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Spandakārikā-s (português - pura)
Um comentário contínuo sobre os Śivasūtra-s - Tradução pura
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Introdução
Olá, Gabriel Pradīpaka novamente. A descoberta dos Śivasūtra-s por Vasugupta marcou o início do sistema Trika (também conhecido como "Shaivismo não dual da Caxemira"), pelo menos no seu aspecto formal. Todo esse sistema filosófico é baseado nos Śivasūtra-s (um panorama geral da literatura do Trika). Depois que os Śivasūtra-s foram descobertos e difundidos por Vasugupta, ele sentiu que deveria escrever, de alguma forma, uma espécie de comentário contínuo sobre eles. Ele fez isso, e o seu comentário ficou conhecido como Spandakārikā-s (uma coleção de declarações concisas em verso --kārikā-s-- sobre a Vibração ou Pulsação Primordial --Spanda--). Spanda é sinônimo de Śakti (consciência do Eu). O Spanda é o Poder de Śiva, por meio do qual Ele tem consciência de Si Mesmo. Além disso, o Spanda permite que ele manifeste, mantenha e destrua o universo inteiro. O Spanda é uma Divina Pulsação, mas não em um sentido físico! É uma espécie de movimento no espaço da Consciência. Śiva é destituído de movimentos, mas, de alguma forma, há algo movendo-se Nele, e isso é o Spanda. Bem, é difícil explicar isso utilizando termos limitados, pois essa é uma Realidade Divina que está além de todas as palavras. Há quatro comentários sobre as Spandakārikā-s:
Vṛtti (de Kallaṭa --um discípulo de Vasugupta--)
Spandapradīpikā (de Bhaṭṭotpala)
Vivṛti (de Rāmakaṇṭha)
Spandanirṇaya (de Kṣemarāja)*
*Deve-se notar que há outro comentário de Kṣemarāja chamado "Spandasandoha", mas é só um comentário sobre o primeiro aforismo de Spandakārikā-s.
O Spandanirṇaya de Kṣemarāja foi escrito em prosa, e é considerado como o que tem maior autoridade entre os quatro. É certamente um comentário muito longo, cheio de termos eruditos e compostos "sesquipedálicos" (compostos longos e complicados), que o Kṣemarāja parece adorar. Por outro lado, a Vṛtti de Kallaṭa dá uma explicação simples dos kārikā-s. Por sua vez, Bhaṭṭotpala escreveu um comentário que é basicamente uma compilação de citações extraídas de outros livros. Entretanto, o comentário de Rāmakaṇṭha (isto é, a "Vivṛti") segue a mesma linha da Vṛtti de Kallaṭa. Como você pode ver, somente Kallaṭa e Kṣemarāja escreveram comentários originais.
Mostrarei aqui somente a tradução dos Spandakārikā-s. Se você quiser uma explicação detalhada dos kārikā-s ou aforismos, vá a "Escrituras (estudo)/Spandanirṇaya" na seção Trika.
Este é um documento de "tradução pura", ou seja, você não encontrará nenhum Sânscrito original, mas haverá, às vezes, uma quantidade mínima de Sânscrito transliterado nas próprias traduções do texto. É claro, não haverá nenhuma tradução palavra por palavra. De qualquer forma, haverá Sânscrito transliterado nas notas explicativas. Se você for uma pessoa cega utilizando um leitor de tela e não quiser ler as notas, ou simplesmente quiser pular as notas, clique no respectivo link "Pular as notas" para continuar lendo o texto.
Importante: Tudo o que está entre parênteses e em itálico dentro da tradução foi agregado por mim para completar o sentido de uma determinada frase ou oração. Por sua vez, tudo o que está dentro de um duplo hífen (-- ... --) constitui informação esclarecedora adicional também agregada por mim.
Obrigado a Paulo & Claudio que traduziram este documento do inglês/espanhol para o português brasileiro.
