत्र तु चिन्मयः॥
इति। तथा ततः परं तुर्यमिति। तस्मात्सुषुप्तात्परमन्यन्निःशेषपाशववासनासंस्कारपरिक्षयाच्छुद्धपूर्णानन्दमयं ब्रह्मणस्तुरीयं रूपमनुगुणं नाम। यदत्र नामान्वर्थं न किञ्चिदुपपद्यतेऽतो व्याख्यातस्यावस्थात्रयस्य विश्रामभूतं सर्वान्तरतमत्वेनानुस्यूतम् — इति चतुःसङ्ख्यापूरणेन तुर्यमिति पूरणप्रत्ययेन सङ्ख्याव्यपदेशोऽत्र कृतः कथमवस्थात्रयस्यानुस्यूतमपि ततः परमेतत् — इत्याह ज्ञानघनत्वादिति। यतो जाग्रदादयोऽवस्थाः सर्वा भेदप्रवणत्वात्प्रमातॄणामज्ञानमय्यस्तुरीयं ग्राह्यग्राहकक्षोभप्रलयसंस्कारपरिक्षयाज्ज्ञानघनप्रकाशानन्दमूर्त्यतस्तदन्तःस्थमपि ताभ्योऽवस्थाभ्यश्चिन्मयतया समुत्तीर्णत्वात्परमन्यत् — इति। एवमवस्थाविचित्रं परमाद्वयस्वभावं स्वतन्त्रं ब्रह्मैव पूर्णं विजृम्भते॥३५॥
Vedāntabhāṣābhirjāgradādīnāṁ trayāṇāṁ svarūpaṁ vyavaharaṁstadanusyūtamapi tataḥ paraṁ turīyamāvedayati
Jāgradviśvaṁ bhedātsvapnastejaḥ prakāśamāhātmyāt|
Prājñaḥ suptāvasthā jñānaghanatvāttataḥ paraṁ turyam||35||
Jāgradavasthaiva viśvaṁ brahmaṇo vairājaṁ svarūpaṁ kuto bhedātśabdādiviṣayapañcakasya bāhyatayā parameśvarasṛṣṭasyaiva sarvapramātṝṇāṁ cakṣurādīndriyapravṛtteḥ — Ityekasyaiva brahmaṇo viṣayaviṣayibhāvena sthitasya nānendriyajñānavaicitryam| Ata eva śivasūtreṣu
Jñānaṁ jāgrat|
Iti| Eṣā brahmaṇo virāḍavasthā gīyate| Yacchrutiḥ
Yo viśvacakṣuruta viśvatomukho viśvatohasta uta viśvataspāt|
Saṁ bāhubhyāṁ namate saṁ yajatrairdyāvāpṛthivī janayandeva ekaḥ||
Iti| Tathā svapnastejo'vasthā brahmaṇaḥ| Kutaḥ — Ityāha prakāśamāhātmyāditi| Svapne bahiṣkaraṇāni śabdādau viṣaye tāvanna pragalbhante nāpi tatra bāhyaṁ śabdādikaṁ nāma kiñcitparamārthasadvidyate nāpi bāhyatayādhyavasāyasyāvidyādi kiñcidbhinnamabhinnaṁ vā kāraṇāntaramupalabhyate yuktyā vicāryamāṇaṁ vopapadyate'tha ca svapne sarvaṁ prakāśate'ta idamarthabalādāyātam — Yatsa eva bhagavānsvasvabhāvo devastattatpramātṛtāṁ samāviṣṭaḥ svapnāyamānaḥ svātmānameva prakāśasvātantryādgṛhanagarāṭṭālādyanekapramātṛvaicitryarūpatayā pravibhajya pratipramātṛ svapne'sādhāraṇameva viśvaṁ prakāśayatyeva — Iti brahmaṇaḥ svātantryaṁ svapna eva brahmavādibhirabhyupagatam| Yato vedānteṣvidamuktam
Pravibhajyātmanātmānaṁ sṛṣṭvā bhāvānpṛthagvidhān|
Sarveśvaraḥ sarvamayaḥ svapne bhoktā prakāśate||
