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O Paramārthasāra (Paramarthasara) de Abhinavagupta: Estrofes 87 a 91 - Shaivismo Não-dual da Caxemira
Tradução normal
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Introdução
O Paramārthasāra continua, com mais quatro estrofes. Este é o vigésimo segundo conjunto de estrofes, composto de 5 de um total de 105 estrofes que constituem a obra inteira.
Obviamente, também incluirei as estrofes originais sobre as quais Yogarāja está comentando. Escreverei muitas notas para tornar esse livro tão compreensível quanto possível para o leitor comum.
O Sânscrito de Yogarāja estará em verde escuro, enquanto que as estrofes originais de Abhinavagupta serão exibidas em vermelho escuro. Por sua vez, dentro da transliteração, as estrofes originais estarão em marrom, enquanto que os comentários de Yogarāja serão mostrados em preto. Além disso, dentro da tradução, as estrofes originais de Abhinavagupta, isto é, o Paramārthasāra, estarão nas cores verde e preto, enquanto que o comentário de Yogarāja conterá palavras tanto em preto quanto em vermelho.
Leia o Paramārthasāra e experimente Supremo Ānanda ou Divina Alegria, querido Śiva.
Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (--...--) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.
Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.
Estrofes 87—88
ननु शेषवर्तनया यावच्छरीरावस्थितं योगिसंवेदनमधिगतस्वस्वरूपमपि देहोपाधिकृतमालिन्यस्यापि तावदंशेन विद्यमानत्वादशुद्धमेव — इति दृष्टान्तेन परिहरति
कुशलतमशिल्पिकल्पितविमलीभावः समुद्गकोपाधेः।
मलिनोऽपि मणिरुपाधेर्विच्छेदे स्वच्छपरमार्थः॥८७॥
एवं सद्गुरुशासनविमलस्थिति वेदनं तनूपाधेः।
मुक्तमप्युपाध्यन्तरशून्यमिवाभाति शिवरूपम्॥८८॥
यथा मणिरतिप्रवीणवैकटिकसमुद्द्योतितनैर्मल्यः सन्समुद्गकविश्लिष्टत्वान्मलिनोऽपि धूसरप्रायो भवति स एव पुनः समुद्गकोपाधिविच्छेद आवरणविशेषाभावे स्वच्छपरमार्थो यथावन्निर्मलस्वरूपः सम्पद्यते। एवमनेनैव प्रकारेणेदं वेदनं सद्गुरुशासनविमलस्थिति परिपूर्णस्वात्मज्ञानविद् यो दैशिकप्रवरस्तस्य यच्छासनं स्वात्मज्ञानरहस्यमुखाम्नायस्तस्य परिशीलनेन विगता कालिकारूपस्याणवमलस्य मायीयकार्ममलभित्तिभूतस्य स्थितिर्यस्य तदेवंविधं मौलिकमलप्रक्षयान्नभोरूपमपि वेदनं तनूपाधेस्तनुः शरीरं तल्लक्षणोपाधिर्विशेषणं ततो मुक्तं पृथक्कृतं विशेषणान्तराभावात्तच्छिवरूपमाभात्येव देहभङ्गात्परमशिवत्वेन भासते — इति यावत्। यथा समुद्गकोपाधिविरहान्मणिः स्वस्वरूपो भाति तथैव स्वस्वरूपावबोधाद्विमलमप्यशुद्धाभिमतशरीरोपाधिक्षयाद्विशुद्धमेव संवेदनं भासते। ननु मणिर्यथा समुद्गकोपाधेर्विमुक्तोऽपि पुनरन्यतमोपाधिपरिग्रहात्समलः सम्पद्यते तथैव तनूपाधेर्मुक्तमपि संवेदनं मणिवदुपाध्यन्तरं चेद्गृह्णाति तर्हि पुनरपि सोपाधित्वादशुद्धमेव — इति परिहरति उपाध्यन्तरशून्यमपीति। न दृष्टान्तदार्ष्टान्तिकयोः सर्वथा साम्यं यतः पिण्डपातात्तस्य महाप्रकाशवपुषः परमाद्वयरूपस्य सर्वमिदमुपाध्यभिमतं स्वाङ्गकल्पं भासतेऽतो व्यतिरिक्तस्योपाध्यन्तरस्याभावान्न पुनस्तद् उपाध्यन्तरेण विशिष्यते — इति न मणिनोपाधिग्रहणस्य साम्यम्। अज्ञानमूलं किल शरीरोपाधिग्रहणं तच्चेत्स्वात्मज्ञानकुठारेण दलितं कथङ्कारं पुनरुपाधिसंश्रयो भवेत्। यदुक्तम्
अज्ञानेनावृतं ज्ञानं तेन मुह्यन्ति जन्तवः॥
ज्ञानेन तु तदज्ञानं येषां नाशितमात्मनः।
तेषामादित्यवज्ज्ञानं प्रकाशयति तत्परम्॥
इति श्रीगीतासु। तस्मात्स्वस्वरूपज्ञानाद्योगिनः स्वसंवेदनं सदैव शुद्धमेव — इति॥८८॥
Nanu śeṣavartanayā yāvaccharīrāvasthitaṁ yogisaṁvedanamadhigatasvasvarūpamapi dehopādhikṛtamālinyasyāpi tāvadaṁśena vidyamānatvādaśuddhameva — Iti dṛṣṭāntena pariharati
Kuśalatamaśilpikalpitavimalībhāvaḥ samudgakopādheḥ|
Malino'pi maṇirupādhervicchede svacchaparamārthaḥ||87||
Evaṁ sadguruśāsanavimalasthiti vedanaṁ tanūpādheḥ|
Muktamapyupādhyantaraśūnyamivābhāti śivarūpam||88||