Seção I: Svarūpaspanda
(o Spanda como a própria natureza)
Louvamos esse Śaṅkara --um epíteto de Śiva--, que é a fonte ou causa do glorioso grupo de poderes, (e) por cuja abertura (e) fechamento dos (próprios) olhos (produz-se) a dissolução e o surgimento do mundo||1||
Por possuir uma natureza --rūpa-- não velada, não existe nenhuma obstrução em nenhum lugar para Aquele no qual todo este universo1 descansa e a partir do qual se manifestou||2||
1 Lit. "efeito", ou seja, o universo é o efeito, enquanto o Spanda é a causa.
Inclusive na variedade (de estados), (tais como) vigília, etc., a qual --isto é, "a variedade de estados"-- não está separada desse (Spanda), (o princípio do Spanda) continua fluindo. (O Spanda) não sai (jamais) da Sua própria natureza essencial como o Percebedor ou Experimentador --upalabdhṛ--||3||
"Eu (sou) feliz, eu (estou) angustiado, eu (estou) apegado", etc.. Essas cognições permanecem evidentemente em outro, no qual os estados de felicidade, etc., estão atravessados por um fio (como contas em um colar)||4||
Onde (não há) nem dor nem prazer, nem objeto nem sujeito, (onde) o estado de inconsciência nem sequer existe... isso é, no mais alto sentido, (o princípio do Spanda)||5||
Esse princípio (do Spanda) deve ser inspecionado com cuidado (e) respeito, pelo qual esse grupo de órgãos ou instrumentos --intelecto, ego, mente, poderes de percepção e poderes de ação--1, (ainda que) inconsciente, (procede) como (se fosse) consciente por si mesmo, (e,) junto com o grupo interno (de Karaṇeśvarī-s ou deusas dos sentidos), ingressa nos estados de "Pravṛtti" --isto é, ir em direção às coisas externas--, "Sthiti" --manter essas mesmas coisas externas por um tempo-- (e) "Saṁhṛti" --dissolver essas coisas no próprio Ser--, já que essa Sua natural Liberdade (existe) em todos os lugares||6-7||
1 Em outras palavras, 5 Jñānendriya-s (Poderes de percepção), 5 Karmendriya-s (Poderes de ação), mente, ego e intelecto.
Esse (indivíduo limitado) não dirige ou maneja o impulso do desejo. Mas, ainda assim, pondo-se em contato com a Força ou Poder do Ser, (essa) pessoa se torna igual a Isso||8||
Quando se dissolve por completo a agitação desse (indivíduo limitado), que está incapacitado pela sua própria impureza --aśuddhi-- (e) que deseja --abhilāṣī-- fazer ações --isto é, agir--, então o Supremo Estado ocorre||9||
Nesse caso, (aparece) a sua inata natureza caracterizada por conhecimento (e) atividade, pelo qual (essa pessoa) então conhece e faz tudo o que deseja||10||
Como (pode) esse vil caminho transmigratório (ser) daquele que pernanece assombrado (ou pasmado), por assim dizer, enquanto contempla essa natureza essencial (ou Spanda) como sendo a regente (do universo inteiro)?||11||
A inexistência não pode ser contemplada, e (também) não há nenhuma ausência de assombro nessa (condição), porque, ao entrar em contato com "abhiyoga" --ou seja, ao ouvir a declaração feita pela pessoa que acabou de emergir desse estado--1, é certo que isso --ou seja, a condição de assombro-- (realmente) existiu||12||
1 Ainda que a palavra "abhiyoga" signifique literalmente "aplicação", deve ser traduzida nesse caso como "a declaração feita por uma pessoa que acabou de emergir do Samādhi ou perfeita concentração". Isso não é uma invenção minha, pois o sábio Kṣemarāja deixa claro esse ponto em seu Spandanirṇaya (o mais autorizado comentário sobre as Spandakārikā-s).
Por essa razão, esse objeto cognoscível artificial1 (é) sempre como o estado de sono profundo. Entretanto, esse princípio (do Spanda) não é percebido ou captado desse modo, (ou seja), como um estado de lembrança||13||
1 Em suma, a "inexistência" mencionada na estrofe anterior.
Diz-se que (existem) dois estados nesse (princípio do Spanda), (a saber,) o estado de ação (e) o estado de fazedor. Dentre eles, o estado de ação é perecível, mas o estado de fazedor (é) imperecível||14||
Somente o esforço que (é) direcionado à ação desaparece nesse (estado de Samādhi)1. Quando esse (esforço) desaparece, (só) um tolo pensaria "Eu desapareci"||15||