Iti prakāśamāhātmyamevātra heturataḥ svapno brahmaṇastejo'vasthā — Iti| Tathā prājñaḥ suptāvasthā iti| Sarvapramātṝṇāṁ yā suptāvasthā suṣuptaṁ sā prājña iti brahmaṇaḥ prājñāvasthā — Iti| Yataḥ sarvapramātṝṇāṁ grāhyagrāhakaprapañcavilayānmahāśūnyatvarūpe grāhyādivilaye saṁskāraśeṣe suṣupte viśvasya bījabhūtasya brahmaṇa eva prajñā brahma prajñātṛtayāntaratamamavaśiṣyate — Iti yāvat| Sarvasya pramāturnīlasukhādiviśvavaicitryaprathāyāḥ saiṣā saṁskārabhūmistataḥ prabuddhasya prāganubhūtavadvyavahāradarśanādanyathā yadyasyāṁ bhūmau sthiraṁ prajñātṛsvabhāvaṁ sarvakroḍīkāreṇa brahma na prākāśiṣyata kutastata utthitasya pramātuḥ prāganubhūtavastunastathaiva tadityanubhūtacaratvena smṛtirudapatsyata nāpi sukhamahamasvāpsaṁ duḥkhamahamasvāpsaṁ gāḍhamūḍho'hamāsamityanubhavaḥ prādurabhaviṣyat — Iti| Tathā ca bhaṭṭadivākaravatsaḥ
Sarve'nubhūtā yadi nāntararthāstvadātmasātkārasurakṣitāḥ syuḥ|
Vijñātavastvapratimoṣarūpā kācitsmṛtirnāma na sambhavettat||
Iti| Itthaṁ suṣuptaṁ cinmayameva brahmaṇaḥ prājñāvasthā — Iti gīyate| Kuto jñānaghanatvāditi| Suṣuptaturyayoḥ sādhāraṇo'yaṁ hetuḥ — Ityubhayatra yojyam| Eṣā suṣuptabhūmirjñānaghanā prakāśamūrtiḥ kevalaṁ viśvapralayasaṁskāreṇa dhyāmalā satī śuddhacinmayī na bhavati — Iti| Yaduktaṁ spandaśāstre
Jñānajñeyasvarūpiṇyā śaktyā paramayā yutaḥ|
Padadvaye vibhurbhāti tadanyatra tu cinmayaḥ||
Iti| Tathā tataḥ paraṁ turyamiti| Tasmātsuṣuptātparamanyanniḥśeṣapāśavavāsanāsaṁskāraparikṣayācchuddhapūrṇānandamayaṁ brahmaṇasturīyaṁ rūpamanuguṇaṁ nāma| Yadatra nāmānvarthaṁ na kiñcidupapadyate'to vyākhyātasyāvasthātrayasya viśrāmabhūtaṁ sarvāntaratamatvenānusyūtam — Iti catuḥsaṅkhyāpūraṇena turyamiti pūraṇapratyayena saṅkhyāvyapadeśo'tra kṛtaḥ kathamavasthātrayasyānusyūtamapi tataḥ parametat — Ityāha jñānaghanatvāditi| Yato jāgradādayo'vasthāḥ sarvā bhedapravaṇatvātpramātṝṇāmajñānamayyasturīyaṁ grāhyagrāhakakṣobhapralayasaṁskāraparikṣayājjñānaghanaprakāśānandamūrtyatastadantaḥsthamapi tābhyo'vasthābhyaścinmayatayā samuttīrṇatvātparamanyat — Iti| Evamavasthāvicitraṁ paramādvayasvabhāvaṁ svatantraṁ brahmaiva pūrṇaṁ vijṛmbhate||35||
Distinguindo (vyavaharan) a natureza (svarūpam) dos três (estados de consciência) (trayāṇām) (tais como) vigília, etc. (jāgrat-ādīnām) por meio das definições (bhāṣābhiḥ) (dadas) pelo sistema Vedānta (vedānta), (Abhinavagupta) torna conhecido o Quarto Estado (turīyam āvedayati), (que,) embora (api) corra ininterruptamente (anusyūtam) através desses (três estados de consciência) (tad), (é) outro (param) que não eles (tatas) --está além deles--:
Vigília (jāgrat) (é denominado) "viśva" --lit. universo-- (viśvam) devido à diferenciação (bhedāt); o sonho (svapnaḥ) (é conhecido como) "tejas" --lit. luz-- (e "taijasa" --lit. que consiste em luz--) (tejas) devido à exaltada posição (māhātmyāt) da luz (prakāśa) (ali); o estado (avasthā) de sono profundo (supta) (é designado) "prājña" --lit. inteligente-- (prājñaḥ) devido ao estado maciço (ghanatvāt) de conhecimento (jñāna) (durante esse estado. Finalmente,) "Turya" ou Quarto (turyam) (é) outro (param) que não esse --está inclusive além do sono profundo-- (tatas), (também) devido ao estado maciço (ghanatvāt) do Conhecimento (jñāna) (presente nesse estado)||35||
O próprio estado (avasthā eva) de vigília (jāgrat), (denominado) "viśva" --lit. universo-- (em Vedānta) (viśvam) (é) a natureza (sva-rūpam) relativa a Virāj (vairājam) de Brahma (brahmaṇaḥ). A partir de que causa ou motivo (kutas)? Devido à diferenciação (bhedāt), (ou seja, porque) há aparecimento (pravṛtteḥ) de um grupo de cinco (pañcakasya) esferas ou campos de ação --os objetos-- (viṣaya) (tais como) som como tal (śabda), etc. (ādi) --os Tanmātra-s ou Elementos Sutis-- manifestados (sṛṣṭasya eva) pelo Senhor (īśvara) Supremo (parama) externamente (bāhyatayā), (bem como há aparecimento) de indriya-s --poderes de percepção ou conhecimento, nesse caso-- (indriya) (tais como) o poder visual (cakṣus), etc. (ādi) no caso de todos os experimentadores ou conhecedores --os sujeitos-- (sarva-pramātṝṇām). Dessa forma (iti), em um Brahma (ekasya eva brahmaṇaḥ) que permanece (sthitasya) como o estado (bhāvena) de sujeito (viṣayi) (e) objeto (viṣaya), (existe,) diferentemente (nānā), diversidade (vaicitryam) de conhecimento (jñāna) (e) poderes de percepção ou conhecimento (indriya).
Por essa mesma razão (atas eva), (é estabelecido) nos Śivasūtra-s --em I.8-- (śiva-sūtreṣu):
"O conhecimento (jñānam) (é) o estado de vigília (jāgrat... iti)."
Diz-se que (gīyate) esse (eṣā) (é) o estado (avasthā) universal (virāṭ) de Brahma (brahmaṇaḥ). Isso (yad) (também é dito) nos Veda-s (śruti) --para ser mais preciso, na Śvetāśvataropaniṣad III.3--:
"O único (ekaḥ) Deus (devaḥ) que (yaḥ) vê tudo --que tem olhos em todos os lugares-- (viśva-cakṣus uta), (que tem) bocas em todos os lugares (viśvatas-mukhaḥ), mãos em todos os lugares (viśvatas-hastaḥ uta), pés em todos os lugares (viśvatas-pāt), criando (janayan eva) céu e terra (dyāvā-pṛthivī), faz uma saudação (namate) com (os Seus) dois braços (sam bāhubhyām) junto com os que merecem adoração (sam yajatraiḥ... iti)."
Da mesma forma (tathā), o sonho (svapnaḥ) (é) o estado luminoso (tejas-avasthā) de Brahma (brahmaṇaḥ).
"A partir de que causa ou motivo (kutas... iti)?". (Abhinavagupta) disse (āha): "por causa da exaltada posição (māhātmyāt) da luz (prakāśa... iti)".