Yathā maṇiratipravīṇavaikaṭikasamuddyotitanairmalyaḥ sansamudgakaviśliṣṭatvānmalino'pi dhūsaraprāyo bhavati sa eva punaḥ samudgakopādhiviccheda āvaraṇaviśeṣābhāve svacchaparamārtho yathāvannirmalasvarūpaḥ sampadyate| Evamanenaiva prakāreṇedaṁ vedanaṁ sadguruśāsanavimalasthiti paripūrṇasvātmajñānavid yo daiśikapravarastasya yacchāsanaṁ svātmajñānarahasyamukhāmnāyastasya pariśīlanena vigatā kālikārūpasyāṇavamalasya māyīyakārmamalabhittibhūtasya sthitiryasya tadevaṁvidhaṁ maulikamalaprakṣayānnabhorūpamapi vedanaṁ tanūpādhestanuḥ śarīraṁ tallakṣaṇopādhirviśeṣaṇaṁ tato muktaṁ pṛthakkṛtaṁ viśeṣaṇāntarābhāvāttacchivarūpamābhātyeva dehabhaṅgātparamaśivatvena bhāsate — Iti yāvat| Yathā samudgakopādhivirahānmaṇiḥ svasvarūpo bhāti tathaiva svasvarūpāvabodhādvimalamapyaśuddhābhimataśarīropādhikṣayādviśuddhameva saṁvedanaṁ bhāsate| Nanu maṇiryathā samudgakopādhervimukto'pi punaranyatamopādhiparigrahātsamalaḥ sampadyate tathaiva tanūpādhermuktamapi saṁvedanaṁ maṇivadupādhyantaraṁ cedgṛhṇāti tarhi punarapi sopādhitvādaśuddhameva — Iti pariharati upādhyantaraśūnyamapīti| Na dṛṣṭāntadārṣṭāntikayoḥ sarvathā sāmyaṁ yataḥ piṇḍapātāttasya mahāprakāśavapuṣaḥ paramādvayarūpasya sarvamidamupādhyabhimataṁ svāṅgakalpaṁ bhāsate'to vyatiriktasyopādhyantarasyābhāvānna punastad upādhyantareṇa viśiṣyate — Iti na maṇinopādhigrahaṇasya sāmyam| Ajñānamūlaṁ kila śarīropādhigrahaṇaṁ taccetsvātmajñānakuṭhāreṇa dalitaṁ kathaṅkāraṁ punarupādhisaṁśrayo bhavet| Yaduktam
Ajñānenāvṛtaṁ jñānaṁ tena muhyanti jantavaḥ||
Jñānena tu tadajñānaṁ yeṣāṁ nāśitamātmanaḥ|
Teṣāmādityavajjñānaṁ prakāśayati tatparam||
Iti śrīgītāsu| Tasmātsvasvarūpajñānādyoginaḥ svasaṁvedanaṁ sadaiva śuddhameva — Iti||88||
Uma objeção (nanu): "Até mesmo (api) o Conhecimento (saṁvedanam) do Yogī (yogi) na forma de uma aquisição da sua natureza essencial (adhigata-sva-sva-rūpam) (é) impuro (aśuddham eva) enquanto (yāvat) (tal Conhecimento) tiver lugar ou morada (avasthitam) em um corpo físico (śarīra) que permanece (vartanayā) como um resíduo (śeṣa). (Por quê?) Porque há, parcialmente, presença (aṁśena vidyamānatvāt), durante esse período de tempo (tāvat), da impureza (mālinyasya api) produzida (kṛta) pela condição limitante (upādhi) (denominada) o corpo físico (deha... iti)". (Abhinavagupta) dissipa (pariharati) (essa dúvida) por meio de um exemplo (dṛṣṭāntena):
Ainda que (api) uma joia (maṇiḥ), cujo estado completamente puro (vimalī-bhāvaḥ) foi preparado (kalpita) pelo mais habilidoso (kuśalatama) joalheiro (śilpi), (pareça) escurecida (malinaḥ) devido à condição limitante (upādheḥ) (que aparece como) o porta-joias (samudgaka), (torna-se) devidamente (parama-arthaḥ) impecável e muito transparente (svaccha) quando a condição limitante (denominada) porta-joias é removida (upādheḥ vicchede). Assim (evam) (é esse) Conhecimento (vedanam) cujo estado (sthiti) (é) totalmente puro (vimala) devido aos ensinamentos (śāsana) de um Guru (guru) genuíno (sat) (, e que, ) quando se liberta da (muktam api) particularização (upādheḥ) (conhecida como) o corpo físico (tanu) --isto é, quando o corpo cai no momento em que chega a morte--, ao se tornar desprovido de (śūnyam iva) outra (antara) condição limitante (upādhi), aparece brilhantemente (ābhāti) como Śiva (śiva-rūpam) (, certamente)||87-88||
Da mesma forma como (yathā), embora (api) uma joia (maṇiḥ), cujo estado de pureza (nairmalyaḥ) foi feito brilhar (samuddyotita) (pelas mãos) de um joalheiro (vaikaṭika) extremamente habilidoso (ati-pravīṇa), esteja (san) "malina" --lit. obscurecida-- (malinaḥ) —(isto é, embora) esteja (bhavati) excessivamente (prāyaḥ) cinza (dhūsara)— já que está separada do (viśliṣṭatvāt) da caixa (samudgaka) (onde tal joia estava guardada), torna-se (saḥ eva... sampadyate) "svacchaparamārtha" (svaccha-paramārthaḥ) (ou) devidamente (yathāvat) impecável e muito transparente (nirmala-svarūpaḥ) quando a condição limitante (chamada) caixa é removida (samudgaka-upādhi-vicchede) —ou seja, quando há ausência de (abhāve) um particular (viśeṣa) véu (āvaraṇa)—; assim (evam) —isto é, desta maneira (anena eva prakāreṇa)— (é) este (idam) Conhecimento (vedanam) cujo estado (sthiti) (é) totalmente puro (vimala) devido aos ensinamentos (śāsana) de um Guru (guru) genuíno (sat). (Este Guru, ) que (yaḥ) é o melhor (pravaraḥ) dos mestres espirituais (daiśika) (, é) o possuidor de Conhecimento perfeito (paripūrṇa... jñāna-vit) sobre seu próprio (sva) Ser (ātma). (E) seu (tasya) ensinamento (yad śāsanam) (é) a principal (mukha) doutrina (āmnāyaḥ) (que contém) o segredo (rahasya) (denominado) Conhecimento (jñāna) sobre o próprio (sva) Ser (ātma). Por meio da constante prática e o repetido estudo (pariśīlanena) desse (Conhecimento) (tasya), seu --isto é, do