1 O autor refere-se ao Samādhi do vazio.
Não há nunca cessação desse estado ou natureza interna que (é) a moradia do atributo de onisciência, por causa da não percepção de outro1||16||
1 Somente Śiva é o sujeito ou percebedor, e ninguém mais. Se houvesse outro sujeito observando a Sua cessação (isto é, desaparecimento), então essa pessoa também seria Śiva e, dessa forma, Ele não cessaria de existir, de forma alguma. E, se não houvesse ninguém percebendo a sua cessação, então, como essa cessação poderia ser confirmada? Śiva é para sempre o único sujeito, e nunca pode existir a Sua cessação ou desaparecimento.
Para o perfeitamente desperto, existe, sempre (e) constantemente, a percepção Disso --isto é, o Ser--, (e essa percepção do Ser) permanece (ao longo) dos três estados (de consciência). Entretanto, para o outro --ou seja, para aquele que não está plenamente desperto--, isso --ou seja, a percepção do Ser-- (existe) (somente) no início (e) no final (de cada estado)||17||
(O Ser,) que penetra em tudo, manifesta-se nos dois estados (de vigília e sono)acompanhado pelo (Seu) Supremo --parama-- Poder --śakti--, cuja natureza é conhecimento (e) objeto cognoscível. Entretanto, no outro (além) desses (dois)1, (Ele aparece unicamente) como Consciência||18||
1 Ou seja, no sono profundo.
As emanações do Spanda, que começam com as modalidades de "Prakṛti", (e) que obtêm a sua própria existência recorrendo ao Spanda genérico, nunca permanecem no caminho daquele que possui conhecimento (do Ser)||19||
No entanto, essas (mesmas emanações do Spanda), trabalhando diligentemente e incessantemente para cobrir ou velar o seu --isto é, das pessoas que têm intelectos não despertos-- (verdadeiro) estado ou natureza, faz com que as pessoas de intelecto não desperto caiam no terrível caminho ou via da Transmigração, do qual é difícil sair||20||
Por essa razão, aquele que (está) constantemente preparado para discernir o princípio do Spanda alcança o seu próprio estado ou natureza (essencial) rapidamente, (inclusive em) vigília||21||
O Spanda está firmemente estabelecido nesse estado ou condição que se manifesta (em uma pessoa quando ela está) excessivamente irritada, extremamente satisfeita ou contente, refletindo (sobre) "o que faço?", ou correndo (para salvar a sua vida)||22||
Tendo tomado esse (supremo) estado (de Spanda), (um grande Yogī) permanece firme na resolução "O que esse (Ser) me disser, isso eu farei, certamente"||23||
By taking refuge in that (supreme state of Spanda), both moon --i.e. apāna--1 (and) sun --i.e. prāṇa--2 (meet together) in the course or way of Suṣumnā, (and by rising up) through the upward path, (and) by (even) abandoning the sphere of the Brahmā's egg3, they both get (finally) dissolved --they come to an end--||24||
1 "Apāna" é a energia vital específica que entra no corpo por meio da inspiração.
2 "Prāṇa" é, nesse caso, a energia vital específica que sai do corpo por meio da expiração.
3 Brahmāṇḍa (ou "o ovo de Brahmā") geralmente simboliza o "macrocosmo", mas, nesse contexto em particular, deve ser entendido como "corpo e Brahmarandhra". Brahmarandhra é "o buraco de Brahmā", e está localizado no Sahasrāracakra, no cocuruto (parte superior da cabeça).