No sonho (svapne), os orgãos externos --poderes de percepção-- (bahiṣkaraṇāni) não somente não são (tāvat na) capazes de (funcionar) (pragalbhante) na esfera (viṣaye) de som como tal, etc. (śabda-ādau), mas também não há nem sequer (na api... kiñcid... vidyate) objetos externos (bāhyam), conhecidos como (nāma) som, etc. (śabda-ādikam) existindo realmente (paramārtha-sat) nesse (estado) (tatra). (E, além do próprio Senhor,) nem se percebe (na api... upalabhyate) nenhuma (na... kiñcid) outra (antaram) causa (kāraṇa) —(seja) dividida em partes (bhinnam) ou (vā) não dividida (abhinnam), (tal como) ignorância, etc. (avidyā-ādi)— da apreensão ou percepção (de objetos) (adhyavasāyasya) como se fossem externos (bāhyatayā), nem (vā) existe (tudo isso ali --no sonho--) (upapadyate) como algo no qual alguém refletiu (vicāryamāṇam) por meio do (seu) raciocínio (yuktyā). Entretanto (atha ca), tudo (sarvam) se manifesta (prakāśate) no estado de sonho (svapne). Portanto (atas), isso (idam) chegou (āyātam) através da (Sua) eficácia objetiva --Seu poder para produzir objetos-- (artha-balāt). Isto é (yad), o próprio Afortunado Deus (saḥ eva bhagavān... devaḥ), que é a própria (sva) natureza essencial (sva-bhāvaḥ), assume (samāviṣṭaḥ) o papel de experimentador ou conhecedor (pramātṛtām) disso e daquilo (tad-tad) (e) estende ou expande (āyamānaḥ) o estado de sonho (svapna). (Então,) por meio da Sua Liberdade (svātantryāt) para manifestar (prakāśa), separando (pravibhajya) o próprio Ser (sva-ātmānam eva) na forma de (rūpatayā) uma diversidade (vaicitrya) (composta de) muitos (aneka) sujeitos (pramātṛ) (e objetos tais como) casas (gṛha), cidades (nagara), torres de vigilância (aṭṭāla), etc. (ādi), Ele exibe (prakāśayati) certamente (eva) um universo (viśvam) especial --incomum-- (asādhāraṇam eva) no estado de sonho (svapne) de cada um dos sujeitos (pratipramātṛ... iti). A liberdade (svātantryam) de Brahma (brahmaṇaḥ) no sonho (svapne eva) foi admitida (abhyupagatam) pelos seguidores da doutrina (vādibhiḥ) de Brahma (brahma).
(Por que estou afirmando isso? --que os seguidores do Vedānta admitem a Liberdade de Brahma--.) Porque (yatas) isto (idam) (é) proclamado (uktam) nas escrituras que versam sobre filosofia Vedānta (vedānteṣu):
"O Senhor (īśvaraḥ) de tudo (sarva), Aquele que contém tudo (sarva-mayaḥ), depois de separar (pravibhajya) a Si (ātmānam) por meio de Si Mesmo (ātmanā) (e) depois de manifestar (sṛṣṭvā) objetos (bhāvān) de diferentes classes (pṛthak-vidhān), brilha (prakāśate) no estado de sonho (svapne) (como) o Desfrutador --Experimentador ou Conhecedor-- (bhoktā... iti) (desses objetos)."
Apenas (eva) a exaltada posição --isto é, o predomínio-- (māhātmyam) de luz (prakāśa) (é) a causa (hetuḥ) disso (atra). É por isso que (atas) o sonho (svapnaḥ) (é) o estado luminoso (tejas-avasthā) de Brahma (brahmaṇaḥ... iti).
Da mesma maneira (tathā), prājña --lit. inteligente-- (prājñaḥ) (é) o estado (avasthā) de sono profundo (supta... iti). O estado (avasthā... sā) de "supta" (supta) (ou) sono profundo (suṣuptam), que (yā) se encontra em todos os sujeitos ou experimentadores (sarva-pramātṝṇām), (é denominado) "prājña" (prājñaḥ iti), (isto é,) "o estado (avasthā) inteligente (prājña) de Brahma (brahmaṇaḥ... iti)". (Por quê?) Porque (yatas), através da dissolução (vilayāt) da manifestação (prapañca) de sujeito (grāhaka) (e) objeto (grāhya), (há surgimento) do profundo conhecimento e inteligência (prajñā) do próprio Brahma (brahmaṇaḥ eva), que se tornou (bhūtasya) a Semente (bīja) do universo (viśvasya) durante o sono profundo (suṣupte), caracterizado por (rūpe) um grande (mahā) vazio (śūnya) (no qual,) ao desaparecerem (vilaye) os objetos cognoscíveis (grāhya), etc. (ādi), (fica) um resíduo (śeṣe) de impressões (saṁskāra) (desses objetos cognoscíveis, etc.). Brahma (brahma) permanece (avaśiṣyate) (então) como muito interno (antaratamam) (e) dotado do estado de Conhecedor inteligente (de tudo) (prajñātṛtayā). Este é o significado (iti yāvat).