discípulo-- (yasya) estado (sthitiḥ) de Āṇavamala (āṇava-malasya) —cuja natureza é ser (rūpasya) como um erro ou defeito --uma mancha escura-- (no ouro) (kālikā)—, o qual é (bhūtasya) o lenço (bhitti) para o Māyīyamala e o Kārmamala (māyīya-kārma-mala), vai-se totalmente (vigatā). (E) após a remoção (prakṣayāt) da impureza (mala) original (maulika) --isto é, do Āṇavamala--, esse (tad... tad) Conhecimento (vedanam) dotado de tais qualidades (evaṁvidham) (e) cuja forma é (rūpam api) o Éter (da Consciência) (nabhas), quando se liberta (muktam) (ou) separa-se (pṛthak-kṛtam) dessa (tatas) particularização --a condição limitante que o particulariza-- (upādheḥ) (conhecida como) o corpo físico (tanu) —em suma, ("tanūpādheḥ" é o caso ablativo de "tanūpādhi", e este último é composto por duas palavras:) "upādhi" (upādhiḥ) (ou) particularização (viśeṣaṇam) (e) "tanu" (tanuḥ) (ou) o corpo físico (śarīram) (e tudo o que é) relativo a (lakṣaṇā) ele (tad)—, (e) em ausência de (abhāvāt) outra (antara) particularização (viśeṣaṇa), aparece brilhando (ābhāti) como Śiva (śiva-rūpam), certamente (eva). (Em outras palavras,) após a queda (bhaṅgāt) do corpo físico (deha), (tal Conhecimento) aparece (com grande brilho) (bhāsate) como o Estado de Paramaśiva (parama-śivatvena). Este é o significado (iti yāvat).
Tal como (yathā) a joia (maṇiḥ), que, após se separar (virahāt) da condição limitante (upādhi) (denominada) caixa (samudgaka), aparece brilhando (bhāti) em sua natureza essencial (sva-sva-rūpaḥ), da mesma forma (tathā eva), o Conhecimento (saṁvedanam), ainda que imaculado (vimalam) já que Sua essência é Consciência (sva-sva-rūpa-avabodhāt), aparece (bhāsate) como totalmente puro (viśuddham eva) após a remoção (kṣayāt) da condição limitante (upādhi) (conhecida como) corpo físico (śarīra), a qual é considerada (abhimata) impura (aśuddha).
Uma objeção (nanu): "Assim como (yathā) uma joia (maṇiḥ), que, embora (api) completamente liberada da (vimuktaḥ) condição limitante (upādheḥ) (denominada) caixa (samudgaka), pode se tornar impura (samalaḥ sampadyate) novamente (punar) se lhe for proporcionada (parigrahāt) uma das muitas (anyatama) condições limitantes (upādhi) (que estão disponíveis ao redor,) da mesma maneira (tathā eva), mesmo que (api) o Conhecimento (saṁvedanam) tenha se libertado (muktam) da condição limitante --particularização-- (upādheḥ) (conhecida como) o corpo físico (tanu), se (ced) Ele recebe (gṛhṇāti) outra (antaram) condição limitante (upādhi) como no caso da joia (maṇi-vat), aí (tarhi) não há dúvidas de que fica impuro (aśuddham eva), já que tem um "upādhi" ou condição limitante (sa-upādhitvāt), mesmo novamente (punar api... iti)". (Abhinavagupta) dissipa (pariharati) (essa objeção dizendo:) "upādhyantaraśūnyamapi" (upādhi-antara-śūnyam api... iti) --na estrofe, lê-se "upādhyantaraśūnyamiva" ou "upādhi-antara-śūnyam iva" porque "api" e "iva" são sinônimos neste contexto e significam "inclusive" no sentido de adicionar ênfase à expressão... portanto, não deveriam ser traduzidos como tal aqui--. Não há absolutamente (na... sarvathā) nenhuma igualdade (sāmyam) entre o exemplo (da joia e) o que é explicado por tal exemplo --isto é, Conhecimento-- (dṛṣṭānta-dārṣṭāntikayoḥ), porque (yatas), após a queda do corpo físico (piṇḍa-pātāt), tudo (sarvam) isto (idam) que poderia ser considerado como (abhimatam) uma condição limitante (upādhi) da Bela Forma (vapuṣaḥ) da Grande (mahā) Luz (prakāśa) cuja natureza (rūpasya) é supremo (parama) não-dualismo (advaya) aparece brilhando (bhāsate) como igual a (kalpam) Seu próprio (sva) Corpo (aṅga). (E,) na ausência de (abhāvāt) outra (antarasya) condição limitante (upādhi) que seja diferente (vyatiriktasya) Dele (atas) --do Conhecimento que aparece como o Luminoso Senhor--, esse (Conhecimento) (tad) não é (na) novamente (punar) particularizado (viśiṣyate) por outra (antareṇa) condição limitante (upādhi). Assim (iti), não há igualdade (sāmyam) (entre o que acontece com o Conhecimento depois que o corpo cai e) o ato de receber (grahaṇasya) (outra) condição limitante --por exemplo, outra caixa-- (upādhi) por parte da joia (maṇinā).