Então, lua --ou apāna-- (e) sol --ou prāṇa-- se reabsorvem nesse Grande Éter. (Para aquele que está parcialmente desperto, essa condição é) como o estado de sono profundo, (e, dessa forma, essa pessoa) permanece pasmada. (No entanto, um Yogī que) não esteja coberto (pela escuridão da ignorância) permanece desperto e iluminado (nessa mesma condição)||25||
Seção II: Sahajavidyodaya
(O surgimento do conhecimento natural)
Tomando posse dessa Força, os Mantra-s, cheios do poder onisciente, procedem a ocupar-se das suas (respectivas) funções (em direção aos seres encarnados), assim como os poderes de percepção e ação desses seres encarnados (também procedem a ocupar-se de suas próprias funções tomando posse dessa Força)||1||
(Os Mantra-s,) cuja denotação (como deidades específicas) cessou, (e) que estão desprovidos de todas as limitações de ofício, se reabsorvem nessa (Força ou Spanda) junto com a mente dos (seus) adoradores. Portanto, esses (Mantra-s) têm a natureza de Śiva||2||
Devido ao fato de que a alma individual é idêntica a tudo, pois todas as entidades brotam (dela, e,) como (a alma individual) tem o sentimento ou percepção de identidade (com essas entidades) devido ao conhecimento de todas elas1, consequentemente, não há nenhum estado que não seja Śiva, (seja) em palavra, objeto (ou) pensamento --cintā--. O próprio experimentador, sempre (e) em todos os lugares, permanece na forma do experimentado||3-4||
1 Em outras palavras, "porque a alma individual conhece todas elas".
Ou aquele que tem esse conhecimento ou compreensão (e) está constantemente unido (com o Ser Supremo) vê o mundo inteiro como um jogo (divino). Ele está libertado em vida, (sobre isso) não há nenhuma dúvida||5||
Somente isso (é) o surgimento desse objeto de meditação na mente do meditador. (Em suma,) para um sādhaka ou aspirante espiritual com vontade firme, há um dar-se conta da (sua) identidade (com esse dhyeya ou objeto de meditação)||6||
Somente isso (é) a obtenção do Néctar que leva à Imortalidade, somente isso (é) a percepção do Ser. E essa iniciação, que conduz ao Nirvāṇa ou Emancipação Final, concede o verdadeiro estado de Śiva||7||
Seção III: Vibhūtispanda
(Poderes sobrenaturais que se originam do Spanda)
Da mesma forma que Aquele que mantém (esse mundo), quando se pede a ele com desejo, produz (todas) as coisas que permanecem no coração dessa alma encarnada que está desperta depois de provocar o surgimento da lua (e) do sol, assim também, em sonhos, permanecendo no canal central, (Ele) certamente revela sempre (e) muito claramente as coisas desejadas àquele que não negligencia a sua súplica||1-2||
De outro modo, o Poder manifestador, segundo as suas características, é sempre livre (para agir) como no caso das pessoas comuns, durante ambos os estados de vigília (e) sono||3||
Sem dúvida, assim como uma coisa que é percebida (a princípio) de maneira confusa ou indistinta, mesmo que uma mente (extremamente) atenta (esteja envolvida no processo de percepção), aparece mais claramente depois, quando contemplada por meio do vigoroso exercício do próprio poder1, da mesma forma, tomando posse da Força (Cósmica), qualquer coisa que realmente exista em qualquer forma, em qualquer lugar, em qualquer condição, essa (mesma coisa) se manifesta imediatamente dessa maneira||4-5||
1 O autor refere-se ao Cakṣurindriya ou poder visual. Esse poder faz com que os olhos vejam, mas não é um órgão, e sim uma energia.
Inclusive uma pessoa fraca, tendo tomado esse (Spanda ou Força Cósmica), ocupa-se (de fazer) o que tem que fazer (e, como consequência, tem sucesso) por meio desse mesmo Princípio. Da mesma forma, aquele que está extremamente faminto oculta1 (o seu) desejo de comer||6||
1 No sentido de "supera".
Assim como (existe) onisciência, etc., em relação ao corpo quando (este) é governado ou presidido por esse (princípio do Spanda), assim (também), por meio do estabelecimento no próprio Ser (de uma pessoa), existirá dessa maneira em todos os lugares||7||
A depressão (é como) um saqueador no corpo. Desliza-se1 a partir ignorância. Se for destruída por meio desse Unmeṣa --ver o próximo aforismo--, como poderia existir essa (depressão) sem (a sua) causa?||8||
1 Literalmente, "deslizamento disso" ou "deu deslizamento", ou seja, o deslizamento de glāni ou depressão.
Deve-se certamente conhecer como Unmeṣa aquilo a partir de onde se produz o surgimento de outra(o) (consciência --segundo Kṣemarāja-- ou pensamento --segundo outros--) em uma (pessoa) que (já) está ocupada com um pensamento. (Uma pessoa) deveria perceber esse (Unmeṣa) por si mesma||9||
A partir desse (Unmeṣa), Vindu --luz divina--1, Nāda --som divino--, Rūpa --forma divina-- (e) Rasa --sabor divino-- logo aparecem diante de uma alma encarnada como um fator perturbador||10||