Esse mesmo (estado de sono profundo) (sā eṣā) (é) a etapa (bhūmiḥ) das impressões (latentes) --as sementes-- (saṁskāra) da disseminação (prathāyāḥ) (conhecida como) a diversidade (vaicitrya) universal (viśva) (constituída por objetos tais como) azul (nīla), prazer (sukha), etc. (ādi) no caso de todo sujeito (sarvasya pramātuḥ), já que se vê a vida comum (vyavahāra-darśanāt) tal como (vat) havia sido experimentada (anubhūta) antes (do sono profundo) (prāk) (quando) o sujeito desperta (prabuddhasya) desse (estado) (tatas). De outro modo (anyathā), se (yadi) Brahma (brahma), cuja natureza (sva-bhāvam) como o Conhecedor inteligente (de tudo) (prajñātṛ) (é) firme (sthiram) nessa etapa (de impressões latentes) (asyām bhūmau), não aparecesse (na prākāśiṣyata) como Aquele que contém tudo em seu seio (sarva-kroḍī-kāreṇa) (durante o sono profundo), como (kutas) então (tatas) (poderia) a memória ou lembrança (smṛtiḥ) de ter experimentado ango anteriormente (anubhūta-caratvena) brotar (udapatsyata) (como) "Isso (tad) (é) assim (tathā eva... iti)!" em um sujeito (pramātuḥ) que experimentou (essa) realidade antes (prāk-anubhūta-vastunaḥ) depois de sair (do sono profundo e acordar em vigília) (utthitasya)? Nem haveria (na api... prādur-abhaviṣyat... iti), (ao despertar do sono profundo,) a experiência de (anubhavaḥ) "Eu (aham) dormi (asvāpsam) bem (sukham... iti)", "Eu (aham) dormi (asvāpsam) mal (duḥkham... iti)" (ou) "Eu (aham) estava (āsam) completamente (gāḍha) inconsciente (mūḍhaḥ... iti)".
Da mesma forma (tathā ca), o venerável Divākaravatsa (bhaṭṭa-divākaravatsaḥ) (declarou o seguinte:)
"Se (yadi) todos (sarve) os objetos (arthāḥ) experimentados (anubhūtāḥ) (por você) não fossem (na... syuḥ) bem protegidos (surakṣitāḥ) (e) reduzidos à igualdade (ātmasāt-kāra) com você (tvat) dentro (antar), (então) não existiria (na sambhavet) aquilo (tad) que se chama (nāma) 'uma lembrança' (kācid smṛtiḥ), cuja natureza (rūpā) (é simplesmente) a reprodução, sem tomar nada de nenhuma outra fonte (apratimoṣa), da realidade (vastu) que foi (previamente) conhecida (vijñāta... iti)."
Dessa forma (ittham), diz-se que (iti gīyate) o sono profundo (suṣuptam), por estar repleto de (mayam eva) Consciência (cit), (é) o estado (avasthā) inteligente (prājña) de Brahma (brahmaṇaḥ). A partir de que causa ou motivo (kutas)? "Por causa do estado maciço do conhecimento (durante esse estado)" (jñāna-ghanatvāt iti). Essa (ayam) causa (hetuḥ) --ou seja, o estado maciço do conhecimento-- (é) comum ao (sādhāraṇaḥ) sono profundo e a Turya --o Quarto Estado-- (suṣupta-turyayoḥ... iti), (isto é,) pode ser utilizada (yojyam) em ambos os casos (ubhayatra).
Essa (eṣā) etapa (bhūmiḥ) de sono profundo (suṣupta) (é) uma massa compacta (ghanā) de conhecimento (jñāna) cuja forma (mūrtiḥ) é Luz (prakāśa). (Entretanto, essa compacta massa de conhecimento) é impura (dhyāmalā satī) (e) (aparece) unicamente (kevalam) como uma impressão residual (saṁskāreṇa) após a dissolução (pralaya) do universo (viśva)". (Em outras palavras,) não é (na bhavati) Consciência Pura (śuddha-cit-mayī... iti).
Isso (também) foi dito (yad uktam) na escritura que versa sobre o Spanda --isto é, em Spandakārikā-s I.18-- (spanda-śāstre):
"O (Ser,) que penetra em tudo (vibhuḥ), manifesta-se (bhāti) nos dois (dvaye) estados (de vigília e sono) (pada) acompanhado (yutaḥ) pelo (Seu) Supremo --parama-- (paramayā) Poder --śakti-- (śaktyā), cuja natureza (sva-rūpiṇyā) é conhecimento (jñāna) (e) objeto cognoscível (jñeya). De qualquer forma (tu), no outro (anyatra) (além) desses (dois) (tad) --no sono profundo--, (Ele aparece unicamente) como Consciência (cit-mayaḥ... iti)".