O ato de receber (grahaṇam) a condição limitante (upādhi) (conhecida como) o corpo físico (śarīra) (é) certamente (kila) enraizada (mūlam) na ignorância (ajñāna). Se (ced) essa (ignorância) (tad) é destruída (dalitam) com o machado (kuṭhāreṇa) do Conhecimento (jñāna) do próprio (sva) Ser (ātma), como (kathaṅkāram) poderia ela se tornar (bhavet) o refúgio (saṁśrayaḥ) de uma condição limitante (upādhi) outra vez (punar)?
Essa (mesma verdade) (yad) foi expressa (uktam) pelos versos do venerável Bhagavadgītā (śrī-gītāsu):
"O conhecimento (jñānam) (é) coberto ou ocultado (āvṛtam) pela ignorância (ajñānena). As criaturas (jantavaḥ) estão confusas (muhyanti) por causa disso (tena).
Mas (tu), por meio do conhecimento (jñānena) do Ser (ātmanaḥ), essa (tad) ignorância (ajñānam) deles --isto é, das criaturas previamente mencionadas-- (yeṣam) é destruída (nāśitam), (e) seu (teṣam) conhecimento (jñānam), como (vat) Āditya --o Sol-- (āditya), revela (prakāśayati) essa (tad) Suprema (Realidade) (param... iti)".
Portanto (tasmāt), por meio do Conhecimento (jñānāt) de sua própria (sva) natureza essencial (sva-rūpa), o Conhecimento (saṁvedanam) sobre o Ser (sva) no caso do Yogī (yoginaḥ) (é) sempre (sadā eva) puro (śuddham) certamente (eva... iti)||88||
Ainda sem notas explicativas
Estrofe 89
सर्वोपाध्युत्पत्तौ यथावत्परिशीलितव्यापारमनःसंस्कारप्ररूढिरेव निमित्तं न पुनर्नूतनत्वेन किमप्यायाति — इत्यावेदयति
शास्त्रादिप्रामाण्यादविचलितश्रद्धयापि तन्मयताम्।
प्राप्तः स एव पूर्वं स्वर्गं नरकं मनुष्यत्वम्॥८९॥
आगमप्रामाण्याद्गुरूपदेशपारम्पर्यकथनाद्युक्तिपरिशीलनात्प्राग्वासनाप्ररूढया श्रद्धया वा स्वात्मज्ञान इष्टापूर्ते पाशवे कर्मणि वा कृताभ्यासः प्रमाता तदैव तत्संस्कारप्ररोहेण तन्मयतां तत्तदभ्यस्तवस्तुस्वरूपतां प्राप्तः सन्नुत्तरत्र देहपाताद्वासनानुगुण्येन स्वर्गं निरतिशयां प्रीतिं नरकमवीच्यादिदुःखं मनुष्यत्वं सुखदुःखोभयरूपं मनुष्यभावं प्राप्नोति न पुनरनभ्यस्तवासनस्यापि पुरुषस्य देहपातादेव यत्किञ्चिदापतति। यतः सर्वः प्रमाता येनाशयेन यदभ्यस्यति तदैव स तद्रूपो भवति किन्तु मरणसमये स्फुटतया यद् अभिलषितं वस्तु तत्प्रमातुरभिव्यक्तिं याति — इति नाभ्यस्तवस्तुनः कदाचिद्विपर्ययः स्यान्नाप्यनभ्यस्तवस्तुस्वरूपं किञ्चिदपूर्वत्वेनापतेत् — इति सर्वत्र पूर्वाभ्यास एव कारणम् — इति भावः॥८९॥
Sarvopādhyutpattau yathāvatpariśīlitavyāpāramanaḥsaṁskāraprarūḍhireva nimittaṁ na punarnūtanatvena kimapyāyāti — Ityāvedayati
Śāstrādiprāmāṇyādavicalitaśraddhayāpi tanmayatām|
Prāptaḥ sa eva pūrvaṁ svargaṁ narakaṁ manuṣyatvam||89||
Āgamaprāmāṇyādgurūpadeśapāramparyakathanādyuktipariśīlanātprāgvāsanāprarūḍhayā śraddhayā vā svātmajñāna iṣṭāpūrte pāśave karmaṇi vā kṛtābhyāsaḥ pramātā tadaiva tatsaṁskārapraroheṇa tanmayatāṁ tattadabhyastavastusvarūpatāṁ prāptaḥ sannuttaratra dehapātādvāsanānuguṇyena svargaṁ niratiśayāṁ prītiṁ narakamavīcyādiduḥkhaṁ manuṣyatvaṁ sukhaduḥkhobhayarūpaṁ manuṣyabhāvaṁ prāpnoti na punaranabhyastavāsanasyāpi puruṣasya dehapātādeva yatkiñcidāpatati| Yataḥ sarvaḥ pramātā yenāśayena yadabhyasyati tadaiva sa tadrūpo bhavati kintu maraṇasamaye sphuṭatayā yad abhilaṣitaṁ vastu tatpramāturabhivyaktiṁ yāti — Iti nābhyastavastunaḥ kadācidviparyayaḥ syānnāpyanabhyastavastusvarūpaṁ kiñcidapūrvatvenāpatet — Iti sarvatra pūrvābhyāsa eva kāraṇam — Iti bhāvaḥ||89||