1 Também se pode escrever "Bindu".
Quando (um Yogī) que deseja ver, por assim dizer, a todos os objetos, permanece penetrando-os (todos), então, qual (é o sentido) de falar muito (sobre isso)? Ele perceberá ou experimentará (isso) por si mesmo!||11||
Contemplando tudo o que está dentro do alcance da própria percepção através do conhecimento, deve-se sempre permanecer desperto (e) pôr tudo em um lugar --isto é, no Spanda--. Consequentemente, ele não é pressionado ou afligido por outro||12||
Aquele que foi privado de sua glória por Kalā é utilizado ou desfrutado --isto é, vira presa de-- pelo grupo de poderes derivado da multidão de palavras. (Daí que) ele seja conhecido como paśu ou ser limitado||13||
O surgimento de ideias que (tem lugar) nesse (paśu ou ser limitado implica) a perda da seiva ou vigor do Supremo Néctar da Imortalidade. A partir desse (fato), (tal ser condicionado) se torna dependente. Esse (surgimento de ideias) tem a sua esfera de influência nos Tanmātra-s --as características sutis de todas as coisas--||14||
Os poderes1 (estão) constantemente prontos para ocultar ou velar a natureza essencial desse (ser limitado), porque não pode haver nenhum surgimento de ideias sem mistura de palavras||15||
1 Brāhmī, Yogīśvarī, Māheśvarī, etc. (ou seja, os poderes que regem os varga-s ou grupos de letras --por exemplo, Brāhmī rege o Kavarga ou grupo Ka, formado por "ka, kha, ga, gha e ṅa"; ver o alfabeto sânscrito--).
Esse mesmo Poder ou Śakti de Śiva, cuja natureza é atividade, permanece no paśu ou ser condicionado (e o) ata. (No entanto, quando Śakti) é conhecida ou entendida como permanecendo (no paśu mencionado anteriormente) na forma do caminho em direção ao próprio Ser, produz sucesso||16||
Completamente detido e bloqueado por Puryaṣṭaka1, que brota a partir dos (cinco) Tanmātra-s --isto é, elementos sutis-- (e) reside na mente, ego (e) intelecto, o subserviente (ser limitado ou paśu) experimenta o surgimento ou geração de ideias derivadas desse (Puryaṣṭaka), (junto com) o desfrute (do prazer e dor que provêm dessas mesmas ideias). Ele transmigra devido à continuação desse (Puryaṣṭaka). Por essa razão, (procedemos a) explicar a causa dessa dissolução da transmigração||17-18||
1 Lit. "cidade de oito", Puryaṣṭaka é um epíteto do corpo sutil (sūkṣmaśarīra ou liṅgaśarīra), pois é formado por "buddhi (intelecto), ahaṅkāra (ego), manas (mente) e os cinco Tanmātra-s ou elementos sutis". Isso fica claro na explicação subsequente do autor.
Mas, quando se enraiza em um lugar --isto é, no princípio do Spanda--, então, controlando o desaparecimento e surgimento desse (Puryaṣṭaka), (o "ex" ser limitado) se torna o (verdadeiro) desfrutador, (e,) consequentemente, (também) se torna o Senhor do grupo (de śakti-s ou poderes)||19||
Seção IV: Epílogo
(Duas estrofes que servem como conclusão)
Rendo homenagem a essa maravilhosa fala do Guru, que (está cheia de) múltiplas palavras --pada-- (com seus respectivos) significados, (e) que permite (a uma pessoa) cruzar sem perigo o insondável oceano da dúvida||1||
Além disso, (o ato) de ter obtido esse tesouro de conhecimento, que é difícil de alcançar, (junto com o ato de) finalmente preservá-lo na caverna do coração, é indubitavelmente sempre para o bem do mundo inteiro, assim como (foi para o bem de) Vasugupta||2||
Informação adicional
Este documento foi concebido por Gabriel Pradīpaka, um dos dois fundadores deste site, e guru espiritual versado em idioma Sânscrito e filosofia Trika.
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