Assim (tathā), "Turya ou o Quarto (turyam) (é) outro (param) além desse (tatas... iti) --está inclusive além do sono profundo--".
Turīya ou Turya --o Quarto Estado-- (turīyam) (é) "param" (param) (ou) outro (anyat) além desse sono profundo (tasmāt suṣuptāt) (e,) devido à completa dissolução (nele) (niḥśeṣa... parikṣayāt) das impressões residuais (saṁskāra) (e) tendências (vāsanā) relativas ao indivíduo limitado (pāśava) (é) certamente (nāma) o "rūpa" (rūpam) (ou) natureza inata (anuguṇam) de Brahma (brahmaṇaḥ), repleta de (mayam) Pura (śuddha) (e) Perfeita (pūrṇa) Alegria (ānanda).
Não existe nenhum (na kiñcid upapadyate) nome ou termo (nāma) que (yad) tenha um significado claro e óbvio (anvartham) para (designar) esse (Turya) (atra) (como há com referência a vigília, sono e sono profundo). Por essa razão (atas), (é geralmente descrito como o estado) que corre ininterruptamente (anusyūtam) como o mais interno (antaratamatvena) de todos (sarva) (e também) como sendo (bhūtam) o lugar de repouso (viśrāma) dos três estados (avasthā-trayasya) que foi (previamente) explicado (vyākhyātasya... iti). (Em suma, o Estado do Ser é designado simplesmente) pelo número ordinal (pūraṇena) (derivado) do número (cardinal) (saṅkhyā) "quatro" (catur), (mas) aqui (atra) a representação numérica (saṅkhyā-vyapadeśaḥ) é feita (kṛtaḥ) pela (adição de) um afixo ordinal (pūraṇa-pratyayena). (Portanto, o resultado final de todo esse processo é) Turya ou Quarto (turyam iti). Como (katham) (pode) esse (Turya ou Quarto Estado ser) (etad) outro (param) além desse --do sono profundo-- (tatas), embora (api) corra ininterruptamente (anusyūtam) através dos três (trayasya) estados (comuns) de consciência (avasthā... iti)? (Abhinavagupta) disse, (na estrofe,) (āha): "Por causa do estado maciço do Conhecimento (presente nesse estado)" (jñāna-ghanatvāt iti). (Por quê?) Porque (yatas) todos (sarvāḥ) os estados (comuns) (avasthāḥ) de vigília, etc. (jāgrat-ādayaḥ), já que existe inclinação ou tendência (pravaṇatvāt) à dualidade (bheda) (neles), estão repletos de (mayyaḥ) ignorância (ajñāna) no caso dos sujeitos ou conhecedores (de tais estados) (pramātṝṇām). (Mas) o Quarto Estado --Turya ou Turīya-- (turīyam), devido à dissolução (parikṣayāt) de impressões latentes (saṁskāra) por meio da remoção (pralaya) da agitação (kṣobha) (conhecida como a relação) grāhaka vs. grāhya --sujeito vs. objeto-- (grāhya-grāhaka), (é um estado) cuja forma (mūrti) consiste em Luz e Alegria (prakāśa-ānanda), já que é uma massa compacta (ghana) de Conhecimento (jñāna). Devido a isso (atas), (Turya é) "param" (param) (ou) outro (anyat) além desses estados (comuns) (tābhyaḥ avasthābhyaḥ), uma vez que (os) transcende (samuttīrṇatvāt) como Consciência (Pura) (cit-mayatayā), embora (api) permaneça (stham) dentro (antar) deles (tad... iti). Assim (evam), o próprio (eva) Livre (svatantram) e Pleno --Perfeito-- (pūrṇam) Brahma (brahma), cuja natureza (sva-bhāvam) é Supremo (parama) Não Dualismo (advaya), expande-se (vijṛmbhate) como múltiplos e maravilhosos (vicitram) estados (avasthā)||35||
Ainda sem notas explicativas
Informação adicional
Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.
Para maior informação sobre Sânscrito, Yoga e Filosofia Indiana; ou se você quiser fazer um comentário, perguntar algo ou corrigir algum erro, sinta-se à vontade para enviar um e-mail: Este é nosso endereço de e-mail.
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