(Abhinavagupta) dá a conhecer (āvedayati) (por meio da estrofe 89 que:) "O desenvolvimento (prarūḍhiḥ eva) de impressões --latências-- (saṁskāra) mentais (manas) relativas a práticas (vyāpāra) devidamente (yathāvat) realizadas (pariśīlita) (é) a causa (nimittam) da produção (utpattau) de todas (sarva) as condições limitantes (upādhi). No entanto (punar), absolutamente nada (na... kim api) aparece (āyāti) como novo (nūtanatvena) (aqui) --isto é, nada novo é gerado, apesar de muitas condições limitantes serem produzidas--":
Por meio da autoridade (prāmāṇyāt) das escrituras (śāstra) e assim sucessivamente (ādi), (e) por meio de uma fé inabalável (avicalita-śraddhayā api), ele --uma pessoa-- (saḥ eva) previamente (pūrvam) alcança (prāptaḥ) identidade (mayatām) com isto (tad) (pelo qual anseia. Subsequentemente, depois que o corpo cai, ele se dirige) ao Céu (svargam) (ou) ao inferno (narakam) (ou) à condição humana (manuṣyatvam)||89||
O sujeito (pramātā) (que,) por meio da autoridade (prāmāṇyāt) das escrituras reveladas (āgama), (ou) por meio da informação (kathanāt) que provém de (sua) tradição espiritual (pāramparya) (na forma dos) ensinamentos (upadeśa) de (seu próprio) Guru (guru), ou (vā) por meio de ocupar-se constantemente com (pariśīlanāt) o ato de raciocinar (yukti), tenha realizado práticas (kṛta-abhyāsaḥ) por meio de uma fé (śraddhayā) desenvolvida (prarūḍhayā) a partir de tendências (vāsanā) anteriores (prāk), (seja) para alcançar Conhecimento (jñāne) sobre seu próprio (sva) Ser (ātma) ou (vā) para realizar rituais (karmaṇi) envolvendo animais (pāśave) para armazenar mérito no Céu (iṣṭāpūrte), alcança (prāptaḥ san) então (tadā eva), pelo desenvolvimento (praroheṇa) dessas (tad) impressões acumuladas (saṁskāra), identidade (mayatām) com isso (tad), (ou seja, ele assume) a natureza (sva-rūpatām) das diversas (tad-tad) realidades (vastu) para as quais praticou (tanto) (abhyasta). Posteriormente (uttaratra), depois que (seu) corpo cai (deha-pātāt), ele chega (ou) ao (prāpnoti) Céu (svargam) — prazer (prītim)—insuperável (niratiśayām), (ou) inferno (narakam) —dor (duḥkham) em Avīci (avīci), etc. (ādi)—, (ou até) à condição humana (manuṣyatvam) —o estado de (bhāvam) ser uma criatura humana (manuṣya) cuja natureza (rūpam) consiste tanto de (ubhaya) prazer (sukha) (quanto) de dor (duḥkha)—, segundo (ānuguṇyena) (suas) tendências (vāsanā). No entanto (punar), absolutamente nada (na... yad kiñcid) acontece com (āpatati) a pessoa (puruṣasya) que não possui (an) as tendências (vāsanasya api) relativas a algo que foi praticado (por ela enquanto vivia) (abhyasta).
Porque (yatas) o que (yad) todo (sarvaḥ) sujeito (pramātā) pratica (abhyasyati) com uma clara intenção (yena āśayena), nesse caso (tadā eva) ele (saḥ) se torna (bhavati) essa mesma coisa (tad-rūpaḥ) (pela qual anseia). Não obstante (kintu), no momento (samaye) da morte (maraṇa), aquela (tad) realidade (vastu) que (yad) é claramente (sphuṭatayā) desejada (abhilaṣitam) (neste preciso momento) faz-se manifesta (abhivyaktiṁ yāti) para (tal) sujeito (pramātuḥ). Deste modo (iti), nunca há (na... kadācid... syāt) mudança ou transposição --isto é, a manifestação de algo que seja oposto-- (viparyayaḥ) da realidade (vastunaḥ) para a qual alguém praticou (abhyasta). Nenhuma (na api... kiñcid) realidade (vastu-sva-rūpam) para a qual alguém não tenha praticado (an-abhyasta) poderia aparecer (āpatet) sem a precedente (e respectiva prática) (apūrvatvena). Assim (iti), só (eva) a prática (abhyāsaḥ) prévia (pūrva) (é) a causa (kāraṇam) em todo lugar (sarvatra). Esse é o significado (iti bhāvaḥ)||89||
Ainda sem notas explicativas
Estrofes 90—91
एवं सदा तद्भावभावितत्वं स्वात्मविदो देहत्यागावसरे पूर्णप्रथाहेतुर्न पुनर्लोकपरिदृश्यः पुण्यापुण्यरूपो मरणावसरः कश्चित्स्वर्गनिरयादिकारणं परिकल्पनीयम् — इत्याह
अन्त्यः क्षणस्तु तस्मिन्पुण्यां पापां च वा स्थितिं पुष्यन्।
मूढानां सहकारीभावं गच्छति गतौ तु न स हेतुः॥९०॥
येऽपि तदात्मत्वेन विदुः पशुपक्षिसरीसृपादयः स्वगतिम्।
तेऽपि पुरातनसम्बोधसंस्कृतास्तां गतिं यान्ति॥९१॥
एवम्प्रतिपादिते ज्ञानिनि अन्त्यः क्षणश्चरमो देहविनाशसहभावी कालो धातुदोषवशेन दुष्टव्याध्यनुभवाद्वा समीपस्थितैः प्रमातृभिरनुमितां पुण्यां पापमयीं वा स्थितिं पुष्यन् सेवमानः सन् मूढानां देहात्ममानिनां प्रमातॄणामेव सहकारीभावं कारणत्वं गच्छति। गच्छतु वराको नैतावता निर्भग्नदेहात्ममानित्वे सदा स्वात्ममहेश्वरनिभालनचतुरे तस्मिन् योगिनि सोऽन्त्यः क्षणो गतौ देहाद्देहान्तरप्राप्तौ हेतुः कारणं भवेत्। कुत एतदागतम् — इति निदर्शयन्नाह येऽपि इति। येऽपि केनाप्याशयवशेन शापादिना वा पापयोनयः पशुरूपतामपि प्राप्ताः स्वगतिमात्मस्थितिं मरणावसर आत्मत्वेन जानीयुस्ते मूढाः सन्तोऽपि प्रागभ्यस्तस्वात्मज्ञानवासनाप्रबोधानुगृहीताः स्वात्मस्थितिं च लभन्ते। गजेन्द्रमोक्षणादौ यथा हस्तिना पशुस्वभावेनापि सता प्राक्परिशीलितपरमेश्वरभक्तिसंस्कारप्रबुद्धेन विष्णुं भगवन्तं स्तुत्वा सम्यक्कञ्चुकं विहाय स्वस्वरूपमुपलब्धं कस्तत्र स्मरणे हेतुरभूत्। अयं भावः शरीराद्युत्थधातुदोषवशात्काष्ठपाषाणचेष्टो ज्ञानी पुण्यं पापमालबिडालादिकं वा यत्किञ्चित्प्रलपन्देहं त्यजति नैतावता स्वस्थचेष्टतया यदभ्यस्तं ज्ञानादिकं तस्य विप्रलोपः स्याच्छरीरादिगता धर्माः शरीरादावेव निपतन्ति न पुनः सदा भावितं वस्तु स्थगयितुं प्रभवन्ति — इत्यामरणक्षणं सर्वत्र प्ररूढिरेव परमार्थः। यथा गीतासूक्तम्
यं यं वापि स्मरन्भावं त्यजत्यन्ते कलेवरम्।
तं तमेवैति कौन्तेय सदा तद्भावभावितः॥
तथा
तेषां सततयुक्तानां भजतां प्रीतिपूर्वकम्।
ददामि बुद्धियोगं तं येन मामुपयान्ति ते॥
इति भावितान्तःकरणतैव पर्यन्तगतिदानहेतुः॥९१॥
Evaṁ sadā tadbhāvabhāvitatvaṁ svātmavido dehatyāgāvasare pūrṇaprathāheturna punarlokaparidṛśyaḥ puṇyāpuṇyarūpo maraṇāvasaraḥ kaścitsvarganirayādikāraṇaṁ parikalpanīyam — Ityāha
Antyaḥ kṣaṇastu tasminpuṇyāṁ pāpāṁ ca vā sthitiṁ puṣyan|
Mūḍhānāṁ sahakārībhāvaṁ gacchati gatau tu na sa hetuḥ||90||
Ye'pi tadātmatvena viduḥ paśupakṣisarīsṛpādayaḥ svagatim|
Te'pi purātanasambodhasaṁskṛtāstāṁ gatiṁ yānti||91||
Evampratipādite jñānini antyaḥ kṣaṇaścaramo dehavināśasahabhāvī kālo dhātudoṣavaśena duṣṭavyādhyanubhavādvā samīpasthitaiḥ pramātṛbhiranumitāṁ puṇyāṁ pāpamayīṁ vā sthitiṁ puṣyan sevamānaḥ san mūḍhānāṁ dehātmamānināṁ pramātṝṇāmeva sahakārībhāvaṁ kāraṇatvaṁ gacchati| Gacchatu varāko naitāvatā nirbhagnadehātmamānitve sadā svātmamaheśvaranibhālanacature tasmin yogini so'ntyaḥ kṣaṇo gatau dehāddehāntaraprāptau hetuḥ kāraṇaṁ bhavet| Kuta etadāgatam — Iti nidarśayannāha ye'pi iti| Ye'pi kenāpyāśayavaśena śāpādinā vā pāpayonayaḥ paśurūpatāmapi prāptāḥ svagatimātmasthitiṁ maraṇāvasara ātmatvena jānīyuste mūḍhāḥ santo'pi prāgabhyastasvātmajñānavāsanāprabodhānugṛhītāḥ svātmasthitiṁ ca labhante| Gajendramokṣaṇādau yathā hastinā paśusvabhāvenāpi satā prākpariśīlitaparameśvarabhaktisaṁskāraprabuddhena viṣṇuṁ bhagavantaṁ stutvā samyakkañcukaṁ vihāya svasvarūpamupalabdhaṁ kastatra smaraṇe heturabhūt| Ayaṁ bhāvaḥ śarīrādyutthadhātudoṣavaśātkāṣṭhapāṣāṇaceṣṭo jñānī puṇyaṁ pāpamālabiḍālādikaṁ vā yatkiñcitpralapandehaṁ tyajati naitāvatā svasthaceṣṭatayā yadabhyastaṁ jñānādikaṁ tasya vipralopaḥ syāccharīrādigatā dharmāḥ śarīrādāveva nipatanti na punaḥ sadā bhāvitaṁ vastu sthagayituṁ prabhavanti — Ityāmaraṇakṣaṇaṁ sarvatra prarūḍhireva paramārthaḥ| Yathā gītāsūktam
Yaṁ yaṁ vāpi smaranbhāvaṁ tyajatyante kalevaram|
Taṁ tamevaiti kaunteya sadā tadbhāvabhāvitaḥ||
Tathā
Teṣāṁ satatayuktānāṁ bhajatāṁ prītipūrvakam|
Dadāmi buddhiyogaṁ taṁ yena māmupayānti te||
Iti bhāvitāntaḥkaraṇataiva paryantagatidānahetuḥ||91||
Deste modo (evam), no caso de um Conhecedor (vidaḥ) do seu próprio (sva) Ser (ātma), a manifestação (bhāvitatvam) desse (tad) Estado (de Conhecimento) (bhāva) no momento (avasare) de abandonar (tyāga) o corpo físico (deha) (é) sempre (sadā) causa (hetuḥ) da expansão (prathā) de Plenitude (pūrṇa). No entanto (punar), não se deveria presumir (parikalpanīyam) que a causa (kāraṇam) (de sua ida ao) Céu (svarga), inferno (niraya), etc. (ādi) (seja) algo (kaścid) considerado como (paridṛśyaḥ) pertencente a (este) mundo (loka) (e) associado com mérito e demérito (puṇya-apuṇya-rūpaḥ), (e) que apareça no momento (avasaraḥ) da morte (maraṇa) (daquele Conhecedor do Ser. Abhinavagupta) disse (āha) assim (iti) (, nas duas estrofes seguintes:)
O último (antyaḥ) momento (kṣaṇaḥ tu) nutre ou alimenta (puṣyan) um estado (sthitim) virtuoso (puṇyām) ou (ca vā) pecaminoso (pāpām), (e) torna-se a causa (sahakārī-bhāvam gacchati) (do curso do destino) no caso daqueles que estão enganados por Māyā (mūḍhānām). Mas (tu) ele --isto é, o último momento-- (saḥ) não é (na) a causa (hetuḥ) de (tal) curso do destino (gatau) em relação a ele --o Conhecedor do Ser-- (tasmin). Até mesmo (api... api) aqueles (te) que (ye) foram previamente favorecidos e santificados pelo Conhecimento (purātana-sambodha-saṁskṛtāḥ) (apesar de) serem animais domésticos, aves, répteis, etc. (paśu-pakṣi-sarīsṛpa-ādayaḥ), se souberem (viduḥ) que seu estado (sva-gatim) é o do seu próprio Ser (tad-ātmatvena) (no momento da morte, então tais seres) atingem (yānti) esse (tām) Estado (gatim)||90-91||
Desta maneira (evam), com referência ao Conhecedor do Ser que foi explicado (em detalhes em estrofes anteriores) (pratipādite jñānini), o "antyaḥ kṣaṇaḥ" (antyaḥ kṣaṇaḥ) —isto é, o último (caramaḥ) momento (kālaḥ) conectado (sahabhāvī) à aniquilação (vināśa) do corpo físico (deha)— nutre (puṣyan) (ou) alimenta (sevamānaḥ) um estado (sthitim) virtuoso (puṇyām) ou (vā) pecaminoso (pāpa-mayīm) (tal) como é inferido (anumitām) pelos sujeitos (pramātṛbhiḥ) que estão próximos (samīpa-sthitaiḥ) (do Conhecedor do Ser que está morrendo. Eles deduzem dessa maneira porque esse ser santo está prestes a morrer, por exemplo,) por força de (vaśena) uma alteração (doṣa) em (seus) humores corporais (dhātu) ou (vā) porque está experimentando (anubhavāt) uma doença (vyādhi) maligna (duṣṭa). (Seu raciocínio sobre o último momento que nutre um estado virtuoso ou pecaminoso que conduzirá a pessoa falecida ao Céu, inferno ou outro nascimento humano) é certo (san) apenas (eva) no caso dos sujeitos (pramātṝṇām) enganados por Māyā (mūḍhānām) que erroneamente pensam (māninām) que (seus) corpos físicos (deha) são o Ser (ātma), (e, assim, o último momento) se torna (gacchati) "sahakārībhāva" (sahakārī-bhāvam) (ou) a causa (kāraṇatvam) (do curso que suas almas tomarão depois que seus corpos falecerem).
Que o miserável (último momento) (varākaḥ) se torne (gacchatu) (o que quiser se tornar)! Quando o ato de pensar (mānitve) que o corpo físico (deha) é o Ser (ātma) é derrubado (nirbhagna), então, nesse mesmo momento (etāvatā), o último momento (saḥ antyaḥ kṣaṇaḥ) não é (na... bhavet) "hetu" (hetuḥ) (ou) causa (kāraṇam) do curso do destino (após a morte) (gatau) —(isto é, não é a causa) da aquisição (prāptau) de outro (antara) corpo (deha) uma vez que o corpo (anterior tenha sido abandonado) (dehāt)— com referência ao Yogī (tasmin yogini) que é sempre (sadā) rápido (cature) em perceber (nibhālana) que ele mesmo (sva-ātma) é o Grande Senhor (mahā-īśvara).
"De onde (kutas) saiu (āgatam) isso (etad... iti)?". (Abhinavagupta,) o Mestre (nidarśayan), disse (āha): "Ye'pi (ye api iti)". Até mesmo (api... api) aqueles (te) que estão (santaḥ) iludidos por Māyā (mūḍhāḥ) (mas simultaneamente) favorecidos (anugṛhītāḥ) pelo entendimento (prabodha) (derivado) das tendências (vāsanā) relativas ao Conhecimento (jñāna) sobre seu próprio (sva) Ser (ātma), (para obtenção do qual) eles praticaram (abhyasta) previamente (prāk), (e que,) tendo nascido em um mau ventre (como punição por seus pecados) (pāpa-yonayaḥ) devido a algum conteúdo kármico (kenāpi āśaya-vaśena) ou (vā) maldição, etc. (śāpa-ādinā), tomaram (prāptāḥ) inclusive (api) a forma (rūpatām) de um animal (paśu)... se eles sabem (jānīyuḥ) que "svagatim" (sva-gatim) —ou seja, seu estado (ātma-sthitim)— é o do Ser (ātmatvena) no momento (avasare) da morte (maraṇa), (então) eles certamente alcançam (ca labhante) o Estado (sthitim) de seu próprio (sva) Ser (ātma).
Como (yathā) com relação à liberação (mokṣaṇa) de Gajendra (gaja-indra), etc. (ādau). (Essa emancipação foi) levada a cabo pelo (célebre) elefante (hastinā), que, embora fosse um animal (paśu-sva-bhāvena api satā), pôde despertar (prabuddhena) devido às impressões (saṁskāra) de devoção (bhakti) ao Senhor Supremo (parama-īśvara) acumuladas por meio de uma prática prévia (prāk-pariśīlita). Após alabar (stutvā) ao Senhor (bhagavantam) Viṣṇu (viṣṇum), ele pôde deixar completamente para trás (samyak... vihāya) (sua) envoltura (de ignorância) (kañcukam) (e) dar-se conta de (upalabdham) sua própria (sva) natureza essencial (sva-rūpam). Qual (kaḥ) foi (abhūt) a causa (hetuḥ) de (tal) lembrança (smaraṇe) nele (tatra)?
Este (ayam) (é) o sentido (bhāvaḥ): Pela força de (vaśāt) uma alteração (doṣa) dos humores corporais (dhātu) derivados do (uttha) corpo físico (śarīra), o Conhecedor do Ser (jñānī) chega a agir (ceṣṭaḥ) como um pedaço de madeira (kāṣṭha) (ou) uma pedra (pāṣāṇa). (Então,) ele abandona (tyajati) virtude --mérito-- (puṇyam) (e) pecado --demérito-- (pāpam) (se tiver uma forma humana,) ou (vā) (o corpo de) um símio (āla), de um gato (biḍāla), etc. (ādikam) (se tiver uma forma animal,) enquanto diz (pralapan) qualquer coisa que seja (yat kiñcid). Nesse momento (etāvatā), não há (na... syāt) destruição (vipralopaḥ) desse Conhecimento, etc. (jñāna-ādikam) que (yad) ele atingiu por meio de práticas espirituais (abhyastam) quando estava plenamente ativo --ou seja, quando estava vivo em um corpo humano-- (sva-stha-ceṣṭatayā). As qualidades (dharmāḥ) que residem (gatāḥ) no corpo físico (śarīra), etc. (ādi), recaem --isto é, existem-- (nipatanti) no corpo físico, etc. (śarīra-ādau) apenas (eva). No entanto (punar), (tais qualidades) são sempre incapazes (na... sadā... prabhavanti) de cobrir --isto é, de fazer desaparecer-- (sthagayitum) (essa) Realidade (vastu) que se tornou manifesta (bhāvitam) --isto é, o Conhecimento do próprio Ser--. Assim (iti), o Conhecimento espiritual (parama-arthaḥ) (passa por) crescimento e desenvolvimento (prarūḍhiḥ eva) em todos os lugares (sarvatra) até o momento da morte (ā-maraṇa-kṣaṇam).
Como (yathā) foi declarado (uktam) nos versos da Bhagavadgītā (gītāsu) (aqui:)
"Qualquer que seja (yam yam vā api) o estado (bhāvam) de que ele se lembre (smaran) no final (ante) quando abandonar (tyajati) o corpo físico (kalevaram), ele alcança esse (estado) (tam tam eva eti), oh filho de Kuntī (kaunteya), já que ele constantemente cultivou --isto é, pensou sobre, meditou sobre-- (sadā... bhāvitaḥ) esse (tad) estado (bhāva)".
Similarmente (tathā),
"Àqueles (teṣām) que estão constantemente unidos (a Mim) (satata-yuktānām) (e) que (Me) adoram (bhajatām) com (pūrvakam) amor (prīti), dou (dadāmi) o Yoga (yogam tam) do Intelecto (buddhi), por meio do qual (yena) eles (te) vêm (upayānti) a Mim (mām... iti)".
(Portanto,) ter um órgão (psíquico) interno (antaḥkaraṇatā) que esteja (devidamente) cultivado e purificado (bhāvita) (é) verdadeiramente (eva) a causa (hetuḥ) do presente (dāna) (conhecido como) o Estado (gati) Último (paryanta)||91||
Ainda sem notas explicativas
Informação adicional
Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.
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